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Mercado da cibersegurança vale 200 mil milhões de euros, diz Sonae IM, que aposta "mais de um terço" dos seus investimentos na área

Este artigo tem mais de 2 anos

A cibersegurança é um negócio de milhares de milhões de euros. Em dezembro, a Sonae IM contava ao Observador como este é o foco principal dos seus investimentos e como tem expandido para esta área.

Computador, tecnologia, informática
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O mercado da cibersegurança tem feito surgir cada vez mais startups

Getty Images/iStockphoto

O mercado da cibersegurança tem feito surgir cada vez mais startups

Getty Images/iStockphoto

O mercado da cibersegurança a nível mundial terá andado “à volta dos 200 mil milhões de euros” em 2021, o que contrapõe com um impacto estimado do cibercrime, no mesmo ano, de “três biliões” de euros. Quem o diz é Carlos Alberto Silva, diretor da Sonae IM, o “braço” de investimento em startups de tecnologia do grupo Sonae. Solução? Investir nesta área, mas do lado de quem quer prevenir ataques, e não fazê-los.

Todos os dias surgem novos ataques. O ritmo de digitalização e atualização tecnológica é brutal. Todos os dias estão a adaptar-se data centers“, diz a Sonae IM.

Numa conversa com o Observador em dezembro de 2021, antes do ataque ao grupo Impresa no início do ano, o responsável da Sonae IM aponta “a cibersegurança” como uma das principais áreas de aposta da empresa em 2022. “Hoje, um breach [ataque bem-sucedido a um sistema informático] pode significar comprometer dados, infraestruturas e, no limite, pode-se colapsar uma fábrica e, inclusivamente, atacar pessoas”, refere Carlos Alberto Silva.

Carlos Alberto Silva é diretor na Sonae IM

De todos os investimentos que esta empresa faz em áreas como tecnologia de retalho e infraestruturas digitais, “mais de um terço” é aplicado no setor de cibersegurança, revela. Ou seja, além de investir em startups como a Sensei, uma empresa que utiliza um serviço de pagamento automático por reconhecimento de imagem, ou, indiretamente (através de outro fundo de investimento), na Feedzai, o único unicórnio (empresa avaliada em mais de mil milhões de dólares) com sede em Portugal, a Sonae IM também aposta em negócios só focados na cibersegurança — caso da Artic Wolf, da S21Sec e da Probebly.

As dúvidas do ataque de hackers que obrigou a Impresa a recuar no tempo. O que pode ter sido comprometido?

[Em 2013], estávamos a imaginar que seria um setor muito relevante com tudo o que se adivinhava que vinha aí de digitalização”, diz a Sonae IM.

Este investimento em empresas que fazem do combate ao cibercrime um negócio tem sido feito desde 2013, mesmo antes da criação da Sonae IM, explica o mesmo responsável. E, neste mercado, há produtos tão variados que vão desde a simples proteção de ambientes digitais até startups especializadas em simulacros de ataque a outras empresas para se encontrar vulnerabilidades.

Pegasus. O vírus israelita que invadiu os telemóveis de jornalistas e ativistas de todo o mundo e que até o filho de Bolsonaro quis comprar

Em dezembro de 2021 — um ano que ficou marcado pelo surgimento de vírus como o Pegasus em todo o mundo e pela atuação da Comissão Nacional de Proteção de Dados (CNPD) que pôs a cibersegurança na agenda nacional ao dizer que os Censos, devido ao contrato que o Instituto Nacional de Estatística (INE) tinha com a empresa norte-americana Cloudflare, podiam comprometer dados pessoais –, Carlos Alberto Silva admite: “Mal nós antecipávamos tudo isto que aconteceu”.

Apesar de ser um mercado já avaliado em centenas de milhares de milhões de euros (“200 mil milhões”), a expectativa é que continue a crescer. “Existem hoje milhares de startups de cibersegurança em todo o mundo e há dezenas de espaços no ecossistema”, refere Carlos Alberto Silva. “É uma área de aposta” porque, prevê a Sonae IM, “está a crescer a um ritmo acelerado. “Estima-se que, em cinco anos, cresça para os 400 mil milhões”, menciona o mesmo responsável.

Estamos a falar de empresas super disputadas na comunidade de investidores”, diz a Sonae IM.

Atualmente, a Sonae IM aposta principalmente em empresas que atuem nos EUA, Europa e Israel, país que, “sozinho, tem mais investimento do que os europeus juntos” em startups de cibersegurança. “Começamos por selecionar os espaços que nos parecem mais promissores, identificamos as empresas mais promissoras nesse espaço, tentamos estabelecer relações dando a conhecer como podemos colaborar conjuntamente para nos posicionarmos da melhor forma quando surge a oportunidade de investimento”, explica o diretor da empresa.

A Sonae IM foi fundada em 2015 e, desde então, já fez 39 investimentos. Ao todo, a empresa do grupo Sonae tem 37 sociedades no seu portefólio através de participações diretas e indiretas. Nesta lista, além das startups já mencionadas, estão também empresas como a Replai, a SafeBreach, a Sway e a Advert/io. Como refere Carlos Alberto Silva, apesar de, “naturalmente”, existir um foco em empresas portuguesas, devido ao tamanho no mercado nacional a Sonae IM investe em negócios “noutros países” europeus — caso, por exemplo, de Espanha, com a participação que tem da S21sec.

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