Atualizado às 13h10 com relatório da Agência Portuguesa do Ambiente sobre armazenamento das barragens após chuvas.
O nível das águas em Alqueva subiu mais de 2 metros desde o início de dezembro. De acordo com informação prestada ao Observador pelo presidente da EDIA (Empresa de Desenvolvimento e Infraestruturas do Alqueva), a maior albufeira do país aumentou o seu armazenamento em cerca de 400 metros cúbicos. José Pedro Salema indica que a cota está atualmente a 72% da capacidade, mais 10 pontos percentuais que em novembro. Esta é uma informação de quarta-feira ao final do dia que, acrescenta o gestor, ficará rapidamente desatualizada porque a “cota ainda está a subir rapidamente em resultado dos importantes caudais afluentes (na ordem dos 1.500 m3 por segundo).”
De acordo com dados citados pelo jornal Público da Confederação Hidrográfica do Guadiana, o volume de água entrado no Alqueva entre 1 de dezembro e esta quarta-feira atingiu 379 milhões de metros cúbicos, dos quais 200 milhões de metros cúbicos chegarem em apenas 24 horas. Trata-se de um valor de muito superior à média ao ritmo histórico de entrada água naquela barragem e é explicado pela chuva intensa que caiu nos últimos dias e ainda porque o nível de água nos solos tinha vindo a ser reposto pela pluviosidade verificada em outubro e novembro que permitiu um maior volume de escorrências para as albufeiras.
O reforço da maior reserva de água do país está em linha com a situação da generalidade das albufeiras que, graças à intensa chuva que caiu sobretudo na última semana, parecem finalmente estar a recuperar de uma seca histórica que levou a uma paragem sem procedentes no uso de água para outros fins que não o abastecimento do consumo humano.
A Agência Portuguesa do Ambiente (APA) atualizou o estado das albufeiras em Portugal na sequência da forte precipitação que ocorreu entre os dias 12 e 14 de dezembro e que permitiu um reforço de 785 hectometros cúbicos elevando a 72% o nível de armazenamento face à capacidade total. É um reforço significativo face aos 65% verificados até essa data. No entanto, das 71 barragens acompanhadas pela APA, ainda há 18 que têm disponibilidades abaixo dos 50% e 14% estão abaixo dos 40%.
A recuperação das reservas de água aconteceu em quase todas as bacias hidrográficas a nível nacional, com destaque para as bacias do Vouga (mais 20%), Mondego (mais 14%), Tejo (mais 17%), sotavento algarvio (mais 10%) e Guadiana (mais 7%). Um dos exemplos destacados pela APA é da barragem do Maranhão (no Alto Alentejo) que estava apenas a 26% há uma semana e que subiu mais de 13,6 metros. Esta barragem usada para a rega teve já de fazer descargas. Outro exemplo referido é a Varosa cujo nível aumentou mais de oito metros.
Sete barragens fizeram descargas controladas para acomodarem mais água
Para além do Maranhão, as barragens do Alto Lindoso (Lima), Caniçada (Cávado), Aguieira e Fronhas (Mondego), Castelo de Bode (Zêzere) e Póvoa e Meadas (ribeira de Nisa/Tejo) tiveram de fazer descargas controladas para recuperar poder de encaixe face aos eventos de forte precipitação de novembro e dezembro.
A APA sublinha a precipitação significativa que se verificou na região sul e que permitiu recuperar algumas albufeiras graças à saturação de água no solo. No entanto, alerta para uma recuperação lenta das águas subterrâneas e assinala que não existe ainda recuperação nas albufeiras da Bravura e Odelouca (barlavento) e na bacia do Mira e do Sado (no litoral alentejano). Nestas albufeiras, o
Esta quarta-feira, o ministro do Ambiente, Duarte Cordeiro, revelou que das 15 barragens onde a produção hidroelétrica estava suspensa até assegurar uma reserva estratégica de água, apenas uma mantém as restrições. O caso do Alto Rabagão no concelho de Montalegre é explicado por se tratar de uma barragem situada a uma elevada altitude, o que limita o número de escorrências que recebe.
Depois da chuva, só a barragem do Alto Rabagão ainda mantém limites à produção de eletricidade
Esta quinta-feira o Instituto Português do Mar e da Atmosfera publicou o relatório de monitorização da seca relativo ao mês de novembro, segundo o qual 28% do território ainda se encontrava aquela data em seca, com o interior do Baixo Alentejo e o sotavento algarvio a estar em seca severa. Tinham saído da situação de seca meteorológica toda a região do norte e do centro, com destaque para a faixa litoral. Este diagnóstico exclui ainda o efeitos dos fenómenos intensos de precipitação registados em dezembro.