Milhares de pessoas voltaram este domingo a manifestar-se nas ruas da capital da Tunísia contra o que classificam de “golpe de Estado suave” protagonizado pelo presidente Kais Saied, acusado de “monopolizar o poder”.
Os manifestantes, incluindo apoiantes do movimento islâmico Ennahda, marcharam perto do Parlamento no centro de Tunes, segundo testemunhas citadas pela agência de notícias alemã DPA.
As forças de segurança isolaram os acessos e a Praça do Bardo para impedir a concentração de manifestantes, que gritavam palavras de ordem contra as medidas tomadas por Saied, desde o verão de 2021, acusando-o de “monopolizar o poder”.
“O povo quer derrubar o golpe” e “O povo quer depor o presidente” foram algumas das palavras de ordem entoadas durante a manifestação no dia em que se comemoram os 66 anos da independência da Tunísia.
A manifestação deste domingo é a mais recente de uma série de protestos contra o presidente do país, Kais Saied.
Em julho de 2021, Saied suspendeu o parlamento eleito e demitiu o Governo, antes de ter alargado ainda mais os seus poderes legislativo e executivo e ter suspendido a aplicação de partes da Constituição.
Em fevereiro último, dissolveu o Conselho Superior de Magistratura (CSM), uma instância independente criada em 2016 para designar os juízes, que acusou de “parcialidade” e de permanecer sob a influência do partido islamita-conservador Ennahdha, o seu principal inimigo político.
A Tunísia, há muito vista como a única história de sucesso democrático das revoltas árabes de 2010-2011, está em crise desde então.
Saied, ex-professor de direito que assumiu o cargo em 2019, defendeu suas decisões de acordo com a Constituição e prometeu salvaguardar as liberdades e direitos dos tunisinos.