A coordenadora nacional do Bloco de Esquerda manifestou-se este domingo convicta do regresso do BE ao parlamento da Madeira nas próximas eleições regionais, considerando que os partidos da direita apenas querem dividir os lugares no Governo Regional.

“Trago-vos hoje uma notícia: o Bloco de Esquerda está a crescer e vai eleger para o parlamento regional [da Madeira]”, declarou Mariana Mortágua, no Pico dos Barcelos, junto a um dos mais procurados miradouros no Funchal, na apresentação dos candidatos do BE às eleições legislativas regionais, que ainda não estão agendadas, mas devem realizar-se em setembro ou outubro.

O BE indicou o ex-coordenador regional e ex-deputado Roberto Almada como cabeça de lista e a atual líder, Dina Letra, em segundo lugar da candidatura.

A dirigente bloquista recordou que esteve na Madeira em 2015, no mesmo local, apoiando a candidatura de Roberto Almada, tendo o BE eleito dois mandatos para o parlamento regional e 19 deputados para a Assembleia da República, sublinhando que foi um ano que “marcou uma mudança de ciclo que permitiu impedir mais um governo de direita”.

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O BE está afastado da Assembleia Legislativa da Madeira desde 2019.

Mariana Mortágua classificou os candidatos de “gente de fibra que nunca teve medo de enfrentar o poder desmesurado da máquina do PSD na Madeira”, mencionando que os sociais-democratas fizeram desta região “o seu quintal, distribuindo favores, criando fortunas, mandando calar os opositores”.

Para a coordenadora do BE, “o Bloco vai voltar ao parlamento regional porque faz falta quem leve a Madeira a sério” e faça uma “oposição de combate a Miguel Albuquerque (líder do PSD e presidente do Governo da Madeira) e seja uma alternativa aos interesses instalados”.

Criticando “a voz do poder económico que manda e desmanda na Madeira”, a responsável do BE falou da “mentira do modelo” desenvolvimento implementado neste arquipélago.

“Para que serve tanto investimento imobiliário que dá tanto a ganhar a meia dúzia de construção e imobiliárias, se as pessoas não têm casa para viver?”, perguntou, mencionando que a Madeira é a terceira região mais cara do país e o Governo Regional está mais preocupado em imobiliário de luxo e em afetar moradias ao alojamento local.

Também questionou a defesa que o governo madeirense faz dos ‘vistos gold’, argumentando que “servem para lavar o dinheiro dos russos, que vêm para esconder as fortunas que ganharam com o regime de Putin [presidente da Rússia], que só servem para a especulação imobiliária”.

Mariana Mortágua enfatizou que os ‘vistos gold’ “envergonham o país, que nem o Governo da República tem coragem de os manter, mas o Governo Regional diz que quer uma exceção”.

Ainda apontou que “a Madeira e a região com maior desigualdade e pobreza do país, mas as casas são as mais caras”.

“A direita não vai travar esta loucura” e “tudo o que a direita quer — Iniciativa Liberal, Chega, CDS — é lugares no governo de Miguel Albuquerque, quer dividir o poder económico, quer dividir o negócio”, afirmou.

Mariana Mortágua insistiu nas críticas ao fim da série E dos Certificados de Aforro, argumentando que num contexto de crise generalizada, com os problemas do aumento dos juros dos créditos à habitação, ” à primeira ordem dos bancos que não queriam concorrência para os seus depósitos, o Governo suspende e altera” uma medida que valorizava as poupanças das pessoas.

“Este é o modelo do Governo do PS que não responde quando as pessoas não conseguem pagar o juro da casa que compraram e já estão com a corda no pescoço, mas depois responde e obedece aos bancos quando lhes pedem para alterar os certificados de aforro”, sublinhou.

A coordenadora disse que o Bloco está para “criticar, denunciar, exigir toda a transparência”, num escrutínio ao governo madeirense liderado por Miguel Albuquerque e do “regime de privilégios e poder económico que abraça a direita e o PS” e vai lutar por transformações e “uma vida boa — sem medo do futuro – para toda a gente”.

“Tenho a certeza que em setembro estaremos no parlamento regional”, concluiu.