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Rúben tinha vontade de rir, Sérgio mostrou que quem ri por último ri sempre melhor (a crónica do FC Porto-Sporting)

Este artigo tem mais de 2 anos

Na antevisão, Amorim tinha confessado uma certa vontade de rir. No jogo, Conceição mostrou que quem ri por último ri sempre melhor. FC Porto venceu Sporting no Dragão e está na final da Taça (1-0).

Pepê foi titular na direita da defesa dos dragões, com João Mário a ficar no banco
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Pepê foi titular na direita da defesa dos dragões, com João Mário a ficar no banco

EPA

Pepê foi titular na direita da defesa dos dragões, com João Mário a ficar no banco

EPA

No início de fevereiro, na antecâmara de uma visita do Sporting ao FC Porto que tinha impacto direto nas contas do título, Rúben Amorim e Sérgio Conceição foram muito elogiados pelas respetivas conferências de imprensa. Riram, sorriram, demonstraram boa disposição e falaram longamente sobre canções de embalar — ou seja, foram o que de melhor existe no futebol português. Mas dentro de campo, depois do apito final, jogadores, técnicos e dirigentes mostraram o que de pior existe no futebol português. Talvez por isso, desta feita, Amorim e Conceição tenham decidido inverter a lógica.

Na antecâmara de uma nova visita do Sporting ao FC Porto, agora para a segunda mão das meias-finais da Taça de Portugal, Sérgio Conceição queixou-se do timing do castigo a Pepe (que entretanto ainda existia) e Rúben Amorim fez o que raramente faz — entrou em confronto direto e lançou o mote para o quarto Clássico da época entre as duas equipas. “Em relação aos castigos, tal como também não falei da outra vez, não vou estar a fazer comentários agora porque não vale a pena. Até porque há coisas que me dão vontade de rir, como algumas pessoas que dizem que ‘não vale tudo para ganhar’. Certas pessoas a dizer isso… Mais vale não ter qualquer tipo de comentário”, disse o treinador leonino na conferência de imprensa, referindo-se às declarações do técnico dos dragões.

Ficha de jogo

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FC Porto-Sporting, 1-0 (3-1 no conjunto das duas mãos)

Meia-final da Taça de Portugal

Estádio do Dragão, no Porto

Árbitro: Nuno Almeida (AF Algarve)

FC Porto: Marchesín, Pepê, Pepe, Mbemba, Zaidu, Grujic, Vitinha, Otávio, Fábio Vieira (Stephen Eustáquio, 90+2′), Taremi (Galeno, 88′), Evanilson (Toni Martínez, 81′)

Suplentes não utilizados: Diogo Costa, Fábio Cardoso, Francisco Conceição, João Mário

Treinador: Sérgio Conceição

Sporting: Adán, Luís Neto (Ricardo Esgaio, 56′), Coates, Gonçalo Inácio, Pedro Porro, Matheus Reis, Manuel Ugarte (João Palhinha, 86′), Matheus Nunes, Sarabia (Marcus Edwards, 71′), Pedro Gonçalves (Nuno Santos, 86′), Paulinho

Suplentes não utilizados: João Virgínia, Bruno Tabata, Daniel Bragança

Treinador: Rúben Amorim

Golos: Toni Martínez (82′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Evanilson (31′); cartão vermelho direto a Pedro Porro (89′)

Ora, vontades de rir à parte, a verdade é que o jogo desta quinta-feira tinha pesos e importâncias muito distintas para FC Porto e Sporting. No caso dos dragões, que tinham vencido por 1-2 na primeira mão em Alvalade e levavam essa vantagem na eliminatória, o apuramento para uma final da Taça de Portugal onde o adversário será o Tondela era um passo de gigante no sentido da dobradinha numa altura em que o Campeonato está praticamente garantido. No caso dos leões, que tinham perdido por 1-2 na primeira mão em Alvalade e levavam essa desvantagem na eliminatória, o apuramento para uma final da Taça de Portugal onde o adversário será o Tondela era um passo de gigante no sentido de conquistar o troféu e alcançar um final de temporada menos mau depois de um dérbi com o Benfica em que o Campeonato ficou praticamente perdido.

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Ora, com Pepe a ser a principal surpresa no onze inicial depois de o recurso interposto pelo FC Porto ao castigo decretado pelo Conselho de Disciplina da Federação ter tido seguimento, os dragões atuavam com Marchesín na baliza, Pepê a lateral direito e Taremi e Evanilson no ataque, para além da natural presença de Grujic no meio-campo devido à lesão de Uribe. Do outro lado, no Sporting, Matheus Reis voltava à titularidade depois de ter estado suspenso contra o Benfica, Ugarte regressava após Palhinha ter estado no onze com os encarnados e o trio ofensivo era o do costume, com Sarabia, Pedro Gonçalves e Paulinho. Quem não aparecia sequer na ficha de jogo, contudo, era Slimani.

Manuel Ugarte teve o primeiro remate do jogo, ao atirar ao lado de fora de área depois de um pontapé de canto (4′), e essa foi a primeira indicação de que o Sporting pretendia ir atrás do golo e da eliminatória. Os leões tinham mais bola e estavam mais subidos no terreno — algo que também era claramente consentido pelo FC Porto, que parecia confortável com a lógica de atacar em transição rápida e procurar a profundidade nas costas da defesa adversária. A equipa de Rúben Amorim conseguiu colocar a bola no fundo da baliza à passagem do quarto de hora inicial, com Sarabia a bater Marchesín à saída do guarda-redes depois de um passe de Pedro Gonçalves (14′), mas o lance foi anulado por fora de jogo do espanhol e manteve-se o nulo no Dragão.

Com o adiantar dos minutos, o Sporting perdeu alguma intensidade e foi permitindo a conquista de metros por parte do FC Porto, que aproveitou para equilibrar a estatística na posse de bola e levar o jogo para a zona do meio-campo. A partida ia decorrendo com escassa qualidade e poucas ou nenhumas oportunidades de golo, acumulando-se os momentos em que os jogadores caíam no chão depois de duelos mais agressivos, em que os elementos dos bancos de suplentes saltavam para criticar decisões do árbitro ou em que o estádio sentia essa instabilidade e respondia com assobios e apupos.

Zaidu acabou por ter a melhor ocasião da primeira parte, ao atirar ao lado à saída de Adán depois de uma condução de Taremi pelo corredor central (38′), e os dragões foram para o intervalo com um ligeiro ascendente. Do outro lado, os leões falharam o objetivo de marcar cedo e relançar desde logo a eliminatória, algo que claramente era o primeiro ponto da estratégia delineada para o Dragão, e demonstravam muita dificuldade na hora de construir a dimensão ofensiva. No final da primeira parte, com o resultado empatado, o FC Porto mantinha a vantagem na meia-final da Taça de Portugal.

[Carregue nas imagens para ver alguns dos melhores momentos do FC Porto-Sporting:]

Nenhum dos treinadores fez alterações ao intervalo e o Sporting voltou a entrar melhor, com Matheus Nunes a ter uma enorme oportunidade para abrir o marcador ao aparecer na cara de Marchesín mas a permitir a defesa do guarda-redes argentino (51′). Os leões pareciam apresentar maior mobilidade ofensiva, com Paulinho a recuar e a trocar de lugar com Sarabia ou Pote para deixar a defesa do FC Porto sem referências de marcação, e Rúben Amorim procurou potenciar o momento positivo da equipa ao trocar Luís Neto por Ricardo Esgaio ainda antes da hora de jogo. Os dragões responderam com um pontapé de Fábio Vieira, que Adán defendeu (58′), e outro de Vitinha, por cima da trave (59′), e o 15 minutos iniciais da segunda parte tiveram mais para contar do que a totalidade dos 45 da primeira.

Tal como havia acontecido no primeiro tempo, o FC Porto soube reagir aos desequilíbrios provocados pelo Sporting e voltou a conquistar um ascendente claro — muito motivado pela subida de rendimento de Vitinha, que passou a orquestrar por completo o meio-campo da equipa e a liderar uma autêntica malha de pressão que empurrava os leões para trás e nem sequer permitia saídas rápidas. Amorim voltou a mexer a 20 minutos do fim, lançando Marcus Edwards para o lugar de Sarabia, mas eram os dragões quem continuava a criar mais perigo, com Vitinha a obrigar Adán a nova intervenção com um remate de fora de área (72′).

Sérgio Conceição só mexeu já dentro dos últimos 10 minutos, para trocar Evanilson por Toni Martínez, e o espanhol ainda foi a tempo de abrir o marcador e sentenciar a eliminatória: na primeira ação em campo, o avançado recebeu na área depois de um passe longo de Pepe e atirou rasteiro para bater Adán (82′), num lance que começou por ser anulado por fora de jogo mas acabou validado pelo VAR. Amorim respondeu com duas substituições, lançando João Palhinha e Nuno Santos, mas já nada poderia ser revertido. Até ao fim, Pedro Porro ainda foi expulso com cartão vermelho direto depois de uma entrada muito dura sobre Galeno, que entretanto tinha substituído Taremi já nos instantes finais.

O FC Porto voltou a vencer o Sporting, desta feita no Dragão, e carimbou a presença na final da Taça de Portugal, no Jamor, contra o Tondela. Na antevisão, Rúben Amorim tinha confessado alguma vontade de rir; em campo, Sérgio Conceição demonstrou que quem ri por último ri sempre melhor.

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