O primeiro troféu europeu da temporada, o primeiro teste de fogo da época, a primeira noite de gala do ano. A Supertaça Europeia serve para coroar o derradeiro rei da Europa, entre o vencedor da Liga dos Campeões e o vencedor da Liga Europa, mas também serve para abrir o apetite para as competições que aí vêm. Esta quarta-feira, em Helsínquia, Real Madrid e Eintracht Frankfurt defrontavam-se no primeiro grande jogo europeu de 2022/23.

Ainda assim, a situação atual das duas equipas não era semelhante. Para o Real Madrid, a Supertaça Europeia era mesmo o primeiro jogo oficial da temporada, já que a liga espanhola ainda não arrancou e que os merengues ainda só disputaram encontros particulares. Para o Eintracht Frankfurt, a Bundesliga já teve uma jornada (e desde logo com uma goleada sofrida contra o Bayern Munique) e a Taça da Alemanha também já teve a primeira ronda. Ou seja, se os espanhóis olhavam para o jogo como a primeira grande oportunidade para testar e experimentar dinâmicas, os alemães entravam em campo depois de já terem abordado estratégias e projetos.

Ficha de jogo

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Real Madrid-Eintracht Frankfurt, 2-0

Supertaça Europeia

Estádio Olímpico de Helsínquia, em Helsínquia (Finlândia)

Árbitro: Michael Oliver (Inglaterra)

Real Madrid: Courtois, Carvajal (Rüdiger, 85′), Éder Militão, Alaba, Mendy, Casemiro, Kroos (Tchouaméni, 85′), Modric (Rodrygo, 66′), Valverde (Eduardo Camavinga, 76′), Vinícius (Ceballos, 85′), Benzema

Suplentes não utilizados: Lunin, Vallejo, Nacho, Hazard, Asensio, Lucas Vázquez, Mariano

Treinador: Carlo Ancelotti

Eintracht Frankfurt: Kevin Trapp, Touré (Lucas Alario, 70′), Tuta, N’Dicka, Knauff, Sow, Rode (Götze, 58′), Lenz, Kamada, Borré, Lindstrom (Kolo Muani, 58′)

Suplentes não utilizados: Grahl, Ramaj, Smolcic, Jakic, Alidou, Hasebe, Chandler, Hauge

Treinador: Oliver Glasner

Golos: Alaba (37′), Benzema (65′)

Ação disciplinar: a Eduardo Camavinga (82′)

Durante o verão, a equipa de Carlo Ancelotti perdeu Marcelo, Bale, Isco, Jovic e ainda Kubo e Borja Mayoral, reforçando-se com Tchouaméni e Rüdiger. Do outro lado, o conjunto orientado por Oliver Glasner já não contava com Kostic, que já falhava a Supertaça por estar praticamente certo na Juventus, e também se despediu de Hinteregger, Enrique Herrero, Rodrigo Zalazar, Dominik Kohr e Steven Zuber, para além do português Gonçalo Paciência. Já Smolcic, Jakic, Lucas Alario, Jens Petter Hauge e também Mario Götze, sendo que este último chegou a ser alvo do Benfica neste mercado de transferências, assinaram pelo Eintracht.

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Assim, na Finlândia, Ancelotti repetia o onze da final da Liga dos Campeões, no final de maio, quando o Real Madrid venceu o Liverpool em Paris: Courtois na baliza, Carvajal, Éder Militão, Alaba e Mendy na defesa, Kroos, Modric e Casemiro no meio-campo e Valverde e Vinícius no apoio a Benzema no ataque. No Eintracht, Glasner também lançava dez dos onze titulares da final da Liga Europa, quando os alemães derrotaram o Glasgow Rangers em Sevilha, e só trocava mesmo o já indisponível Kostic por Lenz.

Numa noite em que se estreava a nova Tecnologia Semi-Automática de Fora de Jogo (SAOT), um sistema que usa imagens 3D e que fornece um alerta automático de fora de jogo aos árbitros que estão no VAR, Real Madrid e Eintracht Frankfurt reencontravam-se numa final europeia 62 anos depois de terem disputado a final da Taça dos Campeões Europeus. Na altura, em 1960, Di Stéfano, Puskás, Gento e companhia golearam por 7-3, sem qualquer hipótese para os alemães. Mais de seis décadas depois, o jogo demorou a aquecer.

Os primeiros 10 minutos foram algo mornos, sem grandes aproximações à baliza, ainda que o Real Madrid procurasse exercer algum ascendente na partida. Ainda assim, depressa se percebeu que os merengues teriam mais bola mas que o Eintracht pretendia discutir o resultado, apostando numa linha ofensiva muito móvel e demonstrando critério no último terço. Foi precisamente assim que os alemães acabaram por construir a primeira oportunidade do jogo, com Kamada a forçar Courtois a uma defesa apertada (14′).

Os espanhóis responderam, com Benzema a assistir Vinícius e o brasileiro a rematar para bater Kevin Trapp mas ver Tuta, o defesa central, evitar o golo em cima da linha com um corte crucial (17′). A primeira parte viveu nesta altura o melhor período, com as duas equipas a procurarem a baliza adversária e o jogo a partir ligeiramente na zona do meio-campo, algo que permitia ataques rápidos e transições vertiginosas. Knauff voltou a assustar Courtois, com um pontapé rasteiro na direita que o belga encaixou (24′), e Vinícius ficou muito perto de marcar com um remate cruzado que Trapp desviou depois de uma grande combinação do brasileiro com Benzema (37′). O golo, esse, apareceu instantes depois.

Na conversão do pontapé de canto consequente da defesa de Trapp, Benzema ganhou o duelo aéreo na área, Casemiro foi à linha de fundo cabecear para trás e atrair o guarda-redes e Alaba, quase sozinho e sem oposição, só precisou de encostar para abrir o marcador e fazer o primeiro golo oficial da temporada do Real Madrid (37′). O Eintracht perdeu algum discernimento depois do golo sofrido, falhando vários passes e deixando de conseguir sair a jogar de forma apoiada, e os merengues poderiam mesmo ter aumentado a vantagem por intermédio de Benzema (41′), que atirou ao lado em posição frontal para a baliza, ou Casemiro, que rematou de longe para Trapp encaixar (42′).

Assim, o Real Madrid chegou ao intervalo da Supertaça Europeia a vencer o Eintracht Frankfurt pela margem mínima — uma margem mínima que não dava qualquer espaço de conforto, já que os alemães já tinham demonstrado que tinham capacidade para chegar com perigo à baliza de Courtois e tinham na qualidade de Santos Borré e Kamada, essencialmente, as maiores armas ofensivas.

Nenhum dos treinadores fez alterações ao intervalo e, tal como tinha acontecido na primeira parte, os primeiros 10 minutos do segundo tempo também foram mornos e algo lentos, com o Real Madrid a aproveitar para adormecer o Eintracht com posse de bola e uma pressão alta que empurrava os alemães para o próprio meio-campo. Vinícius ficou muito perto de aumentar a vantagem neste período, ao atirar rasteiro na grande área para uma defesa de recurso de Kevin Trapp (55′), e Oliver Glasner reagiu com as entradas de Götze e Kolo Mauni para os lugares de Rode e Lindstrom.

Os minutos iam passando e o Eintracht não se aproximava do empate — pelo contrário, já que Casemiro acertou em cheio na trave com um pontapé de fora de área e quase fez o segundo golo do Real Madrid (61′). Knauff ainda obrigou Courtois a uma defesa esforçada, com um pontapé rasteiro (64′), mas os alemães não conseguiram mesmo adiar nem evitar o dilatar da vantagem merengue. Mendy soltou Vinícius na esquerda, o brasileiro temporizou e assistiu Benzema à entrada da grande área, com o francês a atirar de primeira para bater Kevin Trapp (65′), que não ficou muito bem na fotografia.

Logo depois do segundo golo, Carlo Ancelotti mexeu pela primeira vez e trocou Modric por Rodrygo, com Glasner a responder com a entrada de Lucas Alario para o lugar de Touré. O xeque-mate, porém, estava feito: o segundo golo do Real Madrid acabou com o Eintracht Frankfurt e já pouco aconteceu até ao fim, com os merengues a conquistarem a quinta Supertaça Europeia da própria história e o primeiro troféu da temporada. Menos de três meses depois da final da Liga dos Campeões, a equipa de Carlo Ancelotti continua a jogar a sorrir, quase como um grupo de amigos na praia, enquanto domina por completo os adversários. O vento mudou mas ele, o Super Real, voltou na mesma.