O líder chinês Xi Jinping reuniu-se hoje com o Rei e o príncipe herdeiro da Arábia Saudita durante uma visita ao país, solidificando os laços com uma região crucial para o fornecimento de energia à China, quando as sanções se intensificam contra a Rússia.

Xi chegou ao palácio Al Yamama em Riade e foi recebido pelo príncipe herdeiro Mohammed bin Salman, o filho assertivo do Rei Salman, que está pronto para governar o país rico em petróleo nas próximas décadas. Xi Jinping apertou a mão ao príncipe enquanto uma guarda de honra a cavalo carregava bandeiras saudita e chinesa.

Não ficou imediatamente claro no que Xi se concentrou nas suas discussões, embora tenha escrito numa coluna no jornal Al Riyadh que “as trocas entre a China e os Estados árabes datam de há mais de 2.000 anos”. Na coluna também citou um ditado do profeta islâmico Maomé: “Busque conhecimento mesmo que você tenha que ir tão longe quanto a China”.

“O povo árabe valoriza a independência, opõe-se à interferência externa, enfrenta a política de poder e a arrogância, e sempre busca progredir”, descreveu Xi no artigo.

Jinping também referiu que os países do Conselho de Cooperação do Golfo, que inclui o Bahrein, Kuwait, Omã, Qatar, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos, servem como “um tanque de energia para a economia mundial”. A China, maior importador de petróleo bruto do mundo, depende fortemente do petróleo saudita, pagando dezenas de bilhões de dólares anualmente ao reino.

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Os média estatais sauditas divulgaram um vídeo silencioso de Xi e o príncipe Mohammed no palácio, com uma grande foto do Rei Salman ao fundo. Outro vídeo mostrou Xi, mais tarde, conversando com o monarca de 86 anos, e assinando documentos ao seu lado. Muitas autoridades sauditas usaram máscaras nesta reunião.

As autoridades sauditas disseram mais tarde que foram assinados acordos entre as nações, incluindo alguns envolvendo a empresa de tecnologia chinesa Huawei em computação em nuvem, ‘data centers’ e outros empreendimentos de alta tecnologia. Os Estados Unidos já alertaram os seus aliados árabes do Golfo, entre eles a Arábia Saudita, sobre trabalharem com a Huawei, devido a preocupações de espionagem.

Xi e o Rei Salman também concordaram em realizar reuniões entre os líderes dos dois países a cada dois anos, informou a agência de notícias estatal chinesa Xinhua.

A agência informou mais tarde que Xi reuniu-se com o líder militar sudanês, general Abdel-Fattah Burhan, após um acordo na segunda-feira para estabelecer um Governo de transição liderado por civis após o golpe militar no ano passado. No entanto, nenhum cronograma foi definido e o acordo provocou novos protestos na passada quinta-feira naquele país africano.

Os Estados do Golfo Árabe estão a tentar equilibrar a sua política externa enquanto os Estados Unidos voltam a sua atenção para outras partes do mundo.

A guerra da Rússia contra a Ucrânia — e a postura endurecida do Ocidente em relação a Moscovo — também deixou os países árabes a querer consolidar os laços com a China. Para o príncipe Mohammed, receber Xi aumenta o seu próprio prestígio internacional, depois de ter sido ligado ao assassinato do jornalista do Washington Post, Jamal Khashoggi.

Além das compras de petróleo da China, a sua experiência na construção civil também pode ser aproveitada para a cidade futurista de Neom, planeada pelo príncipe Mohammed, no valor de 500 biliões de dólares norte-americanos, no Mar Vermelho. As construtoras chinesas já trabalharam noutros países árabes do Golfo Pérsico, principalmente no emirado do Dubai.

A Arábia Saudita, que abriga os locais mais sagrados do Islão, também forneceu cobertura política à China pelas suas duras políticas em relação à minoria uigure e outras minorias muçulmanas. Mais de um milhão de membros desta minoria foram enviados para centros de detenção, forçados a denunciar o Islão e jurar fidelidade a Xi e ao Partido Comunista Chinês.