O Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental da (CIIMAR) coordena a criação do Biobanco Azul Português, projeto que pretende criar uma plataforma digital para agilizar o acesso às coleções de recursos marinhos e potenciar a descoberta de produtos.

Em declarações à agência Lusa, o diretor do centro da Universidade do Porto, Vitor Vasconcelos, adiantou esta terça-feira que o Biobanco Azul Português (BAP)  — um dos 10 projetos do Pacto da Bioeconomia Azul — pretende “criar uma plataforma digital para ligar os biobancos que já existem em várias instituições”.

“É importante juntar tudo aquilo que existe a nível nacional de biobancos dispersos, sejam coleções vivas, coleções conservadas, material genético ou extratos”, afirmou o diretor do CIIMAR e coordenador do BAP.

A plataforma digital permitirá reunir e disponibilizar informação sobre as diferentes coleções marinhas portuguesas, potenciando “colaborações científicas”, mas também económicas, através da utilização destes recursos para o desenvolvimento de novos produtos.

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“Queremos criar condições para que se tornem atrativos do ponto de vista não só científico, mas económico e comercial, para que se conheça que em Portugal há este biobanco e uma empresa que pretende desenvolver determinado produto pode colaborar diretamente com a instituição que detém aquele recurso vivo que a empresa quer”, esclareceu.

No âmbito do biobanco, o centro da Universidade do Porto vai contribuir com três coleções: a LEGE_CC (coleção de cianobactérias e microalgas), a CM2C — CIIMAR Microbial Culture Collection (coleção de microrganismos) e uma coleção de esponjas e cnidários, que incluem espécies de mar profundo, que está atualmente em desenvolvimento.

Coordenado pelo CIIMAR, o projeto do Biobanco Azul Português pretende também, até ao final de 2025, “otimizar recursos”, seja ao nível das campanhas oceanográficas, seja ao nível da extração da biodiversidade marinha.

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Outro dos objetivos do consórcio passa pelo “enquadramento legislativo” sobre os biorrecursos marinhos, tarefa que será coordenada pela Universidade NOVA de Lisboa.

“Vai ser feito um mapeamento da legislação nacional e internacional, mas também propostas de legislação no que diz respeito ao acesso aos biorrecursos para não termos um assalto aos nossos biorrecursos que estão fora da nossa costa mais próxima”, observou, notando que, não há informação sobre os recursos marinhos recolhidos em algumas campanhas internacionais feitas ao largo da costa portuguesa.

“Não fazemos ideia de quais os recursos recolhidos, para que são utilizados e que benefícios financeiros vêm a partir desses recursos. Vamos tentar com esta proposta de enquadramento legislativo cobrir lacunas que existem a nível internacional e nacional. Não é deixar os outros utilizarem, mas ter controlo sobre o que é recolhido e o processo que leva a produção de riqueza a partir destes recursos que, para todos os efeitos, são nossos”, destacou.

Vitor Vasconcelos afirmou que um dos desafios do projeto passa pela “confiança” entre as diferentes instituições, mas também pela “sustentabilidade” do próprio Biobanco Azul Português depois do término do financiamento.

“Este projeto financia essencialmente recursos humanos e algum equipamento, não financia investigação (…) Vejo como principal desafio, a médio prazo, a manutenção e o país achar que é importante manter os biobancos”, afirmou.

Financiado em 94 milhões de euros pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), o Pacto da Bioeconomia Azul envolve 83 instituições nacionais e visa a integração de soluções de biotecnologia azul nas cadeias de valor nacionais, potenciando a utilização sustentável dos biorrecursos marinhos para aumentar o valor acrescentado através da inovação neutra em carbono.

Do consórcio fazem parte a Universidade NOVA de Lisboa, o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), o Instituto Gulbenkian de Ciência, a Universidade de Aveiro, o Instituto Superior Técnico, o Centro de Ciências do Mar da Universidade do Algarve e dois laboratórios colaborativos, o S2Aqua e o GreenColab.