Há cinco anos, Cristina Ferreira admitiu que o inglês era o seu “calcanhar de Aquiles”. No livro “Sentir”, publicado em 2016, a atual diretora de entretenimento da TVI explicou que “uma coisa é estar de férias e pedir uma água, outra é estar em cima de um palco onde é preciso falar para uma plateia inteira“. Foi por isso, aliás, que começou a ter aulas de inglês.
Mas isso são águas passadas. A plateia que estava à espera da apresentadora esta quinta-feira no palco Content Makers da Web Summit ouviu mesmo Cristina Ferreira a cumprir a praxe de se falar em inglês naquele que é referido como o maior evento de empreendedores da Europa. Afinal, as aulas a que assistiu, transformadas num livro no fim de 2018, deram frutos.
A insegurança para falar em inglês foi admitida pela diretora de entretenimento da TVI em palco: “Eu não falo bem inglês e estou aqui. É difícil falar e explicar-me numa língua que não é a minha. É uma fragilidade, mas temos de ultrapassar os nossos medos”, aconselhou Cristina Ferreira perante uma plateia cheia, sobretudo de portugueses, que a recebeu com aplausos sonantes.
Na apresentação, Cristina, “orgulhosamente portuguesa”, revelou uma fotografia da empresária em criança, vestida de azul no dia do batizado, e uma bifana que a própria mostrou em palco. O retrato é, para ela, um exemplo de como a mãe a inspirou desde pequena a “esquecer as regras”, “ser diferente e fora da norma”: “Continuei a ser fora da norma e, por isso, às vezes tornam-me num meme na internet”, contou.
Cristina Ferreira partilhou também que ignora os comentários sobre o modo como fala: sabe que há quem a ache “barulhenta”, com uma “voz horrível” e que grita “como uma peixeira”. Mas nunca pensou em mudar a forma como se expressa: “Não têm de mudar nada. Mais importante do que a voz é o que se diz”, aconselhou a apresentadora, defendendo que “os outros são os outros” e que a opinião de quem a critica em ataques de bullying online “não acrescenta nada”.
E isso inclui as opiniões de quem a aconselhou a moderar a forma como se expressa, e a vestir-se de modo mais convencional, quando se tornou acionista da Media Capital. Cristina Ferreira revelou que, nas primeiras reuniões com a administração, vestiu roupas mais clássicas e adotou uma “postura mais moderada”, mas que logo voltou à maquilhagem e às cores vibrantes: “Se sou mulher, não tenho de ser homem para ser bem sucedida. Se sou uma diretora, não tenho de ser um diretor”.
Quanto à bifana, a apresentadora explica que é um dos seus pratos favoritos e uma lembrança de que nada do que conquistou ao longo da carreira profissional está garantido. Repetindo uma mensagem que tem como filosofia de vida, Cristina Ferreira diz ter planos para o caso de a carreira profissional na televisão desabar: “Não faz mal, vou vender bifanas. E vou ser a melhor vendedora de bifanas no país”.