Mais um dos craques da seleção belga, próxima adversária de Portugal, Yannick Carrasco tem um pequeno detalhe que o liga ao nosso país, mesmo que possa não gostar particularmente dele: é filho de pai português. Já a mãe é espanhola, o que justifica “Ferreira-Carrasco”, apelido pelo qual o jogador ficou efetivamente conhecido.
Atualmente companheiro de João Félix na capital espanhola, terminou a sua quarta temporada no recentemente campeão Atl. Madrid, embora tenha, em 2018 e 2019, feito um interregno na sua vida em Espanha para jogar na China. Antes, de 2012 a 2015, mostrou predicados suficientes no Mónaco para os colchoneros o quererem contratar. Chegou ao principado ainda júnior, depois de se formar no Genk, da Bélgica.
Mas, voltando ao nome do jogador de 27 anos, Yannick deixou cair o “Ferreira” devido a algo que se passou quando ainda era uma criança pequena: o pai abandonou a família. Para o jogador, no entanto, e também pela idade, a situação não foi grave nos primeiros tempos. “Na realidade não foi muito difícil. Quando és criança, não notas que o teu pai não está. Mais tarde e maior, apercebes-te porque as pessoas perguntam ‘Onde está o teu pai?’ E tens de dizer ‘o meu pai não está’. Mas sem problema, porque a minha mãe fez bem o trabalho de mãe e de pai”, afirmou o jogador numa entrevista ao El Mundo em 2016.
Muito ligado à família, fez questão de comprar uma casa para eles assim que conseguiu. Era uma “obsessão”, disse.
E a mãe, em declarações reproduzidas pelo As, confirma a ligação de Carrasco a ela e outros familiares. “É muito próximo da mãe e dos avós. Quando foi para o Atlético a segunda vez, os meus pais mudaram-se da Bélgica para Madrid. Estão perto do Yannick e ele gosta muito. O meu pai Juan fez tudo o que era possível pela carreira dele, acompanhando-o nos treinos”, explicou Carmen.
Já sobre o evento que fez o craque querer de trocar de nome na camisola que enverga, é clara: “O Yannick não quer ter nada a ver com ele [o pai]. Não esperava. Apagar o apelido do pai é a maior alegria que senti”.
Do pai, assume Carmen, Carrasco herdou os “genes futebolísticos”, visto que o progenitor chegou a jogar futebol em divisões regionais, “mas nunca ao nível dos filhos”.
E prestes a jogar contra Portugal, Yannick Ferreira-Carrasco contou que a equipa nacional tentou uma “transferência a custo zero” quando era jovem. “A Federação Portuguesa de Futebol tentou recrutar-me quando eu era jovem mas sempre quis jogar pela Bélgica. Sou 100% belga, quero vencer todos os países e ganhar o Europeu. Não me sinto português”, clarificou. No entanto, refere que mantém algum “temperamento” português.
Sobre o encontro, que se realiza este domingo a partir das 20h, em Sevilha, o jogador, que tem família na cidade andaluz, diz que o jogo vai ser “especial por si e não por causa da vida privada”.
No Euro 2020, Carrasco foi titular nos primeiros jogos da Bélgica, tendo ficado no banco no último encontro do grupo, contra a Finlândia. Se vai jogar contra Portugal? Vai depender, ao que tudo indica, da forma em que estiver um rapaz chamado Eden Hazard.