Na madrugada do próximo domingo, entra em vigor o horário de verão — e para que tal aconteça os ponteiros do relógio vão avançar uma hora. Em Portugal Continental e no arquipélago da Madeira, quando forem 1h00, os ponteiros devem passar para as 2h00. Já no arquipélago dos Açores, a alteração ocorre às 0h00, passando a ser 1h00. A mudança de hora, implementada durante a Primeira Grande Guerra, acontece no último domingo do mês de março e no último domingo do mês de outubro (quando entra em vigor o horário de inverno de que agora nos despedimos).
O objetivo de criar dois horários anuais diferentes foi o de poupar na iluminação das casas e das fábricas, uma vez que em 1916 — ano em que se implementou pela primeira vez o horário de verão — imperava uma economia de guerra. Apenas em 1974, contudo, é que o duplo horário foi adotado de forma definitiva. Com a crise energética de 1973, foi necessário racionar produtos como a gasolina e a hora de verão permitia um menor consumo de eletricidade e combustíveis por haver mais uma uma hora de luz solar.
EUA querem mudança mas União Europeia desiste da ideia
Atualmente, vários países têm ponderado manter ou não o duplo horário, uma vez que, graças à vulgarização das lâmpadas e da luz artificial de baixo custo energético, não é necessário implementar uma hora de verão para aumentar a produtividade. Os EUA são um desses exemplos. No ano passado, o Senado aprovou uma proposta de lei para manter de forma permanente a hora de verão. Porém, quando a proposta chegou à Câmara dos Representantes, vários membros mostraram-se hesitantes. No início de janeiro, a proposta foi suspensa com o fim do 117º Congresso.
De acordo com o Washington Post, nos últimos anos pelo menos 19 estados promulgaram leis ou resoluções que lhes permitem impor um horário permanente. Para que tal poder se possa concretizar, é necessário que o Congresso aprove uma lei que suspenda o duplo horário. O senador republicano da Florida, Marco Rubio, que esteve por trás da proposta de lei do ano passado, apresentou nova versão da medida para que esta passe. “Este ritual de mudar a hora duas vezes por ano é estúpido“, afirmou Marco Rubio, citado pela CBS News.
A maioria dos países — cerca de 70 — que mantêm um duplo horário localizam-se no Ocidente. Na Ásia, na América do Sul e em África a maioria dos países têm apenas um horário durante todo o ano. Também os países próximos do linha do equador o fazem, uma vez que o número de horas com luz solar mantém-se relativamente igual ao longo do ano.
Na União Europeia, foi apresentada em 2018 uma proposta para terminar com a mudança horária. A medida surgiu pela mão da Comissão Europeia e tinha o apoio do Parlamento Europeu, mas nunca saiu do papel: a divergência de opiniões entre os diversos países acabou por levar à suspensão de uma decisão final. No caso de Portugal, manter a hora de verão durante todo o ano significaria que o sol nasceria apenas perto das 9h00 no mês de dezembro.
Hora de Verão: menos crime, menos acidentes, mais poupança
A manutenção da hora de verão, segundo o Departamento de Transportes dos Estados Unidos da América, citado pela NBC Chicago, tem reflexo em vários setores da sociedade, da energia à criminalidade.
Em primeiro lugar, está a poupança de energia, uma vez que o sol se “despede” uma hora mais tarde, o que desde logo permite adiar o uso de eletricidade para iluminar os edifícios. A claridade natural também faz com que as fiquem na rua até mais tarde – e os eletrodomésticos não são utilizados tanto tempo. Além disso, nos meses de verão, a maioria das pessoas irá acordar de dia e, consequentemente, também não seria necessário iluminar as casas de manhã.
As autoridades norte-americanas explicam também que a hora de verão ajuda a prevenir acidentes de viação, uma vez que se conduz maioritariamente durante o dia e com melhores condições de visibilidade.
Por último, também a taxa de criminalidade desce, uma vez que as pessoas realizariam menos atividades depois do sol se pôr, período em que ocorrem mais crimes.