Estava tudo preparado. Aliás, já se festejava ainda antes da hora. Antes da receção do Nápoles à Salernitana de Paulo Sousa, quando Gosens marcou o golo da reviravolta do Inter frente à Lazio, começaram a ouvir-se os primeiros foguetes no sul de Itália. Como o céu estava claro, nem se percebia ao certo onde rebentavam, só se ouviam. No entanto, a ideia estava lá – 33 anos depois do segundo título da melhor era de sempre do clube com Diego Armando Maradona no comando, o scudetto tinha chegado. Faltava “só” mais uma vitória, uma vitória que não chegou no domingo: Olivera ainda deu vantagem ao conjunto de Luciano Spalletti mas Dia, a sete minutos do final, anulou o primeiro match point dos napolitanos. Até hoje? Até amanhã?

Só faltou uma mão de Maradona: Nápoles empata com Salernitana de Paulo Sousa e festa do título fica adiada por mais uma semana

As contas eram fáceis de fazer: se a Lazio não ganhasse no Olímpico ao Sassuolo, o Nápoles era campeão; se a Lazio ganhasse mas o Nápoles pontuasse esta quinta-feira com a Udinese, era campeão. O título era mesmo uma questão de tempo e a cidade estava preparada para uma festa sem precedentes nas últimas três décadas. Para se ter noção do impacto do que estava em causa, o golo de Oliveira contra a Salernitana provocou um pequeno sismo de magnitude 2 na escala de Richter, conforme explicou ao Corriere dello Sport o Departamento de Estruturas para Engenharia e Arquitetura da Universidade de Nápoles Federico II. Para já, ficou apenas o ensaio mas a amostra era mais do que suficiente para explicar que Nápoles ia mesmo parar.

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“Vejo potencial num ciclo para o futuro mas vai depender do mercado, de como as coisas forem organizadas. Aos meus olhos, além do Sol, tenho uma boa equipa que dá boas perspetivas para o futuro de modo a que os resultados acompanhem. Sinto que tenho uma equipa que pode perdurar no futuro. Estou feliz com o trabalho que faço, a minha maior satisfação é dar ao Nápoles tudo o que merece. Este scudetto é algo que sai da caixa. Todos os que fazem parte deste sistema serão beneficiados. Não apenas o Nápoles e a cidade. Ganhar um scudetto em Nápoles é um extra do ponto de vista desportivo que me deixa confortável em qualquer posição”, comentou Spalletti na antecâmara do dia decisivo, sem mostrar especial gosto em festejar já esta quarta-feira ou na quinta-feira mas dizendo que quer apenas aquilo que falhou no último domingo.

A direção de Aurelio De Laurentiis anunciou entretanto que o Estádio Diego Armando Maradona iria abrir portas para todos aqueles que não tivessem conseguido bilhete para acompanhar a equipa em Udine. Sobre festas esta quarta-feira, nem uma palavra sendo que todos sabiam que iria rebentar de forma espontânea. Parecia quase uma espécie de superstição, aquela ideia de não falar para não puxar o “azar”. Por isso, e de forma discreta apesar dos milhares de adeptos que viram o encontro da Lazio em cafés, restaurantes ou praças da cidade, todos ficaram colados aos ecrãs a partir das 21h locais, menos uma hora em Portugal.

Apesar de ser uma equipa do norte, ainda mais a norte do que Roma, todos eram Sassuolo em Nápoles mas de pouco ou nada valeu perante a reação forte que o conjunto de Maurizio Sarri teve desde início à derrota em Milão na última jornada. Felipe Anderson, antigo jogador do FC Porto que já tinha marcado no Giuseppe Meazza, inaugurou o marcador e fez o 1-0 que se registava ao intervalo num primeiro tempo dominado pela equipa romana onde o Sassuolo não fez qualquer remate enquadrado. Ainda assim, uma possível festa estava a um golo de distância, sendo que os visitantes foram bem melhores no segundo tempo diante de uma Lazio que praticamente não rematou, subsistindo a vantagem mínima até aos descontos quando Toma Basic aumentou a o avanço para 2-0 (90+2′) e adiou em definitivo o título por mais 24 horas.