A Europa precisa de um mercado de capital de risco mais profundo e que permita às empresas do continente correrem mais riscos, afirmou o vice-presidente do Banco Europeu de Investimento (BEI), Ricardo Mourinho Félix.
“O fundamental é desenvolver um ecossistema na Europa que permita ter um impulso que nunca teve ao nível do capital de risco e é esse o papel que o Fundo Europeu de Investimento (FEI) tem enquanto fundo do BEI, de criar um mercado de capital de risco profundo, um mercado de capital de risco que permita às empresas europeias correrem risco e muitas vezes falharem, mas muitas vezes terem também sucesso”, afirmou, em entrevista à Lusa durante a Web Summit, em Lisboa.
Mourinho Félix deu como exemplo de sucesso o programa Portugal Tech, uma parceria entre o Governo e o BEI e cuja segunda fase foi anunciada esta terça-feira, com um valor total de 100 milhões de euros.
O vice-presidente do BEI recordou que a primeira fase do fundo também começou com um investimento de 100 milhões, 50 milhões do FEI e 50 milhões do governo português, com um objetivo inicial de mobilizar do financiamento privado mais cerca 35 milhões de euros.
“Estamos hoje com uma afetação desses 100 milhões, de cerca de 86 milhões ou 87 milhões, e com uma mobilização que já vai em cerca 300 milhões, portanto o fundo é claramente um sucesso, mobilizou muito mais do que estava esperado, porque houve muito mais apetite do investimento privado para entrar com estes fundos e isso é algo que o BEI traz”, realçou.
Mourinho Félix acrescentou que a credibilidade e o rigor que o BEI põe na seleção dos parceiros e dos gestores de fundos permite trazer investimento privado, “que sabendo que há um investimento por parte do FEI identifica cada um daqueles operadores como operadores de qualidade e que vão entregar”.
Em relação às áreas essenciais que vão ser destino do investimento, o vice-presidente do BEI identificou que “as que hoje estão na linha da frente são áreas potenciais de investimento, como a Inteligência Artificial, o ‘machine learning‘, todas as tecnologias nas áreas da cibersegurança e da tecnologia da saúde, até nas áreas das fintech, são tecnologias que interessam mais do que a Portugal, mas à Europa como um todo”.
O ex-secretário de Estado Adjunto e das Finanças (2015-2020) sublinhou que o BEI apoiou cerca de metade dos unicórnios europeus.
“Os unicórnios portugueses estão, uma boa parte, a ser apoiados pelo Portugal Tech 1 ou foram-no numa certa fase da sua vida. Isto mostra que estão lá as oportunidades, é preciso a preparação. A sorte é quando a preparação encontra a oportunidade”, disse.