A espera tem sido longa e há muitas séries que ainda não recuperaram os atrasos causados pelas pausas impostas pela Covid-19. “Ozark” ou “Peaky Blinders” estão em pós-produção e só têm regresso marcado para 2022. “Better Call Saul” e “This Is Us” a mesma coisa.

No entanto, até ao final do ano vão chegando a conta gotas outros projetos ausentes há demasiado tempo. “Tu” e “Succession” não tinham episódios desde 2019, o que significa que o melhor é ver uns resumos antes das estreias. Já ninguém se lembra do que ficou lá para trás.

“Anatomia de Grey” volta a abrir as portas do hospital de Seattle a meio de outubro e “Succession” tem uma espécie de guerra civil a decorrer entre os membros da família Roy — todos ambiciosos, mentirosos e pouco dados a lealdades.

“La Casa de Papel” chega ao fim após cinco anos e “O Sexo e a Cidade” regressa. Tem outro nome, “And Just Like That…”, mas é a continuação da história original de Carrie Bradshaw. Ela e as amigas só desembarcam em Portugal em dezembro mas, entretanto, há muita coisa para ver. O Observador fez a lista das séries que estão a chegar com novas temporadas.

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“Anatomia de Grey”, temporada 18

Fox Life, 13 de outubro

Todas as quartas-feiras, às 22h20, há consulta marcada no Grey Sloan Memorial Hospital. Esta é a 18.ª temporada daquele que é o drama médico com mais episódios de sempre — anteriormente o record pertencia a “Serviço de Urgência”, que esteve no ar 15 anos e teve 331 capítulos. Com a estreia desta temporada, “Anatomia de Grey” chega aos 384.

Nos EUA a série já recomeçou no dia 30 de setembro, portanto cuidado com os spoilers por essa Internet fora. Depois de uma temporada praticamente inteira dedicada à Covid-19, com a protagonista em modo vegetal a reencontrar os mortos Lexie Grey, George O’Malley e até Derek Shepherd via sonho, há personagens de saída, outras a mudarem de carreira e novos cirurgiões bebés para os mais antigos torturarem.

“Tu”, temporada 3

Netflix, 15 de outubro

Tem tanto de charmoso como de psicopata e, por esta altura, já sabemos do que Joe Goldberg (Penn Badgley) é capaz. Na segunda temporada troca Nova Iorque por Los Angeles, onde assume uma nova identidade e tenta fugir ao passado. Mas a violência, obsessão e comportamentos tóxicos continuam no seu ADN.

Tudo isso é transferido para a relação com Love Quinn (Victoria Pedretti) que consegue mais do que a pobre Guinevere Beck (Elizabeth Lail), assassinada em Nova Iorque. Love está na terceira temporada, é casada com Joe, com quem tem um filho, e esta família perfeita vive no também perfeito subúrbio de Madre Linda, na Califórnia. Perfeito, certo? Claro que não, era a brincar, estamos num thriller psicológico, não em “Chesapeake Shores”.

“Tu” continua a ser a história de um homem desequilibrado, manipulador e violento que fica obcecado com mulheres. No entanto, desta vez a personagem de Love também terá algo a dizer. Haverá dez episódios este ano.

“Succession”, temporada 3

HBO, 18 de outubro

Como é possível gostarmos tanto de pessoas que não são lá muito boas? Aqui é. Graças a personagens incrivelmente bem construídas e a interpretações ainda melhores.

Não há um único Roy que se aproveite no meio deste clã que detém um dos maiores grupos de comunicação social dos EUA. São arrogantes, gananciosos, traidores e egocêntricos. Logan Roy (Brian Cox) é o patriarca e provavelmente o pior deles todos. Se já todos os filhos (e uns quantos penetras) queriam o seu lugar, na terceira temporada será ainda pior.

É que, quando a série se despediu, em outubro de 2019, Kendall (Jeremy Strong) tinha acabado de começar uma guerra pública contra o pai. Os outros irmãos, Shiv (Sarah Snook) e Roman (Kieran Culkin), hão-de entretanto escolher um lado, embora isso aqui também queira dizer pouco. As lealdades mudam de cinco em cinco minutos.

“Fear the Walking Dead”, temporada 7

AMC, 25 de outubro

Os zombies desta saga parecem a Covid-19 na nossa vida: mesmo que pareçam controlados, estão lá sempre; manifestam-se com mais ou menos intensidade; fazem muitos estragos e não deixam ninguém dormir descansado.

O que é este spinoff de “The Walking Dead” tem tão diferente da história original para ir já para a sétima temporada? Absolutamente nada. São humanos a lutar contra zombies mas especialmente entre si. Há sempre alguém que quer mandar. Há sempre alguém que se revolta.

Na sétima temporada, o grupo de Morgan (Lennie Jones) está espalhado pelo Texas e tenta sobreviver. Isto vai dar para encher 17 episódios de “Faer the Walking Dead”. Para ver todas as segundas-feiras, às 23h20.

“Insecure”, temporada 5

HBO, 25 de outubro

É a despedida de Issa Dee (Issa Rae) e Molly Carter (Yvonne Orji). A quinta temporada será a última, por isso sobram poucos momentos de confissões e monólogos encorajadores que a protagonista tem com o espelho da própria casa de banho.

Lawrence (Jay Ellis) parece já não fazer parte da vida de Issa, Molly está solteira, Tiffany (Amanda Seales) dedica-se à maternidade e Condola (Christina Elmore) acaba de ter um bebé. A série, que também foi criada por Issa Rae, tem oito episódios para embrulhar o destino destas personagens que, entre comédia e romance, nos mostraram nos últimos cinco anos as dificuldades pelas quais passa uma mulher afro-americana. E também experiências estranhas — foram muitas.

“Love Life”, temporada 2

HBO, 28 de outubro

A história de Darby (Anna Kendrick), que passou por uma data de relações falhadas até encontrar a pessoa certa, ficou arrumada na primeira temporada. Agora há espaço para um novo protagonista e mais relações falhadas (fotos dos novos capítulos é que ainda não existem).

Marcus Watkins (William Jackson Harper) acaba de sair de uma relação longa e não sabe muito bem como ou onde procurar uma nova, até porque achava que já tinha encontrado o amor da vida dele. Não tinha, o homem tem de se fazer à vida e vai tentar de tudo, incluindo as aplicações de encontros.

É claro que não vai acertar à primeira e se calhar nem à décima. Se está à procura de uma série romântica lamechas, é ali mais para os lados de “Virgin River”. Em “Love Life” a visão do amor é menos romântica mas, também por isso, mais realista. A única coisa pouco credível é a velocidade com que se arranja um par novo. Ninguém é assim tão despachado.

“Narcos: Mexico”, temporada 3

Netflix, 5 de novembro

Ainda alguém se lembra da segunda temporada de “Narcos: Mexico”? Não, certo? Pensem na era pré-Covid, quando ainda pensávamos que a história do vírus ia acabar antes de cá chegar. É preciso recuar até fevereiro de 2020 e fazer um grande esforço de memória para saber em que ponto ficou a narrativa. Vamos dar uma ajuda: Miguel Ángel Félix Gallardo (Diego Luna) era um narcotraficante impiedoso, o mauzão. Walt Breslin (Scoot McNairy), o polícia bom que o apanhou. Fim.

Não é preciso saber muito mais para entrar na terceira temporada de “Narcos: Mexico”. O império de Félix já era. Estamos nos anos 90 e há cartéis a aparecerem como cogumelos, tal como os novos barões da droga. Todos querem mandar. El Chapo (Alejandro Edda) também por lá anda.

“A Grande”, temporada 2

HBO, 29 de novembro

Rússia, século XVIII. Catarina, a Grande (Elle Fanning) é casada com o imperador (Nicholas Hoult) e está dividida entre a própria felicidade e o que é certo para o futuro do seu país.

Agora grávida, ela quer governar sem violência. Já o marido, nem por isso. “A Grande” tem um sentido de humor apurado e interpretações sólidas. Apareceu em plena pandemia (maio de 2020) e foi uma lufada de ar fresco. Regressa com dez novos episódios.

“La Casa de Papel”, temporada 5 — parte 2

Netflix, 3 de dezembro

É provável que ainda não tenha unhas e que esteja a recuperar dos primeiros cinco episódios desta temporada, disponibilizados em setembro. O assalto que parece durar há 30 anos está a chegar ao fim e, por esta altura, não sabemos bem o que (ou quem) vai restar.

Os assaltantes no interior do Banco de Espanha não estão em vantagem e acabam de perder um dos seus membros mais valiosos (não haverá aqui spoiler, vamos todos fingir que não sabemos quem é). Do lado de fora, o Professor (Álvaro Morte) esfumou-se, como D. Sebastião numa manhã de nevoeiro, obra da inspetora Alicia Sierra (Najwa Nimri), que ainda não percebemos bem de que lado está.

O certo é que o final desta saga vai ser espalhafatoso e terá certamente mais baixas. A primeira parte teve direito a “Grândola, Vila Morena” mas os cinco últimos capítulos cheiram a “chegou a hora do adeus. Irmãos, vamos partir…”. Prepare o lenço branco para acenar e afine a voz.

“And Just Like That…”

HBO, dezembro

Ainda não há dia concreto anunciado para a estreia em Portugal mas sabe-se que será em dezembro. Agora, a pergunta que se impõe: será que queremos ver Carrie (Sarah Jessica Parker), Charlotte (Kristin Davis) e Miranda (Cynthia Nixon) a desfilarem modelitos por Nova Iorque e a lamentarem como é complicada a vida aos 50 anos? Nem por isso. Será que vamos ver? Obviamente.

A série “O Sexo e a Cidade” foi um sucesso mundial entre 1998 e 2004, o primeiro filme (em 2008) foi aceitável e o segundo, dois anos mais tarde, nunca devia ter saído do papel. De lá até esta nova temporada — apesar de ter outro nome, não deixa de ser uma continuação da série original — perdeu-se a “fabulous” Samantha Jones (Kim Cattrall), o que significa que se foi o sentido de humor desta história.

Elas já não são solteiras nem colecionam encontros amorosos falhados mas hilariantes. Não dá bem para perceber o que terá para oferecer esta nova narrativa. O certo é que vamos ficar agarrados outra vez “just like that”. Limpem o pó a esses copos, amigas. Há Cosmopolitans a sair.