Trabalhadores do Santander Totta concentraram-se esta sexta-feira em frente ao Palácio de Belém, em Lisboa, iniciando uma vigília de protesto contra o despedimento coletivo de cerca de 50 funcionários deste banco.
A vigília, promovida pelo MAAD – Movimento de Ação Anti-Despedimento, teve início às 16h30, hora a partir da qual o despedimento coletivo se efetivou, prolongando-se até às 12h00 de sábado, e pretende chamar a atenção do poder político para este processo.
“Estamos aqui por causa de um despedimento coletivo que é injusto para todos nós” disse à Lusa Pedro Encarnação, do MAAD, sublinhando os quatro mil milhões de euros que o Banco Santander Totta gerou nos últimos 10 anos.
Queremos uma intervenção do poder político para que bancos dessa dimensão tenham de reverter esta situação”, referiu, por seu lado, João Pascoal que esta tarde integrou uma delegação do MAAD que foi recebida por assessores do Presidente da República.
João Pascoal disse ainda que as informações recolhidas pelo MAAD indicam que a maioria dos trabalhadores despedidos pretende impugnar o despedimento coletivo, intenção que foi confirmada à Lusa por alguns dos trabalhadores esta sexta-feira presentes na vigília.
Trabalhadores dão ‘prendas’ ao Santander em protesto contra despedimento coletivo
Numa audição no parlamento, em julho, a Comissão Nacional de Trabalhadores do Santander Totta revelou que entre o final de 2020 e julho de 2021, saíram do banco 493 trabalhadores a que se somam 220 que, nessa altura, já tinham assinaram as respetivas rescisões.
A este universo, acrescem 685 trabalhadores abrangidos pelo novo plano de redução de efetivos, entre os quais um universo de cerca de 140 foi identificado como sendo objeto de despedimento coletivo.
Ao longo das últimas semanas, cerca de 90 saíram do despedimento coletivo por terem, entretanto, decidido aceitar sair através de uma rescisão por mútuo acordo ou através de suspensão de contrato para posterior passagem à pre-reforma.
Em declarações à Lusa, o diretor de Comunicação do Banco Santander Totta, João Paulo Velez, referiu que o banco sempre disse que “o despedimento coletivo era a última das soluções”, assinalando que “das centenas de pessoas que este ano saíram do banco” apenas “com 3,5% não foi possível chegar a acordo”, numa alusão às cerca de cinco centenas para quem o despedimento coletivo hoje se efetivou.
Num manifesto distribuído pelo MAAD, além da questão dos despedimentos, o movimento refere uma recente utilização da base militar de Beja pelo Santander Totta para a realização de uma reunião interna de quadros, contestando que o banco seja beneficiado pelo Estado apesar do despedimento coletivo.
João Paulo Velez adiantou que a referida reunião foi feita ao abrigo das contrapartidas acordadas entre o banco e a Força Aérea, na sequência de o Santander ter sido convidado e ter aceitado apoiar o festival aéreo “Tiger Meet” – cuja realização foi adiada devido à pandemia.
O ano de 2021 ficou marcado por processos de redução de milhares de trabalhadores encetados pelos principais bancos portugueses, com os sindicatos a apontarem os do BCP e do Santander como os processos mais ‘agressivos’.
No BCP, o despedimento coletivo visou 62 trabalhadores, segundo uma mensagem do presidente executivo aos funcionários do banco em meados de setembro, a que a Lusa teve acesso.
Quanto a outras saídas, o banco chegou a acordo com cerca 700 trabalhadores para saírem por rescisão por mútuo acordo, reforma antecipada e pré-reforma.