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A empresa Douro Azul, de Mário Ferreira, foi esta quarta-feira alvo de buscas da Autoridade Tributária e do DCIAP, confirmou o advogado da empresa, Nuno Bizarro, aos jornalistas. Segundo o Correio da Manhã, que avançou a notícia, em causa estão indícios de fraude fiscal qualificada no negócio da compra e venda do navio Altântida.
“Esperemos que toda a informação pedida e procurada seja entregue. Que toda a verdade seja descoberta e o bom nome de Mário Ferreira e do grupo empresarial seja recuperado”, afirmou o advogado.
A RTP acrescenta ainda que as buscas decorreram em três locais diferentes — Porto, Funchal e Malta — e que foram executados oito mandados de busca. Já o Jornal Económico acrescentou que as buscas a empresas de Mário Ferreira estão relacionadas com suspeitas sobre alegadas fraudes com fundos europeus.
As buscas aconteceram depois de em abril o Ministério Público ter autonomizado o inquérito ao navio comprado ao Estado, em 2014. O novo inquérito resulta de uma certidão extraída do processo inicial, sobre o negócio que envolvia os Estaleiros Navais de Viana do Castelo e a subconcessão ao Grupo Martifer.
Um dia depois de ter sido tornado público que outra empresa de Mário Ferreira (a Pluris), dono da TVI, recebe a maior ajuda do fundo de capitalização do Banco de Fomento por causa da Covid-19, a Douro Azul é alvo de buscas.
Na semana passada, em Tribunal, o antigo presidente da Empordef e líder da comissão liquidatária dos Estaleiros Navais voltou a afirmar que existiu “alta corrupção” na venda do Atlântida.
“Houve alta corrupção que envolveu políticos em funções, o Conselho de Administração dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo, o júri do concurso, o BES e o comprador”, afirmou João Pedro Martins citado pela agência Lusa, enquanto era ouvido na condição de testemunha arrolada pela defesa da ex-diplomata Ana Gomes, no julgamento em que a antiga eurodeputada responde por difamação de Mário Ferreira.
Mário Ferreira pede para ser constituído arguido
O empresário decidiu constituir-se arguido do processo para exercer o seu direito de defesa. O pedido foi feito através de o envio de uma carta ao Ministério Público a que o Observador teve acesso. A defesa garante que a medida é tomada sem prejuízo de o arguido estar absolutamente convicto da sua inocência e das empresas em questão.
Antes desta decisão, Mário Ferreira tinha reagido no Facebook às notícias de que a Douro Azul estava a ser alvo de buscas salientando não ser arguido em nenhum processo. “O Correio da Manhã [de Paulo Fernandes] uma vez mais lança um ataque feroz, eles sabem que não estou acusado de nada, não sou arguido em nenhum processo”, disse o empresário que versou também Ana Gomes.
“A união de Ana Gomes a enviar cartas com falsas acusações e o Correio da Manhã em parceria a aproveitar para fazer notícias, parece para eles um modelo virtuoso para vender jornais”, escreveu no Facebook, poucas horas depois das notícias sobre as buscas terem sido divulgadas.
Também o comunicado do Grupo Mystic Invest/Douro Azul, do empresário Mário Ferreira, enviado à agência Lusa apontou a mira a Ana Gomes.
No texto, o grupo empresarial “confirma a realização de buscas às suas instalações no Porto pela Autoridade Tributária e Aduaneira e pelo DCIAP [Departamento Central de Investigação e Ação Penal], no âmbito das dinâmicas de denúncia da Dra. Ana Gomes sobre a aquisição do navio Atlântida e a concretização de uma solução para os Estaleiros Navais de Viana do Castelo”.
“Depois de meses de reiteradas suspeitas, denúncias e afins nos media e nas redes sociais da Dra. Ana Gomes (…), na sequência da compra do Grupo Media Capital, há finalmente uma oportunidade para o esclarecimento total das autoridades, com pleno acesso à documentação existente e a uma auditoria interna realizada aos processos em causa”, lê-se no comunicado citado pela agência de notícias portuguesa.
Tal como o advogado da empresa, Nuno Bizarro, já tinha afirmado em declarações aos jornalistas durante a manhã de buscas, a empresa diz-se “totalmente disponível” para esclarecer tudo junto das autoridades.
“A auditoria realizada no quadro do rigor e exigência que norteiam as atividades das empresas do grupo comprometidas com o desenvolvimento regional e nacional, com a criação de emprego e com a valorização de ativos, certamente contribuirá para o cabal esclarecimento da campanha negra que alguns insistem em promover em relação a quem gera riqueza e desenvolvimento para o país”, sublinhou o grupo empresarial.