Um relatório da Convenção das Organizações para um Oceano Limpo (COOL) nos Açores identificou vários “problemas ambientais” na região, como a poluição por beatas de cigarros, a sobrepesca e o desordenamento do território, foi revelado esta quarta-feira.

O documento, resulta do trabalho de 24 organizações não-governamentais açorianas e identifica “problemas ambientais” em cada uma das ilhas do arquipélago e outros de “âmbito regional”.

Nos “problemas” regionais, “transversais a todas as ilhas”, a COOL realça a “poluição por beatas de cigarros”, sobretudo causada pelo “descarte nas ruas e nos sumidouros das caixas de águas pluviais”.

Como soluções, a Convenção propõe a “aplicação de multas efetivas”, a criação de “beatas biodegradáveis”, a “disponibilização de recipientes adequados no exterior dos estabelecimentos e a promoção de “campanhas de sensibilização”.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

“As beatas têm impactos significativos nos ecossistemas terrestres e marinhos, contaminando o solo e a água e podendo ser ingeridas por animais, o que pode levar à sua morte ou asfixia”, indica o relatório.

O documento considera como “problema” o “desordenamento do território” da região, apelando a uma reconversão dos terrenos tendo em vista o “recarregamento dos aquíferos e a fixação de dióxido de carbono”.

“Existem apoios para reconversão de terrenos, mas não para plantação de árvores. É necessário e urgente o reordenamento do território de altitude para a plantação de árvores”, observam.

As organizações alertam ainda para a falta de “fiscalização da sobrepesca” no arquipélago.

“Falta concretização prática da proteção das áreas marinhas protegidas (AMP). [Um] problema transversal a ecossistemas terrestres”, defendem, lembrando que os Açores têm “apenas 5%” de AMP.

O relatório aponta também a “falta de incentivos à produção agrícola orgânica”, condenando o “uso excessivo de fertilizantes químicos” que “contaminam o solo”.

O documento identifica vários “problemas” para cada uma das ilhas, como o “lixo marinho” na ilha do Corvo, os “microplásticos da praia de Porto Pim”, no Faial, a “falta de literacia ambiental” nas Flores, a “pesca ilegal” na Graciosa e o “depósito de resíduos nos portos e cais” no Pico.

Em São Jorge, o relatório alerta para a “baixa taxa de reciclagem”, em São Miguel para a “destruição da orla costeira” e para o projeto da incineradora, em Santa Maria para os microplásticos nas praias e na Terceira para as “aglomerações de plástico ao longo de toda a costa” da ilha.

A COOL é uma iniciativa da Fundação Oceano Azul que tem como objetivo a criação de uma rede nacional de organizações que se dedicam à proteção e conservação do oceano.