Tiago Mayan Gonçalves, ex-candidato presidencial da Iniciativa Liberal, considera que depois do anúncio da saída de João Cotrim Figueiredo deve haver um momento de “serenidade” para que se “perfilem” vários candidatos à liderança e acusa o ainda presidente do partido de ter entrado em “contradição” ao apoiar de imediato Rui Rocha.
Questionado no Semáforo, da Rádio Observador, sobre a tomada de posição de João Cotrim Figueiredo relativamente a Rui Rocha, o único presidente de junta de freguesia eleito pela IL admitiu a necessidade de “apontar uma contradição”. “Tendo em conta que há a questão do tempo e de permitir ao partido o devido espaçamento e serenidade para pensar e constituir uma sucessão de liderança… se não somos o partido da personalidade e somos o partido das ideias, parece-me absolutamente incongruente os episódios que se sucederam a seguir [ao anúncio da saída]”, realçou o liberal.
Apesar de realçar que “Rui Rocha tem toda a legitimidade de se posicionar para a liderança do partido”, Mayan considera um “sinal de uma extrema aceleração” o apoio de Cotrim a uma pessoa que “não tem uma equipa apresentada e uma moção estratégica apresentada”. O ex-candidato a Belém sublinhou até ser “estranho e contraditório com o que foi a afirmação, do próprio presidente do partido, relativamente à necessidade de se demitir e criar esta oportunidade ao partido”.
“Eu não vou negar a João Cotrim Figueiredo, enquanto membro do partido, a possibilidade de fazer a sua escolha, mas o João não se pode esquecer que ainda é líder do partido“, realçou, acrescentando que “não pode ignorar que o tempo e modo como fez este apoio condiciona as escolhas dos [outros] membros do partido”.
Ainda sobre a disputa interna, coloca-se de fora da corrida à liderança da IL e realçou que “Rui Rocha tem boas características, mas as que João Cotrim Figueiredo apontou, também encontraria em Carla Castro ou em muitos outros”.
Tiago Mayan Gonçalves acredita que as explicações para a saída de João Cotrim Figueiredo estão dadas, consegue “aceitar” os motivos pessoais e políticos, mas não esconde a “surpresa” da decisão, crente de que o líder liberal tinha condições para continuar o trabalho feito até aqui. “Se o João Cotrim Figueiredo não estaria disponível para completar mais um ciclo político até 2026, então consigo compreender que antecipe a saída para permitir a uma nova liderança com serenidade e tempo inicie esse caminho do novo ciclo político.”