O ministro da Administração Interna assegurou esta segunda-feira que “não há nenhuma alteração” de alerta referente a um ataque terrorista no quadro do Espaço Shengen, na sequência da decisão de França em reintroduzir os controlos fronteiriços.

“Só as autoridades francesas o poderão dizer, mas não há nenhuma alteração do alerta de ameaça terrorista no quadro do espaço Shengen”, afirmou José Luís Carneiro.

O governante, que falava aos jornalistas em Badajoz (Espanha), após uma reunião com o ministro do Interior de Espanha, Fernando Grande-Marlaska, no Centro de Cooperação Policial e Aduaneira (CCPA) do Caia/Badajoz, disse ainda que “não há razões” para Portugal também fechar as suas fronteiras devido aos fluxos migratórios.

“Não há razões para ponderar essa possibilidade no quadro de Portugal. Convém que todos tenham consciência que há um conjunto de países que vivem na fronteira e nas proximidades da fronteira com a Ucrânia, nomeadamente no Balcãs Ocidentais, que se traduz numa exigência muito forte de pedidos de asilo”, explicou.

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“Está a haver dificuldades em corresponder a esses pedidos em tamanha intensidade e, naturalmente, é compreensível que os estados que vivem nessas fronteiras e próximo dessas fronteiras, procurem a adotar soluções que, digamos, permitam regular esses fluxos”, acrescentou.

O jornal Correio da Manhã noticia hoje que chegou ao Ministério dos Negócios Estrangeiros, no inicio deste mês, um alerta do governo francês a avisar que aquele país vai renunciar ao acordo de Shengen e reintroduzir os controlos fronteiriços devido a alerta terrorista.

“A França desde 2015 tem vindo por esta altura a repor, por razões circunscritas e previstas no Código Shengen, alguns controlos fronteiriços, portanto trata-se de uma prática que vem desde 2015”, recordou o ministro da Administração Interna.

O governante lembrou ainda que no decurso da pandemia de Covid-19, foi também reposta a fronteira terrestre, nomeadamente entre Portugal e Espanha, para “garantir” o controlo dos fluxos terrestres.

“Provavelmente, quando ocorrer o Encontro Mundial da Juventude [Jornada Mundial da Juventude], em Lisboa, no próximo ano, será necessário por razões circunscritas e determinadas no tempo podermos também repor essas fronteiras”, alertou.

José Luís Carneiro disse ainda que no entender de Portugal esta tomada de posição da França tem a ver com o que se “tem vindo a passar”, nomeadamente com os fluxos migratórios, “muito particularmente provocados” pelas circunstancias da guerra na Ucrânia.

No decorrer do encontro com o ministro do Interior de Espanha, Fernando Grande-Marlaska, no CCPA do Caia/Badajoz, José Luis Carneiro disse que foi feita uma avaliação do trabalho entre as autoridades dos dois países, tendo sublinhado que é “reconhecido” os seus resultados, na área da troca de informação e cooperação, bem como em ações de policiamento partilhadas.

Durante o encontro foi também feita uma “abordagem integrada” de preparação para a Jornada Mundial da Juventude, em Lisboa, existindo o “interesse” de cooperar na preparação do evento, garantido “condições de mobilidade, acolhimento e de integração” aos jovens.

Fernando Grande- Marlaska disse por sua vez aos jornalistas que Espanha está disposta a continuar a cooperar e a desenvolver projetos no âmbito da segurança com Portugal, sublinhando ainda que é “importante” manter os encontros com as autoridades portuguesas, sendo um “exemplo” o CCPA do Caia/Badajoz.