A operação Cartão Vermelho é, afinal, muito mais do que um caso que envolve o presidente suspenso do Benfica, Luís Filipe Vieira, o filho Tiago Vieira, o amigo e sócio José António dos Santos e o empresário Bruno Macedo. As informações até agora conhecidas são apenas a ponta do iceberg. De acordo com a revista Sábado, trata-se de uma “megainvestigação [que] esteve sempre centrada no mundo do futebol”, que envolve vários empresários desportivos, o Futebol Clube do Porto, Armando Pereira, um dos donos da Altice, o CEO Alexandre Fonseca e que está focada em pagamentos de comissões e negócios imobiliários com indícios de fraude fiscal, falsificação e lavagem de dinheiro.

Bruno Macedo, um dos quatro detidos na semana passada, é uma das peças-chave para o arranque deste processo, nomeadamente a empresa que criou em 2009. Entre os anos 2016 e 2018 foram realizados negócios que avaliados em 18 milhões, dos quais mais de 3,2 milhões foram lucros e a maioria deles realizados com o FC Porto e com o Benfica.

Além de Bruno Macedo, há mais um empresário desportivo que é protagonista noutra das partes da operação: Pedro Pinho. Trata-se do filho do antigo presidente do Rio Ave, José Maria Pinho, que é casado com Sara Peneda, filha de Silva Peneda, ex-ministro de Cavaco Silva. O homem de confiança do presidente do FC Porto tem há vários anos negócios com Alexandre Pinto da Costa, filho do presidente do FC Porto que é um dos principais alvos da investigação do MP.

Dos empresários desportivos chegou-se aos presidentes de Benfica e FC Porto e aos administradores das SAD, sócios e empresários e a ligações que vão do futebol a grandes empresas. A revista Sábado fala em nomes como Fernando Gomes e Adelino Caldeira, administradores da SAD portista, além do já escrutinado José António dos Santos, mas também a Hêrnani Vaz Antunes e os gestores Armando Pereira e Alexandre Fonseca, ambos da Altice Portugal. Entre os casos investigados estão a venda de direitos televisivos e a venda de imobiliário, com ligações a Vaz Antunes, que também tem negócios com Silva Pinto. Bruno Macedo e Hernâni Vaz Antunes deram a cara para negociar com clubes e SAD por causa dos direitos de transmissão televisiva. A Altice assinou também contratos com o Boavista, Rio Ave, Guimarães, Farense e Aves.

Os negócios do futebol são centrais na investigação, nomeadamente as intermediações de jogadores que passaram por Benfica e Porto ao longo dos últimos anos, e onde estes dois empresários tiveram uma palavra a dizer. Mas a investigação vai mais longe e foca-se nas questões imobiliárias — em que Luís Filipe Vieira também está envolvido — e tem em conta, por exemplo, uma casa que a Altice vendeu a uma empresa que será, alegadamente, controlada por Hernani Vaz Antunes. Nesta investigação, segundo a Sábado, houve até uma quebra do sigilo bancário para se investigar o CEO da Altice Alexandre Fonseca.

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