Depois de ultrapassado o susto, antes da viagem para o Qatar e com a possibilidade de lutar por mais um troféu. Esta quinta-feira, em Sevilha, a Seleção Nacional começava um novo capítulo e abria a porta da Liga das Nações na antecâmara do Mundial — e logo contra Espanha.

Na primeira jornada da terceira competição internacional, Portugal deslocava-se desde logo ao Benito Villamarín, o estádio do Betis, para defrontar os espanhóis à mesma hora que a República Checa enfrentava a Suíça no outro jogo do Grupo 2 da Liga A. Pouco mais de dois meses depois de garantir a presença no Mundial do Qatar — já no playoff e depois de não ter conseguido o apuramento direto –, a seleção portuguesa procurava dar um primeiro passo assertivo e afirmativo na Liga das Nações de forma a deixar no passado as dificuldades demonstradas nos últimos jogos. E Fernando Santos acreditava que o duelo ibérico poderia ser a partida ideal para isso mesmo.

Ficha de jogo

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Espanha-Portugal, 1-1

Fase de grupos da Liga das Nações

Estadio Benito Villamarín, em Sevilha

Árbitro: Michael Oliver (Inglaterra)

Espanha: Unai Simón, Azpilicueta, Diego Llorente, Pau Torres, Jordi Alba, Soler (Koke, 63′), Busquets, Gavi (Marcos Llorente, 81′), Ferran Torres (Dani Olmo, 63′), Morata (Raúl de Tomás, 70′), Sarabia

Suplentes não utilizados: Robert Sánchez, David Raya, Iñigo Martínez, Marco Asensio, Ansu Fati, Rodri, Marcos Alonso, Carvajal

Treinador: Luis Enrique

Portugal: Diogo Costa, João Cancelo, Pepe, Danilo, Raphaël Guerreiro, Bruno Fernandes (Matheus Nunes, 81′), João Moutinho (Rúben Neves, 45′), Otávio (Cristiano Ronaldo, 62′), Rafael Leão (Ricardo Horta, 72′), André Silva (Gonçalo Guedes, 62′), Bernardo Silva

Suplentes não utilizados: Rui Patrício, Rui Silva, Diogo Dalot, David Carmo, João Palhinha, William Carvalho, Nuno Mendes

Treinador: Fernando Santos

Golos: Morata (25′), Ricardo Horta (82′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Sarabia (37′), a João Moutinho (38′), a Bernardo Silva (39′), a Diego Llorente (72′), Raphaël Guerreiro (89′), a Busquets (90+2′), a Pepe (90+3′)

“O que queremos é dar continuidade ao que fizemos nos últimos jogos. Isso quer dizer que não vão existir tantas mudanças neste primeiro jogo, talvez uma ou duas mudanças em relação aos jogos contra a Turquia e a Macedónia do Norte. O que vou procurar é que a equipa mantenha sempre este padrão, não tanto a questão dos jogadores. Trata-se muito mais de consolidar, nesta Liga das Nações, aquilo que está a ser o nosso padrão”, referiu o selecionador nacional na antevisão do encontro.

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Ora, já sem Vitinha, que testou positivo à Covid-19 durante a semana, Fernando Santos também deixava Domingos Duarte e Diogo Jota de fora da convocatória, sendo que o avançado chegou mais tarde à concentração por ter estado com o Liverpool na final da Liga dos Campeões há menos de uma semana. Assim, a grande novidade era o facto de Cristiano Ronaldo começar no banco e de Rafael Leão ser titular junto a André Silva e Bernardo no ataque, com o meio-campo a ficar entregue a Moutinho, Bruno Fernandes e Otávio e Raphaël Guerreiro a ser o escolhido para a esquerda da defesa em detrimento de Nuno Mendes. Do outro lado, e com o lesionado Thiago Alcântara a ser a grande ausência, Luis Enrique lançava Soler e Gavi e apostava em Sarabia, avançado que acabou de deixar o Sporting após uma época de empréstimo do PSG.

Em campo, Espanha pôs o pé no acelerador logo a partir dos instantes iniciais e até poderia ter marcado ainda nos primeiros minutos, com Gavi a rematar contra um defesa na sequência de um lance de insistência (3′). A seleção de Luis Enrique assumiu claramente a dianteira da partida e tinha o controlo da posse de bola, atuando quase por inteiro no meio-campo adversário e explorando essencialmente o espaço entre os centrais e os laterais, algo que deixava Cancelo e Guerreiro com pouca margem de manobra para subir pelo corredor.

Portugal começou a reagir à passagem do quarto de hora inicial, libertando-se da pressão espanhola e subindo as linhas de forma a empurrar a equipa adversária para trás, e conseguiu mesmo construir a melhor oportunidade de golo até então. Guerreiro desequilibrou na esquerda, forçou depois de um ressalto e descobriu Rafael Leão na grande área, com o avançado a atirar por cima à saída de Unai Simón (18′). A Seleção Nacional procurou aproveitar o élan dessa ocasião para se catapultar para a frente mas, numa jogada em que Leão até tirou da cartola um cruzamento perigoso depois de ganhar um duelo, foi traída pela eficácia.

Espanha recuperou a bola junto à própria grande área, Gavi avançou em velocidade descaído na esquerda e abriu em Sarabia no lado contrário, com o avançado a oferecer o golo a Morata depois de o jogador da Juventus realizar um movimento diagonal sem bola praticamente perfeito (25′). Os espanhóis poderiam ter aumentado a vantagem logo de imediato, com Soler a obrigar Diogo Costa a uma intervenção atenta (29′), e Portugal teve num remate ao lado de André Silva a melhor ocasião para empatar até ao final da primeira parte (34′).

Ao intervalo, porém, Espanha estava a vencer. A Seleção Nacional tinha menos bola, menos ataques e menos oportunidades e demonstrava muitas dificuldades para se libertar da posse de bola adversária — ou, até mais do que isso, para conseguir responder à capacidade de recuperação de posse de bola que os espanhóis apresentavam.

Na segunda parte, Fernando Santos mexeu de imediato e trocou João Moutinho por Rúben Neves. Espanha continuava a apresentar algum domínio e preponderância mas Portugal demonstrava outra capacidade para responder, causando alguns desequilíbrios nas alas e desenhando mesmo a melhor oportunidade da segunda parte, com Rafael Leão a atirar para uma enorme defesa de Unai Simón depois de uma temporização perfeita de André Silva (59′).

À passagem da hora de jogo, o selecionador nacional voltou a mexer e lançou Cristiano Ronaldo, que em conjunto com Gonçalo Guedes rendeu Otávio e André Silva. Luis Enrique respondeu com Dani Olmo e Koke e Portugal, com a dupla substituição, perdeu por completo a ligação entre o meio-campo e o ataque, limitando-se a policiar a posse de bola de Espanha para depois explorar a profundidade de forma totalmente infrutífera.

A oito minutos do fim, porém, bastou um único lance de inspiração para dar a volta ao texto. Instantes depois de ambas as equipas fazerem substituições, quando Espanha ainda se orientava em campo, Guedes soltou Cancelo no corredor direito, o lateral cruzou tenso para a área e Ricardo Horta, que entretanto também já tinha entrado, só precisou de encostar (82′). O avançado do Sp. Braga, que não cumpria uma internacionalização desde 2014, estreou-se a marcar pela Seleção Nacional.

Até ao fim, já nada mudou. Portugal conseguiu resgatar um empate frente a Espanha apesar de uma primeira parte muito pobre e está em igualdade com os espanhóis no Grupo 2 da Liga A da Liga das Nações, sendo que a República Checa está na liderança por ter vencido a Suíça em Praga. Num jogo em que Gavi deu muitos frutos, Ricardo entrou em campo para mostrar que prefere a Horta — e fez a diferença na segunda internacionalização da carreira. A Seleção Nacional volta a entrar em ação no próximo domingo, em Alvalade, contra a Suíça.