Num instante, tudo mudou. Quando Tammy Abraham colocou o Olímpico em verdadeiro delírio com um golo no quarto minuto de descontos, a Roma isolava-se na zona de acesso à Liga dos Campeões e ficava só a dois pontos do segundo lugar da Lazio. Quando Saelemaekers deitou um autêntico balde de água fria sobre o Olímpico com o empate no sétimo minuto de descontos após assistência de Rafael Leão, o AC Milan segurou as ambições do conjunto da capital e deixou ainda mais baralhadas as contas, a ponto de haver seis equipas com seis pontos de diferença a seis jornadas do final havendo só três vagas de Champions. E tudo porque a Juventus viu retirada a punição dos 15 pontos no âmbito da operação Prisma, algo que continua a ser recordado por José Mourinho – e que o técnico português já colocara como hipótese antes de acontecer.

90 minutos a dormir e uns descontos de loucos: Roma e AC Milan empatam com dois golos no tempo extra

“É o meu quarto ano em Itália, estive dois com o Inter e agora dois com a Roma, por isso, sei que aqui estas coisas são consideradas normais. Quando falo da justiça desportiva digo que está a dever-me dois jogos. Fui suspenso contra o Sassuolo e a Lazio, agora Marco Serra foi considerado culpado, mas eu não recupero esses dois jogos. Fabio Paratici foi despedido do Tottenham, agora foi ilibado, mas não pode voltar a trabalhar. A Juventus primeiro perde 15 pontos, depois ganha 15 pontos… Não sei se isso influencia, ou não, a Serie A. Sempre fiz o que Allegri disse e vi a Juventus com os 15 pontos. É divertido”, ironizou Mourinho sobre essa decisão que recolocou os bianconeri na luta pela Liga dos Campeões quando estava a meio da tabela.

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O técnico que alegadamente terá recusado uma abordagem para voltar ao Chelsea pela terceira vez continua a ser um ponto de referência na liga e na própria Roma, que apesar da derrota com a Atalanta e do empate com o AC Milan mantém a esperança de poder regressar à Liga dos Campeões. “Estou mesmo a gostar de estar na Roma. Estamos a jogar bom futebol, a lutar para ficar entre os quatro primeiros do Campeonato e nas meias-finais da Liga Europa. Estou ansioso pelo final da época. Mourinho? É um treinador fantástico que já ganhou muitos troféus. Ele quer sempre ganhar mais e sinto-me orgulhoso de jogar para ele. Às vezes não é fácil, ele nunca está contente, quer sempre ganhar mais e exige que melhores todos os dias, mas gosto disso. Tem mais experiência mas o José nunca muda”, destacou Matic à Sky Sports.

Agora, a deslocação a Monza para defrontar a equipa do português Dany Mota (e do mítico presidente Sílvio Berlusconi) revestia-se de uma especial importância, até pela receção ao Inter na próxima ronda. E também para assinalar esse peso, Mourinho decidiu levar para o jogo todos os jogadores incluindo lesionados que estavam em dúvida como Dybala, Wijnaldum, Smalling, Llorente, Belotti ou Karsdorp e ainda o castigado Matic (Kumbulla, que fez um rotura de ligamentos, foi o único ausente). A ideia era fortalecer um grupo que está a ser marcado pelas baixas, as contas saíram ainda piores após o jogo: além do empate, que deixou a Roma em sétimo com os mesmos pontos de Atalanta e AC Milan e a dois do Inter que está no quarto lugar (e é o próximo adversário), perdeu El Shaarawy por lesão e Çelik, expulso nos descontos, por castigo.

Ainda com alguns jogadores no banco por gestão física ou recuperação recente de lesão, casos de Dybala, Wijnaldum, Spinazzola, Smalling ou Karsdorp, a Roma até começou na frente depois de um erro primário do guarda-redes Michele Di Gregorio que foi aproveitado numa segunda vaga na área por El Shaarawy (24′) mas o Monza chegaria ao empate ainda antes do intervalo com um golo do central Luca Caldirola, a desviar de primeira ao segundo poste um livre lateral na meia direita (39′). Mourinho já tinha visto um amarelo por protestos mas tinha agora de encontrar um caminho que permitisse o regresso aos triunfos, vendo o mesmo Di Gregorio evitar o 2-1 com uma defesa fantástica de Ibañez nos últimos minutos da partida.