A Procuradoria-Geral da República (PGR) informou, esta quinta-feira, estarem em curso investigações do Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) ao caso do alegado funcionamento ilícito de “esquadras chinesas” em Portugal.

“Confirma-se a existência de investigações, dirigidas pelo Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP)”, respondeu a PGR à agência Lusa a propósito do caso denunciado publicamente pela organização não-governamental (ONG) Safeguard Defenders e que levou o líder parlamentar da Iniciativa Liberal (IL) a levantar a questão no parlamento, na presença do primeiro-ministro.

O DCIAP é o departamento do Ministério Público que investiga a criminalidade organizada mais grave, complexa e sofisticada.

No relatório divulgado em setembro, a ONG Safeguard Defenders acusou Pequim de manter meia centena de “centros de serviço policial” em vários países, que terão persuadido 230.000 alegados fugitivos a regressar à China entre abril de 2021 e julho de 2022. Três dessas “esquadras ilegais” funcionariam em Portugal, segundo a ONG, com sede em Madrid.

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O relatório da Safeguard Defenders foi divulgado em Portugal pelo líder da IL, João Cotrim Figueiredo, no final de setembro, durante um debate na Assembleia da República.

Detenções ilícitas, assédio e risco de rapto. O que diz o relatório sobre as brigadas chinesas ilegais em Portugal citado pela IL?

Na ocasião, Cotrim Figueiredo questionou o primeiro-ministro se sabia da existência de tais estruturas da polícia chinesa em Portugal, tendo António Costa respondido que desconhecia e sugerido ao líder da IL que informasse a PGR, ou seja, o Ministério Público que é o titular da ação penal.

Entretanto, a China já rejeitou as acusações de que terá criado meia centena de “centros de serviço policial” em vários países para controlar dissidentes, incluindo em Portugal.

Numa conferência de imprensa regular, o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Wenbin, defendeu na quarta-feira que as estruturas “são, na verdade, centros de serviços para chineses no estrangeiro”

Os centros servem para apoiar “um elevado número de cidadãos chineses” que não conseguem regressar à China devido à pandemia de covid-19, por exemplo, na renovação de cartas de condução chinesas, disse Wang.

O porta-voz acrescentou que as autoridades chinesas estão “totalmente comprometidas com o combate aos crimes transnacionais de acordo com a lei, observando de forma rigorosa a lei internacional e respeitando plenamente a soberania judicial de outros países”.