A população civil é a mais afetada pelo uso de armamento explosivo, sobretudo em zonas urbanas, onde representou 90% de todos os mortos e feridos, revela o relatório anual da organização não-governamental britânica Action on Armed Violence (AOAV).

Em 2021, a AOAV registou 19.473 mortos e feridos resultantes do uso de armamento explosivo em todo o mundo, 57% (11.102) dos quais foram civis.

De acordo com os dados recolhidos, o impacto na população civil é ainda maior em áreas urbanas, onde 89% de todas as baixas por armas explosivas eram civis.

Estas conclusões refletem um padrão persistente de danos que a AOAV acompanha há mais de uma década. Em média, nos últimos 11 anos, quando armas explosivas foram usadas em áreas povoadas, nove em cada dez mortos ou feridos eram civis”, concluem os autores do estudo.

Em 2021, 93% de todas as vítimas civis por armas explosivas ocorreram em áreas urbanas.

Pelo segundo ano consecutivo, o Afeganistão foi o país com mais mortes civis de armas explosivas, embora tenha registado uma queda de 12% face ao ano anterior.

A descida ocorreu apesar de níveis elevados de baixas civis entre maio e agosto, durante a ofensiva dos talibãs, que ganharam rapidamente o controlo do país aproveitando a retirada das forças internacionais lideradas pelos Estados Unidos.

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Na Síria, as mortes e ferimentos de civis por violência com armas explosivas também diminuíram 33% entre 2020 e 2021.

O enclave palestiniano de Gaza foi o território com o terceiro maior número de baixas civis por armas explosivas em 2021 em todo o mundo, resultado dos intensos bombardeamentos da Faixa de Gaza pelas forças israelitas em maio do ano passado.

O Iémen continua entre os cinco países mais afetados, o que acontece há sete anos consecutivos, desde 2015.

A Etiópia foi o país com o maior aumento registado, de 34 mortes e feridos em 2020 para 311 em 2021, um aumento de 815%.

Segundo o relatório da AOAV, 57% das baixas civis foram causadas por armas explosivas fabricadas, enquanto dispositivos explosivos improvisados (IEDs) foram responsáveis por 43% das vítimas civis, a menor percentagem de civis feridos por IEDs desde 2010.

Os piores incidentes de 2021 com armas explosivas, em termos de baixas civis, foram o atentado suicida reivindicado pelo grupo terrorista Estado Islâmico fora do aeroporto internacional de Cabul (334 mortes), seguido por um ataque com um carro armadilhado numa escola para meninas em Cabul (330) e um ataque aéreo em um mercado em Tigray, Etiópia (244).

Segundo o relatório, foram registados incidentes em 57 países e territórios em todo o mundo, mais nove do que em 2020.