O Países Baixos -Estados Unidos dos oitavos de final do Mundial foi um encontro de amigos para Sergiño Dest. Formado no Ajax, cresceu em solo neerlandês ao lado de nomes como De Ligt, Jurrien Timber, Noa Lang ou Kenneth Taylor. A diferença entre Dest e os restantes é a seleção que representa. Apesar de jogar pelos Estado Unidos, Sergiño Dest tem também nacionalidade neerlandesa. O jogador do AC Milan esteve por isso a fazer de espião norte-americano nos Países Baixos, mas as informações obtidas não foram suficientes para que, no Qatar, os Estados Unidos conseguissem evitar a derrota por 3-1 que ditou o adeus ao Campeonato do Mundo.

Para Sergiño Dest, o Oceano Atlântico nunca se interpôs entre o continente europeu e o americano. Para se entender a história que liga o jogador aos Países Baixos e aos Estados Unidos é preciso olhar às suas origens. O pai do defesa, Kenneth Dest, nasceu no Suriname, antiga colónia dos Países Baixos, e, em criança mudou-se para Brooklyn, nos Estados Unidos. O The Athletic conta que Kenneth jogou futebol até o Exército Americano o chamar para servir a Guerra do Vietname. Terminado o conflito, foi deslocado para a Alemanha. Nesse período, ia por lazer a Amesterdão, onde acabou por conhecer a mãe de Sergiño, uma mulher neerlandesa também com origens no Suriname.

Da união entre os dois, a 3 de novembro de 2000, nasceu Sergiño Dest que viveu a infância em Almere, nos Países Baixos. Kenneth Dest, ao The Athletic, disse que, na escola, Sergiño era muito sociável, mas que a confiança que não demonstrava junto das outras crianças, demonstrava com a bola nos pés. Ainda longe de ter qualquer ligação aos Estados Unidos, país que só visitou aos 14 anos, Sergiño idolatrava estrelas neerlandesas como Wesley Sneijder, Arjen Robben e Robin van Persie.

O defesa começou a jogar no Alemere City FC. Quando o Ajax o captou teve dificuldade em integrar-se no estilo de jogo do clube. Só nos sub-17 começou a ser titular e foi também neste escalão que Dest se tornou internacional norte-americano. Até então, não era um atleta em quem os responsáveis dos Países Baixos depositassem grandes esperanças. De resto, Kenneth Dest, devido ao seu passado no exército norte-americano, desenvolveu em Sergiño o mesmo orgulho em jogar ao serviço da nação que o próprio progenitor sentiu enquanto desenvolveu serviço militar.

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Mais tarde, no escalão de sub-20, representou os Estados Unidos no Mundial da categoria, competição em que os norte-americanos chegaram aos quartos de final. A partir daí, a relação com o país não mais se desfez. Na altura de escolher que seleção representar a nível absoluto, a escolha recaiu nos Estados Unidos, mas não sem que os Países Baixos se tenham tentado interpor. O Daily Mail conta que o então selecionador neerlandês, Ronald Koeman, tentou convencer Sergiño Dest a vestir a camisola da Laranja Mecânica. No entanto, o técnico dos Estados Unidos, Gregg Berhalter, viajou a Amesterdão para se encontrar com o jogador. A sedução resultou. Dest ficou convencido e a 16 de novembro de 2019 estreou-se num jogo oficial em que os Estados Unidos defrontaram o Canadá a contar para a Liga das Nações da CONCACAF. Gregg Berhalter revelou felicidade com a opção do defesa. “Estamos contentes por ter o Sergiño Dest connosco, é um jogador brilhante”, afirmou o técnico. Ao The Athletic, o pai de Sergiño, Kenneth Dest, confirmou que foi “o sentimento de lealdade” que conduziu à decisão.

Quando anunciou que ia representar o país de Tio Sam, Sergiño Dest falou aos canais de comunicação do Ajax, clube com o qual tinha contrato à época. “Claro que foi uma decisão difícil. Os Países Baixos demonstraram interesse, mas desenvolvi um sentimento muito forte pela seleção dos Estados Unidos nos últimos anos e acredito no plano e potencial do futebol norte-americano”.

Sergiño Dest chegou ao Mundial do Qatar após passagens por Ajax e Barcelona. Atualmente, está emprestado pela equipa blaugrana aos italianos do AC Milan. Ao serviço dos Estados Unidos, leva já 23 jogos e dois golos. Aos 22 anos, continua a ser um dos mais promissores laterais-direitos do futebol mundial.

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