Os sócios do Desportivo das Aves 1930, da Divisão de Honra da Associação de Futebol do Porto, aprovaram no sábado o acordo negociado junto do Vilafranquense SAD para que o clube da II Liga utilize o seu estádio.
Fonte dos avenses revelou este domingo à agência Lusa que os contratos e documentos estabelecidos entre as duas partes foram ratificados por maioria numa Assembleia Geral extraordinária realizada na Vila das Aves, freguesia do município de Santo Tirso, sendo alvo de apenas oito abstenções e quatro votos contra num universo eleitoral de praticamente 200 associados.
Em discussão estava uma proposta de arrendamento do Estádio do CD Aves durante um período de 10 anos pelo emblema de Vila Franca de Xira, concelho do distrito de Lisboa que está localizado a 320 quilómetros da Vila das Aves, pertencente ao distrito do Porto.
O Aves 1930 vai pronunciar-se oficialmente nos próximos dias relativamente à aprovação do acordo com o Vilafranquense SAD, que entra em vigor já a partir da próxima época e permite aos unionistas solucionarem o processo de venda da sua licença de participação na II Liga, além de assumirem o controlo de todas as camadas jovens do clube nortenho.
O futebol profissional volta a estar no horizonte da Vila das Aves três anos após o ‘adeus’ à I Liga do atual líder da Série 4 de manutenção na Divisão de Honra distrital portuense, que continuará a gerir as suas equipas de futsal e vai abrir uma secção de basquetebol.
Em 24 de março, o Desportivo das Aves 1930 reconheceu estar em conversações com o Vilafranquense SAD para a utilização do seu estádio, numa fase em que tenta resolver o impedimento de inscrições de novos atletas determinado pela FIFA há duas temporadas.
O quinto classificado da II Liga, com 41 pontos, a 10 da zona de promoção direta à I Liga, mas com menos um jogo, tem competido na condição de visitado em Rio Maior, situado a 50 quilómetros de Vila Franca de Xira, desde a subida ao segundo escalão, em 2018/19.
Devido à falta de condições para as partidas das competições profissionais do Campo do Cevadeiro, que chegou a ser utilizado na Taça de Portugal, a autarquia ribatejana já tinha aprovado o projeto de construção de um novo recinto, mas o processo continua parado.
A administração estava determinada em deixar Vila Franca de Xira, quatro anos após ter adquirido o Vilafranquense por 1,8 milhões de euros (ME), sendo que os sócios do clube fundador aprovaram em 2022 a venda de uma participação de 10% detida na sociedade.
Já o Desportivo das Aves SAD desistiu de competir no Campeonato de Portugal, então terceiro escalão do futebol nacional, em setembro de 2020, sendo declarada insolvente cinco meses mais tarde pelo Tribunal da Comarca de Santo Tirso, a pedido do Oriental.
Com um conjunto provisório de 17,1 milhões de euros de dívidas distribuídas por 110 credores, a sociedade então liderada pelo chinês Wei Zhao foi acumulando salários em atraso e assistiu a várias rescisões unilaterais de atletas, equipa técnica e funcionários.
Despromovido pela via desportiva à II Liga em 2019/20, o Desportivo das Aves reprovou no processo de licenciamento para as competições profissionais da época seguinte e prescindiu de recorrer para o Conselho de Justiça da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) sobre essa decisão tomada pela Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP).
As dívidas de quase 37.500 euros a três clubes estrangeiros levaram a FIFA a impedir a inscrição de novos atletas pela SAD e pelo clube fundador, que refundaria em outubro de 2020 as secções de futsal e de futebol sob a designação de Desportivo das Aves 1930.