Carlos Carvalhal teve um dia longo. Cheio. Desgastante. Aquele treinador que entrou apenas de camisa na sala de imprensa do Estádio Cidade de Coimbra quase preparando o banho que demoraria apenas um par de minutos (e que fez com que a sala ficasse uns instantes sem luz nem som) era o mesmo que, de manhã, estava preocupado com a operação do pai, uma intervenção que “não sendo muito delicada, era feita a alguém com uma certa idade”. E acabou por ser esse facto que norteou a última palestra do Sp. Braga antes da vitória na final da Taça de Portugal, onde ficou feita uma espécie de fronteira: as questões pessoais, com a família, isso sim são importantes; o futebol é apenas um prazer que se pode cumprir sendo que as finais servem sobretudo para desfrutar.
“Vou dizer que hoje tive um dia muito difícil. Comecei a palestra com os meus jogadores a dizer que estava todo borrado hoje de manhã, porque o meu pai foi hoje operado de manhã. Isto era a situação que mais me estava a incomodar hoje, foi operado por um amigo meu, que conheço desde bebé, o doutor André Costa, porque sou muito amigo do pai. Quando soube que tinha corrido tudo bem, foi uma alegria tremenda. Fui falar com os meus jogadores com uma disponibilidade tremenda. Disse que é um jogo de futebol, vamos ter de jogar com alegria, com foco e vamos ganhar. Os jogadores tiveram um futebol de grande nível. Fomos um justo vencedor desta Taça de Portugal. Eu sou de Braga. Vivi sempre perto do novo estádio. A minha família toda é bracarense, em minha casa a minha mulher, os meus filhos, estavam todos a sofrer em casa com a camisola. Os meus amigos de infância estão orgulhosos. Nada se vai comparar a isto”, começou por dizer nas entrevistas rápidas da TVI24.
“Melhor ano do Sp. Braga? O Sp. Braga fez coisas não muito comuns até na sua história. O Sp. Braga já foi a uma final da Liga da Europa, já ganhou Taças de Portugal duas vezes, em 1966 e 50 anos depois em 2016, e agora três. Mas creio que nunca fez na história uma época tão completa e presente em tudo. Estivemos presentes nas decisões mas para chegar à final da Taça da Liga eliminámos o Benfica; para chegar a final da Taça de Portugal eliminámos o FC Porto; na Liga Europa, fizemos uma grande competição. No campeonato fizemos dois terços absolutamente fantásticos, com um último terço em que baixámos um pouco, mas atingimos um mínimo que era chegar à Liga Europa. No conjunto de tudo, ou seja, uma época tão recheadas de momento, esta foi uma das melhores épocas da história do Sp. Braga, não tenho dúvidas nenhuma”, destacou, antes de comentar também o poderio do Benfica e os vários internacionais que tem no plantel apesar de não ter ganho qualquer título.
Quando o árbitro apitou para começar o jogo senti logo que hoje era o nosso dia, até porque estamos num ano centenário. É tudo para eles, para os nossos adeptos”, resumiu Carvalhal.
“É preciso ver coisas importantes. Primeiro, é preciso ter noção do nosso posicionamento. O Benfica é uma equipa mais poderosa que a nossa, tem um grande treinador, tem grandes jogadores, são jogadores que agora na paragem vão para as seleções brasileiras, argentinas, portuguesas, espanholas, etc e aqui há uma diferença grande que dentro do campo conseguimos atenuar essas diferenças. Mas ela é grande. Isto é uma realidade. Temos que saber gerir bem as expectativas e saber situá-las no panorama do futebol português”, referiu, projetando também a possibilidade de o Sp. Braga poder discutir mais uma vez o Campeonato ainda em falta.
“Lance da expulsão? Não vou falar, não vi o lance. Não o fiz durante toda a época. Joguei com dez na Luz, com dez no Dragão para chegar aqui e custou-nos muito também. No final não fiz qualquer tipo de comentário. O que se passou no final? Não gosto que o meu banco fale para o árbitro e para o banco adversário. Peço desculpa por aquilo que aconteceu porque sou responsável pelo banco. São situações que vamos tentar melhorar”, concluiu.