As autoridades do Sri Lanka suspenderam este domingo o recolher obrigatório imposto no país, após uma onda de violência na semana passada, por ocasião de uma importante festividade budista.
O recolher obrigatório foi imposto em todo o Sri Lanka em 9 de maio, após confrontos violentos que deixaram nove mortos e mais de 225 feridos.
O Sri Lanka, um país predominantemente budista, celebra este domingo o festival Vesak, que comemora o nascimento, a iluminação e a morte de Buda. Este é o festival mais importante do calendário budista, comemorado em datas diferentes em vários países.
O Governo do Sri Lanka decretou dois feriados pela ocasião e anunciou que o recolher obrigatório seria suspenso hoje, sem especificar se pretendia ou não restaurá-lo mais tarde.
O executivo cingalês cancelou a sua participação nas festividades, previstas num templo no sul do país, “dada a situação económica do Governo e outros constrangimentos”, indicou à agência de notícias France-Presse (AFP) um responsável do Ministério dos Assuntos Budistas.
Os devotos são livres para participar nas celebrações em todo o país, incluindo sessões de meditação em massa, de acordo com o mesmo responsável.
Após os ataques na Páscoa à comunidade cristã que eclipsaram o feriado de Vesak em 2019 e os dois anos de pandemia de covid-19, as celebrações deste ano mais uma vez serão discretas devido à crise económica e política.
Os tumultos generalizados no Sri Lanka eclodiram na semana passada após ataques de apoiantes do Governo contra os manifestantes pacíficos que exigem há semanas a saída do Presidente cingalês, Gotabaya Rajapaksa, acusado de ser o responsável pela grave crise económica em que está mergulhado este país com 22 milhões de habitantes.
Os ataques dos apoiantes do Governo aos manifestantes antigovernamentais pacíficos levaram ainda à demissão do primeiro-ministro, Mahinda Rajapaksa (irmão do Presidente), na segunda-feira. A renúncia do primeiro-ministro levou à dissolução do Governo, abrindo caminho para um novo executivo.
O chefe de Estado, Gotabaya Rajapaksa, nomeou no sábado os primeiros quatro ministros do gabinete do recém-nomeado primeiro-ministro, Ranil Wickremesinghe, que continua a procurar o apoio da oposição e formar maioria no Parlamento.
Os habitantes do Sri Lanka têm vindo a sofrer, nos últimos meses, uma escassez de combustível e de alimentos e cortes de energia diários, estando o país à beira da falência, com uma dívida externa de cerca de 25 mil milhões de dólares (23 mil milhões de euros) e diminuição das reservas externas.
CSR (FP) // JH
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