Uma das zonas da vala de escoamento de águas pluviais do bairro do 2º torrão, na Trafaria, desabou na tarde desta quarta-feira, segundo a presidente da autarquia de Almada, indicando que esta era uma situação para qual havia alertas.
“Hoje mesmo tivemos um desabamento, o que significa que os relatórios da Proteção Civil estavam certos”, disse esta quarta-feira Inês de Medeiros durante uma reunião extraordinária da Assembleia Municipal de Almada, no distrito de Setúbal, dedicada às questões da habitação e ao processo de realojamento das pessoas do bairro do 2º torrão.
Inês de Medeiros disse ainda que a autarquia “tudo fez e tudo continuará a fazer para salvaguardar a vida das pessoas, o seu bem estar e a sua integridade física” e alertou para o risco dos que ainda permanecem devido a providência cautelares que impediram a demolição das casas.
“Se acontecer alguma coisa quero saber quem se vai responsabilizar pela vida e pela integridade física dessas pessoas?”, questionou adiantando que “quem anda a instigar as pessoas para não saírem de uma situação de risco é responsável nem que sejam moralmente pelo que possa vir a acontecer”.
A 30 de setembro a autarquia iniciou um processo de demolição de casas no 2º Torrão indicando que existia o risco de derrocada das construções sobre uma linha de água que atravessa o bairro.
Antes deste procedimento, cuja a forma como tem decorrido tem vindo a ser criticada pelos moradores, oposição e organizações como a Amnistia Internacional, a autarquia declarou situação de alerta até 31 de dezembro, ativando o Plano Municipal de Emergência de Proteção Civil.
O assunto está a ser tema de debate na reunião da Assembleia Municipal, na qual estão presentes vários moradores do bairro, tendo a presidente da autarquia dado conta do desabamento de uma das zonas da vala.
O 2.º Torrão, na freguesia da Trafaria, é um bairro precário do concelho de Almada, distrito de Setúbal, com mais de três mil pessoas, que há cerca de 40 anos se começou a formar ilegalmente, uma condição que se mantém, assim como as carências habitacionais, a falta de luz, de esgotos ou de limpeza nas ruas.