A inflação atingiu 9,1% no mês de Julho – o valor mais alto desde Novembro de 1992. Segundo dados do INE, apesar do ordenado bruto dos portugueses ter aumentado no segundo semestre deste ano, o aumento dos preços veio retirar poder de compra. Na prática, por causa do impacto da inflação, os salários diminuíram 4,6% em termos líquidos. Talvez por isso, as poupanças também caíram de 10,7% para 8,3% do rendimento disponível no primeiro trimestre deste ano.
Segundo as últimas sondagens, dois terços dos portugueses já tiveram que mudar de hábitos: passaram a usar menos o carro, por causa do custo com o combustível, e cortaram na ida ao supermercado. Como tal, a fase após as férias e o regresso às aulas pode ser desafiante – sobretudo financeiramente. Já diz o ditado que prevenir é o melhor remédio. Por isso, se está angustiado com uma possível crise e a ponderar se deve começar a poupar (mais) para um fundo de emergência, tome nota destas dicas. A altura para começar a preparar o novo ano financeiro é agora.
1) Faça um orçamento
Faça um orçamento mensal e ponha tudo no papel. Anote os seus rendimentos e as suas despesas. Se tem mais do que um trabalho (por exemplo, um emprego fixo e outros trabalhos pontuais), tome nota de todas as entradas de dinheiro e a data prevista para receber. Quanto às despesas, é ainda mais importante apontar tudo: as fixas – como, por exemplo, a renda da casa, a mensalidade da escola dos seus filhos, água, luz, telecomunicações – e as variáveis – como combustível, supermercado, roupa… acrescente também os gastos extra: refeições fora de casa, idas ao cinema ou qualquer outro tipo de lazer, entre outros. Se não sabe de cor todos os seus gastos, uma forma de se organizar é guardar todos os talões. Não se esqueça de pedir as faturas com número de contribuinte para poder ter deduções em sede de IRS.
2) Poupar em primeiro lugar
Um erro comum na organização das finanças é deixar a poupança para último. Muitas pessoas pensam: “Se sobrar dinheiro no final do mês, eu poupo”. E esta atitude conduz, quase sempre, a poupança zero. Por isso, faça de conta que a poupança é uma despesa, defina um montante mensal e, assim que receber o ordenado, transfira esse valor para uma conta-poupança ou coloque num mealheiro.
3) Renegoceie contratos
Muitos contratos dos serviços que contratamos renovam-se automaticamente e nem nos preocupamos muito com isso. A verdade é que podemos estar a gastar dinheiro desnecessariamente. Antes de chegar a altura de renovar o seguro do carro, por exemplo, faça uma pesquisa e compare as apólices existentes no mercado. O mesmo poderá ser válido para o seguro de saúde. Veja também os seus contratos de telecomunicações: será que precisa de tantos canais? Está a fazer uso de todas as subscrições que assinou? Podem parecer meros euros, por mês, mas, ao final do ano, pode conseguir uma poupança significativa.
4) Reduza o consumo
Pode parecer uma dica básica, mas é sempre bom lembrar: faça uma lista de compras antes de ir ao supermercado e evite ir com fome (para não ter tentações). Antes de fazer a lista, verifique tudo o que tem em casa, do congelador à despensa. Habitue-se a aproveitar os restos das refeições para fazer novos pratos: sobraram bifes do jantar? Faça um empadão para o dia seguinte. Quando arrumar o frigorífico, coloque as caixas com os restos e os produtos com a validade a terminar mais à frente. Se ficarem guardados na parte de trás da prateleira, corre o risco de se esquecer e vão acabar por se estragar. Antes de comprar roupa ou sapatos, tenha a certeza de que é mesmo necessário. Aproveite os saldos e promoções, mas antes de tomar a decisão compare preços, para não se deixar enganar. Se tiver espaço, faça uma horta em casa – nem que seja na varanda ou em vasos à janela.
5) Cuidado com o dinheiro de “plástico”
Quando temos dinheiro na mão, regra geral, temos mais noção daquilo que estamos a gastar. Se não tiver o hábito de controlar os movimentos da sua conta, usar o cartão, seja de débito ou de crédito, pode fazê-lo gastar mais do que pretendia. Por isso, evite, ao máximo, contrair créditos ou pagar a prestações, se não tiver poder de compra para isso. No entanto, se precisar de fazer um crédito pessoal para os estudos dos seus filhos ou para uma despesa inesperada, certifique-se de que está a fazê-lo junto de uma entidade credível, tenha atenção à sua taxa de esforço e compare as condições propostas por várias instituições diferentes.
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