Sérgio Conceição não entrou na ficha de jogo para o encontro desta quarta-feira, para a Taça da Liga, frente ao Rio Ave, no Estádio do Dragão, depois de ter sido castigado com 15 dias de suspensão e uma multa de 7650 euros, devido a críticas à arbitragem após o jogo Belenenses SAD-FC Porto, no início do ano. Os dragões recorreram para o Conselho de Disciplina da FPF mas o recurso foi considerado improcedente, pelo que se manteve o castigo. Segundo o Record, o FC Porto apresentou ainda esta quarta-feira o recurso no Tribunal Arbitral do Desporto (TAD), com o pedido de providência cautelar, que suspenderia o castigo, mas o facto de esta não ter sido declarada faz com o que o técnico não pudesse sentar-se no banco no jogo desta noite, frente ao Rio Ave, para a última jornada do Grupo C da Taça da Liga. Foi o treinador adjunto Vítor Bruno a orientar a equipa.

Mas foi ainda Sérgio Conceição a fazer a antevisão ao encontro da noite e, depois de falar sobre o sorteio da Liga Europa, no qual calhou em sorte a também “sua” Lazio, e o treinador dos dragões, já sem possibilidades de seguir em frente na Taça da Liga (a primeira vez desde que treina os portistas), admitiu que o foco era outro, mesmo, claro, garantindo que a equipa ia a jogo de forma séria:” Estou muito focado no jogo de Vizela [próximo da I Liga], sem dúvida, mas, ao representar o FC Porto em jogo oficial, temos de ser sérios, fazer tudo e preparar-nos da melhor forma para ganhar ao Rio Ave. Peço desculpa, mas estou a desvirtuar o discurso dos treinadores. Neste caso, estou a pensar em dois jogos, o de amanhã (quarta-feira) e, principalmente, o de Vizela”.

Conceição referiu ainda que ia fazer “gestão dos jogadores com mais fadiga”, pelo que, como se confirmou, daria lugar a jogadores menos utilizados (e jovens), até por um motivo: com Pepe, 38 anos, a ter vários problemas físicos, e a longa lesão de Marcano, 34, Fábio Cardoso e Mbemba têm ido a jogo sozinhos. Algo que o treinador dos dragões considera “curto” e uma “preocupação”, admitindo que gosta de trabalhar com cinco centrais, “pois há sempre castigos e lesões”. “Estamos um bocadinho curtos. O Fábio (Cardoso) tem dado boa resposta e temos trabalhado com outros no sentido de prevenir alguma coisa que possa acontecer. É algo que me preocupa, sem dúvida nenhuma”, admitiu. Como tal, os jovens Zé Pedro e João Marcelo, que costumam ser os centrais da equipa B, foram a jogo. Miúdos na montra, nesta noite de quarta-feira com pouca gente no Dragão. Destaque ainda para a estreia do guarda-redes Cláudio Ramos, que aos 30 anos, e ano e meio depois de chegar aos dragões, vindo do Tondela, jogava finalmente pela equipa principal. Até esta noite, tinha apenas quatro jogos na equipa B.

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Do lado do Rio Ave, que procura deixar a II Liga já esta época, depois de ter descido na anterior, Luís Freire, assumiu que, mesmo com a sua equipa a poder passar, a equipa não ia “ser ingénua nem estar com falsas expetativas, porque a passagem é praticamente impossível”. Os vilacondenses podiam passar à final four se vencessem por 3-0 ou por dois de diferença a partir do 4-2. “Queremos disputar o jogo, ter o espírito e o caráter certos, e temos de aproveitar ao máximo. Temos vários jogos num curto espaço de tempo, não estamos habituados a esse tipo de calendário. Temos as nossas baterias apontadas a cada jogo. Primeiro o do Porto, depois o campeonato, mas a prioridade é o campeonato [Casa Pia]. Vamos jogar sem obrigação de vencer, mas vamos tentar”, disse o treinador que mudou dez jogadores relativamente ao onze habitual, mantendo apenas Zé Manuel (já teve contrato com os dragões) e apresentando o experiente Ukra (que já jogou no FC Porto) a capitão.

Surpresas no início do jogo? Poucas. Um jogo morno, com duas equipas a pensar efetivamente no próximo jogo, mas sem deixar de disputar o que se disputava. Muita seriedade de ambos os lados, com o FC Porto a ter obviamente mais golo, salvo um período em que o Rio Ave conseguiu sair da pressão azul e branca, fazendo girar a bola com qualidade, mas quase sempre com dois problemas: Pedro Mendes muito sozinho; Ukra já sem a explosão de outras alturas. Sérgio Oliveira (10′) e Nanu (30′) estiveram perto de inaugurar o marcador para os dragões, mas a melhor oportunidade foi de Corona, que acertou no poste na recarga de um remate que o guarda-redes Leo Vieira defendeu. Demonstrava segurança o guardião do Rio Ave, que já aos 23′ tinha feito uma boa defesa, mas com Corona em fora de jogo.

Ao intervalo o FC Porto podia estar a vencer, mas não estava, tendo então a palavra o descanso, perante uma plateia de cerca de 4400 pessoas, um número baixo, mas não surpreendente para o contexto, até pelas condicionantes Covid-19.

E esse intervalo fez bem aos dragões, que entraram muito mais incisivos, criando desde logo lances de perigo, com Toni Martínez, aos 50′, a obrigar Leo Vieira a mais uma boa defesa. Só com Pepê (recuperado da Covid-19) a ser o único membro do plantel principal a estar no banco, Conceição lançou para campo mais dois jovens, um deles Namaso Loader e Gonçalo Borges em estreia absoluta.

Destaque ainda para a entrada de Bernardo Folha, filho do antigo jogador António Folha, treinador da equipa B, que foi inclusivamente submetido a uma intervenção cirúrgica esta quarta-feira. “António Folha, treinador da equipa B do FC Porto, foi sujeito a uma intervenção cirúrgica para debelar um problema de saúde detetado recentemente. A intervenção correu bem, pelo que o técnico e antigo jogador portista já se encontra em recuperação”, lia-se na nota dos portistas.

Sem que nada o fizesse prever, Cláudio Ramos ainda fez uma defesa de alta qualidade, negando o que seria por certo o golo do Rio Ave e de Zé Manuel. A bola seguiu para o outro lado do campo e foi Pepê a fazer o 1-0, encostando após cruzamento de Gonçalo Borges. Marcou o brasileiro que ultrapassou a Covid-19 recentemente? Sim, mas o lance vai ficar marcado pela atenção do guarda-redes em estreia.

Chegou o final do jogo tal e qual como começou, menos no resultado: jovens em campo e duas equipas com o pensamento noutro lado.