“Aceito que esta amizade não podia sobreviver à minha condenação.” É assim que Ghislaine Maxwell, a socialite condenada a 20 anos de prisão nos Estados Unidos por ajudar o milionário Jeffrey Epstein a encontrar raparigas menores de idade — de quem subsequentemente abusava sexualmente — resume o seu estado de espírito face à sua relação com o príncipe André, de quem garante ter sido amiga próxima durante anos.
Na sua primeira entrevista desde que está a cumprir pena, à cineasta Daphne Barak, Maxwell mantém a sua inocência, mas diz estar arrependida de ter conhecido Epstein. No primeiro excerto, publicado no Daily Mail, a socialite sublinha repetidamente que lamenta os efeitos que a sua condenação teve em pessoas que lhe eram próximas e diz entender que várias figuras públicas se tenham distanciado dela.
Barak entrevistou pessoalmente Maxwell em dois momentos. O primeiro foi durante o verão, quando Ghislaine ainda cumpria pena no Centro de Detenção Metropolitana de Brooklyn, e o segundo foi há algumas semanas, no Instituto Federal Correcional de Tallahassee, na Flórida, para onde a reclusa foi transferida recentemente.
A sua ligação ao príncipe André — que chegou a acordo judicial com Virginia Giuffre, uma das jovens vítimas de Epstein que acusava o príncipe de também ter abusado sexualmente dela — foi um dos temas centrais da conversa. Apelidando-o de “querido amigo”, Maxwell diz sentir-se mal pelo impacto que a relação consigo e com Epstein teve naquele membro da família real, oficialmente afastado de deveres reais devido ao caso. “Ele está a pagar um preço tão alto pela ligação a Jeffrey Epstein. Preocupo-me com ele, sinto-me mal por ele“, afirmou a socialite.
Sobre a relação de André com Giuffre, Maxwell afirma acreditar agora que a famosa fotografia que retrata os dois juntos, quando Virginia tinha 17 anos, é falsa.
Há mais de 50 problemas com aquela foto”, disse a Barak. “Não acredito que seja uma fotografia verdadeira.”
Isto apesar de, no passado, Maxwell ter escrito num email enviado a um advogado que a fotografia lhe parecia genuína.
A ligação ao príncipe André não é a única que Maxwell aborda na entrevista. O antigo Presidente norte-americano Bill Clinton é outro dos mencionados: “Sinto que ele é outra das vítimas, por causa da ligação ao Jeffrey. Percebo que ele, como outros, já não me possam considerar como amiga.” A exceção, diz, é Donald Trump, que não renegou a amizade entre ambos: “Fiquei muito sensibilizada por ele se lembrar de mim e desejar-me tudo de bom.”
Apesar de manter publicamente que é inocente, Maxwell reconhece na entrevista que ter conhecido o milionário Jeffrey Epstein foi “o maior erro” da sua vida. “Obviamente que, se pudesse voltar atrás, evitaria conhecê-lo”, afirma, comparando a sua situação à de várias mulheres que “tiveram relações com homens sobre as quais olham para trás e pensam ‘Em que é que eu estava a pensar?'”.
Para sustentar a sua inocência, a socialite aponta a data de 2006, quando Epstein foi investigado pela primeira vez por suspeitas de crimes com raparigas menores de idade, como a primeira altura em que se sentiu desconfortável na relação. Mas não dá mais pormenores, justificando-se com o recurso judicial que está a correr nos tribunais.
Para além da versão impressa publicada no Daily Mail, será exibida uma versão televisiva da entrevista na ITV, no Reino Unido, e na CBS, nos Estados Unidos. Ambas serão emitidas na próxima segunda-feira.