O Museu da Terra de Miranda (MTM) vai ser alvo de uma intervenção prevista para o final do ano, num investimento que ronda os 800 mil euros, disse esta quarta-feira à agência Lusa a diretora da unidade museológica.
“A intervenção visa obras de ampliação, remodelação e atualização de espaços técnicos administrativos, e a criação de uma nova narrativa museológica, obras que estão orçadas em cerca de 800 mil euros”, concretizou a diretora do museu, Celina Pinto.
O MTM está instalado num edifício do século XVII, no centro da cidade de Miranda do Douro, no distrito de Bragança, que já apresentava fragilidades estruturais, a serem colmatadas com “esta intervenção de fundo”.
Segundo a responsável, a anunciada obra de beneficiação e ampliação do MTM vem marcar uma nova etapa da história deste museu, “considerando o desafio de mudança que agora se coloca”.
“Urgia atualizar este museu, atualizar o espaço e a narrativa dos discursos no sentido de acompanhar a atual evolução da museologia. Há muito que aguardávamos por esta obra, e irá acontecer num momento especial para esta instituição, mais propriamente quando no próximo ano celebramos os 40 anos da criação do museu”, vincou a responsável.
“Em primeiro lugar este projeto vem proporcionar condições dignas ao funcionamento desta instituição museológica que se quer capaz de cumprir a sua missão museológica de conservação, salvaguarda, interpretação e comunicação do património cultural”, concretizou Celina Pinto.
Por outro lado, e de acordo com a responsável, a intervenção vem possibilitar a criação de novos conteúdos museográficos, possibilitando a aproximação a uma nova museologia, mais contemporânea, mais sensitiva e mais interativa, “sentida” e partilhada num espaço de referência que ultrapassa a dimensão local, considerando que este museu é detentor de um potencial antropológico/etnográfico incondicionalmente único no contexto nacional.
“Pretendemos, através de um trabalho que tem vindo a ser desenvolvido nos últimos anos — e que se prende com registos e levantamentos, ampliação e reconstituições das coleções, reforço de equipa, constituição de parcerias e redes de trabalho —, poder agora alavancar o desenvolvimento de um trabalho mais estrutural e sistemático”, enfatizou.
Para a diretora da unidade museológica, este projeto de reabilitação física do MTM, além de ajudar a suprir as necessidades e fragilidades deste equipamento cultural, no que se refere à sua estrutura edificada, sublinha a importância, cada vez maior, que o património seja reabilitado numa perspetiva de promoção e coesão territorial, no sentido de combater e atenuar os desequilíbrios e assimetrias regionais.
“Em termos de discurso o MTM reflete uma dimensão geográfica, um sentido de territorialidade, pelo qual está subjacente a leitura do seu próprio território, da sua paisagem e da sua história, da sua língua, dos seus modos de viver e da sua cultura”, observou a responsável.
Para a direção e a tutela do MTM, as características desta tipologia de museu devem apresentar-se enquanto estrutura dinamizadora de ações culturais capazes de promover o desenvolvimento local.