A economia portuguesa registou um excedente externo de 996 milhões de euros no primeiro trimestre, o que compara com o défice de 1.540 milhões de euros do mesmo período do ano passado, divulgou esta segunda-feira o Banco de Portugal.
Já apenas em março, o saldo das balanças corrente e de capital foi de 515 milhões de euros, o que significa mais 1.241 milhões de euros face ao mesmo mês de 2022.
Segundo o banco central, em março, a balança de bens e serviços tornou-se excedentária, tendo registado um saldo de 164 milhões de euros.
Para isto contribuiu a redução de 319 milhões de euros do défice da balança de bens para 1.823 milhões de euros, devido ao crescimento das exportações, de 911 milhões de euros, superior ao das importações, de 592 milhões de euros (mais 14,2% e 6,9%, respetivamente), assim como o aumento do excedente da balança de serviços, de 688 milhões de euros para 1986 milhões de euros (aumento das exportações e importações de serviços em 31,1% e 14,0%, respetivamente).
O Banco de Portugal (BdP) afirma que o aumento das exportações “reflete, sobretudo, o contributo das viagens e turismo, cujas exportações cresceram, em termos homólogos, 36,1%”.
As exportações de viagens e turismo totalizaram 1.636 milhões de euros em março, o que é segundo o Banco de Portugal “o valor mais elevado da série para um mês de março”.
Quanto à balança de rendimento primário, continuou com défice em março, mas reduziu-se 331 milhões de euros para 307 milhões de euros, com a “diminuição de dividendos pagos ao exterior”.
A balança de rendimento secundário manteve o excedente, mas reduziu-se em 197 milhões de euros para 450 milhões de euros, explicado pela redução da atribuição de fundos europeus aos beneficiários finais.
Quanto à balança de capital, apresentou um excedente de 208 milhões de euros, mais 101 milhões de euros face a março de 2022, “devido ao maior recebimento de ajudas ao investimento”, diz o BdP.
Na balança financeira, o saldo foi positivo em 878 milhões de euros em março, devido ao aumento dos ativos sobre o exterior (2.204 milhões de euros) superior ao incremento dos passivos (1.327 milhões de euros).
O aumento de ativos advém sobretudo dos ativos externos do Banco de Portugal em numerário e depósitos (819 milhões de euros) e do investimento direto por parte de sociedades não financeiras residentes (711 milhões de euros).
Já nos passivos, o aumento deve-se principalmente ao aumento dos depósitos de não residentes em bancos portugueses (2060 milhões de euros) e dos financiamentos obtidos por sociedades não financeiras residentes (1106 milhões de euros), mas que foi compensado parcialmente por amortizações de títulos de dívida pública portuguesa na posse de entidades não residentes (1933 milhões de euros).
Os ativos líquidos de Portugal sobre o resto do mundo foram positivos, o que se deve ao setor das administrações públicas (1.500 milhões de euros) e a outras instituições financeiras monetárias (1.100 milhões de euros). Já o banco central e as sociedades não financeiras registaram crescimento dos passivos superiores aos incrementos dos ativos (-1.600 milhões de euros e -800 milhões de euros, respetivamente).
Por fim, a dívida externa líquida de Portugal reduziu-se de 68,1% do Produto Interno Bruto (162,9 mil milhões de euros) no final de 2022 para 64,6% (158,1 mil milhões de euros) no primeiro trimestre de 2023. Este é, segundo o Banco de Portugal, o “rácio mais baixo observado desde setembro de 2007”.