O Fórum para a Competitividade estima que, a manterem-se as atuais políticas, Portugal regressará à trajetória pré-pandemia apenas em 2028, projetando que em 2024 a zona euro atingirá praticamente o nível em que estaria sem crise sanitária.

Na nota de conjuntura divulgada esta terça-feira, o Fórum para a Competitividade projeta que em 2024 a zona euro irá atingir “praticamente o nível” em que estaria “se não tivesse havido esta emergência sanitária [coronavírus]“, ficando a 0,3% abaixo daquele valor.

Com base em dados do Fundo Monetário Internacional (FMI), o economista Pedro Braz Teixeira extrapola que nesse ano “Portugal ainda estaria muito distante da recuperação total (2%)”.

Partindo da ideia de um crescimento de médio prazo de 1,5% em outubro de 2019 e de 2% em outubro de 2021, o Fórum para a Competitividade assinala que “só em 2028” é que Portugal regressaria à trajetória em que se encontrava antes da pandemia.

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“Entretanto, em 2024 conseguiríamos chegar à trajetória mais modesta da zona euro“, acrescenta.

Destaca ainda o resultado das eleições legislativas de domingo, nas quais o PS alcançou a maioria absoluta, para sublinhar que este cenário “deverá libertá-lo da influência dos partidos mais à esquerda”, defendendo que deveria ser aproveitado “para realizar as reformas a que aqueles se opuseram nos últimos seis anos”.

“O programa eleitoral do PS tinha assumido – finalmente – o desígnio da convergência com a UE [União Europeia] e, para que isso se possa concretizar, será necessário introduzir alterações importantes, na fiscalidade, na formação profissional, no mercado de trabalho, na burocracia e na justiça, entre outras áreas”, pode ler-se na nota.

Pedro Braz Teixeira defende ser “imperioso” que o próximo Governo “consiga um apoio parlamentar alargado sempre que estiverem em causa alterações estruturais que permitam sair da estagnação das últimas duas décadas”.

O Fórum para a Competitividade assinala ainda que Portugal fechou 2021 com o PIB 1,5% abaixo do nível pré-pandemia, destacando que o PIB desacelerou de 2,9% para 1,6% no último trimestre de 2021 e terá crescido 4,9% na totalidade do ano.

A justificar a desaceleração trimestral está, recorda, a diminuição do contributo positivo da procura externa líquida, salientando também “a perda significativa nos termos de troca, mais intensa que nos dois trimestres anteriores precedentes, devido à subida do preço das importações de bens energéticos e matérias-primas”.