Trabalhar e persistir. São estes os dois principais verbos que ajudam a retirar dons do fundo das gavetas e a concretizar sonhos. Acima de tudo, o que importa é nunca desistir. Porque a esperança só se torna real se for diariamente alimentada com ações. Participar no Prémio de Literatura Infantil Pingo Doce, que já vai na 9.ª edição, é exatamente uma das ações que pode levar a cabo, sobretudo se o seu sonho de vida passa por desenhar. E não, não precisa de ser profissional da área para concorrer. Qualquer pessoa com interesse pode participar na fase de ilustração deste concurso, que está neste momento a decorrer e vai até dia 1 de julho.
Quem sabe, por experiência própria, que só insistindo se chega lá é Daniela Leitão, a vencedora da fase de texto desta edição, com O Avô Minguante. Embora já tivesse concorrido no ano passado, só agora, com uma história que estava precisamente “guardada à espera de existir há muito tempo”, é que foi distinguida. Recorde-se que este prémio divide-se em duas etapas distintas, mas interdependentes: primeiro a fase de texto e, logo de seguida, a de ilustração, na qual os participantes são convidados a ilustrar a história vencedora.
Habituada, desde cedo, a contactar com livros e a ouvir contar histórias todas as noites, Daniela Leitão reconhece que “o processo de passar da leitura para a escrita foi muito orgânico e natural”, ou seja, assim que aprendeu a ler, rapidamente começou a querer escrever as suas próprias histórias e ainda hoje guarda registos desses tempos. E embora tenha sido sempre apoiada na descoberta do seu talento, já adulta acabou por guardar o gosto pela escrita só para si. Felizmente, não durante muito tempo: “Recentemente, voltei a ter a sorte de me cruzar com uma pessoa que descobriu e motivou muito essa vontade e que me levou a participar no concurso este ano. Escrever O Avô Minguante foi o partilhar definitivo e absoluto desse desejo-segredo.”
Resiliência e curiosidade
Quem também foi persistente no caminho e ganhou o Prémio de Literatura Infantil Pingo Doce à segunda tentativa foi Ana Granado, vencedora da 5.ª edição com as ilustrações de O Narciso com Pelos no Nariz, texto escrito por Andreia Penso Pereira. Licenciada em Pintura, foi a meio do curso que descobriu a ilustração e “a partir desse momento soube que era isso que queria fazer”. Na sua perspetiva, para vingar no mundo da ilustração – e até para vencer concursos como este – “é preciso ser resiliente, disciplinado e ser curioso”, mas também saber aproveitar as oportunidades que a tecnologia oferece atualmente. “Hoje, com as redes sociais, fica bem mais fácil darmos a conhecer o nosso trabalho e devemos aproveitar isso. Conseguimos chegar ao nosso público com maior facilidade, simplesmente mostrando o nosso trabalho, o que é uma grande vantagem para quem está a começar”, sublinha.
Dicas para quem quer concorrer ao Prémio
Podem participar no Prémio de Literatura Infantil Pingo Doce todas as pessoas que assim o queiram, sem necessidade de terem qualquer tipo de experiência ou conhecimento prévios nas áreas a que concorrem, seja texto ou ilustração. Ainda assim, questionada sobre o primeiro conselho que dá a quem lhe diz que gostaria de ilustrar livros infantis, Marta Madureira, ilustradora, professora e elemento do júri da fase de ilustração desta edição do Prémio, responde que “é fundamental apostarem na formação”. Todavia, realça que as pessoas “não têm de ir necessariamente para a faculdade, pois há uma oferta variadíssima dentro desta área da ilustração e dentro da ilustração infantil em particular”, referindo-se aos inúmeros ateliers e workshops que se vão organizando.
Outro aspeto crucial para que os aspirantes a ilustradores se aperfeiçoem passa, nas suas palavras, pelo aumento de cultura visual. “É importante verem o trabalho dos outros, perceberem porque é que aquilo que os outros fazem funciona, analisarem com sentido crítico”, afirma a atual responsável pelo Mestrado em Ilustração e Animação do Instituto Politécnico do Cávado e do Ave. Ao mesmo tempo, realça que “sabermos o que os nossos pares estão a fazer” é importante: “Por exemplo, alguém que vá concorrer ao Prémio de Literatura Infantil do Pingo Doce e ainda não tenha visto os livros que ganharam anteriormente é uma grande falha.” E isto é relevante “não só para me inspirar, mas também para não me repetir”, adverte.
Um prémio muito importante
Tanto Marta Madureira como Ana Granado são unânimes em destacar a importância do Prémio de Literatura Infantil Pingo Doce. No caso desta última, a relevância foi sentida bem de perto: “Para mim, foi bastante importante vencer o Prémio porque me abriu algumas portas e me permitiu entrar no mercado da ilustração infantil. Permitiu-me também fazer uma pós-graduação, onde aprendi bastante com muito bons professores, fiz amigos e colegas com quem aprendi muito e com quem ainda hoje troco ideias. Este Prémio é uma alavanca para quem deseja ser ilustrador profissional.”
As mesmas vantagens são destacadas por Marta Madureira, que elogia a dinâmica do Prémio: “Muitas vezes, os concursos que vemos pedem apenas uma ou duas ilustrações, mas aqui há que pensar todo o livro, ou seja, tem de ter continuidade, coerência gráfica, e isso é um exercício muito interessante.” Além da parte técnica, realça ainda a componente monetária. “Tem de se perceber que um ilustrador é um profissional como outro qualquer, tem de ser valorizado por isso, e este valor monetário é excelente para alguém que está a começar, porque lhe vai permitir comprar material e também ter algum tempo de reflexão para continuar a produzir”, afirma. Além disso, “permite editar pela primeira vez, o que quer dizer que vai ser uma forma de divulgar o trabalho de uma forma muito mais interessante, e vai ser avaliado por um júri”. Recorde-se que, além de Marta Madureira, integram o júri da edição deste ano da fase de ilustração os ilustradores André Carrilho e Bernardo Carvalho, o professor e ilustrador Eduardo Côrte-Real, e Sara Miranda, diretora de comunicação do Grupo Jerónimo Martins.
A submissão de ilustrações a concurso decorre até 1 de julho e quem pretender participar só tem de solicitar, através do site oficial do Prémio, a história vencedora. Boa sorte!
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Prémio Literário Infantil