A incapacidade de se equilibrar numa perna na meia idade e na velhice pode dar sinais relativos à mortalidade. Quem pertence a estas faixas etárias e não consegue estar nesta posição durante dez segundos tem quase duas vezes mais probabilidades de morrer dentro de dez anos do que aqueles que são capazes de o fazer, conclui um novo estudo publicado no British Journal of Sports Medicine, noticia o The Guardian.
Face ao resultados desta investigação observacional que durou 12 anos, a equipa composta por cientistas do Reino Unido, EUA, Austrália, Finlândia e Brasil sublinha que um teste ao equilíbrio deveria ser incluído nos exames de rotina dos idosos.
O grupo liderado por Claudio Gil Araújo, da clínica Clinimex, no Rio de Janeiro (Brasil), justifica que o teste de dez segundos “fornece feedback rápido e objetivo ao paciente e aos profissionais de saúde em relação ao equilíbrio estático”. Para além disso, “adiciona informações úteis sobre o risco de mortalidade em homens e mulheres de meia idade e idosos”, cita-o o mesmo jornal britânico.
Ao contrário da força muscular e da flexibilidade, o equilíbrio “tende a estar bem preservado” até aos 60 anos — idade em que começa a diminuir de forma relativamente rápida. Os poucos dados concretos que ligam o equilíbrio a desfechos clínicos, além das quedas, é uma das razões apontadas para não ser incluído nos exames de rotina.
Ao todo, 1.702 pessoas com idades entre os 51 e os 75 anos e um andar estável foram acompanhadas entre 2008 e 2020. No início, foi pedido aos participantes que ficassem equilibrados numa perna durante dez segundos sem nenhum apoio extra — a posição exigia que colocassem a sola do pé na parte de trás da perna oposta, mantendo os braços ao lado do corpo e o olhar fixo à frente. Eram permitidas três tentativas em cada pé, no máximo.
Um em cada cinco (21%) falhou o teste — na década seguinte ao início do estudo, 123 morreram. Tendo em conta idade, sexo e condições subjacentes, o estudo concluiu que a incapacidade de ficar sem apoio numa perna durante dez segundos está associada a um risco maior de 84% de morte, seja qual for a causa.
A investigação apresenta limitações, tais como as caraterísticas dos participantes: eram todos brasileiros brancos, ou seja, os resultados podem não ser aplicáveis a outras etnias.
Investigações anteriores, por exemplo, relacionavam a falta de equilíbrio numa perna com um maior risco de AVC. Pessoas com mau equilíbrio apresentam igualmente pior desempenho em testes de declínio mental, sugerindo uma ligação com a demência.