Duas das mais celebradas pinturas de Paula Rego (1935-2022) vão estar expostas a partir desta quinta-feira, pela primeira vez, na sede da Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, para prestar homenagem e assinalar um ano da morte da artista.

As obras “Anjo” (1998) e “O Banho Turco” (1960) ficarão expostas até ao dia 24 de julho “como forma de homenagear uma das artistas portuguesas com maior reconhecimento internacional”, assinalou a Gulbenkian, em comunicado.

Paula Rego, “que estabeleceu uma forte relação com a Fundação desde que foi bolseira no início da década de 1960”, manifestou satisfação pública pela aquisição das obras pela Gulbenkian, em 2022, para a Coleção do Centro de Arte Moderna.

As duas pinturas não tinham sido apresentadas publicamente até agora devido ao encerramento do edifício do CAM para obras de remodelação, tendo abertura prevista para 2024.

Com a aquisição destas duas pinturas, a Fundação tornou-se a instituição privada com o maior e mais significativo conjunto de obras da artista, reunindo 37 peças entre pintura, desenho e gravura.

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Enquanto “O Anjo” sintetiza todo o programa artístico da pintora, “O Banho Turco” possui no verso um nu de Paula Rego, realizado por Victor Willing (1928-1988), seu marido e também artista.

As duas obras ficarão expostas entre 08 de junho e 24 de julho no átrio da sede da Fundação Calouste Gulbenkian, junto à escadaria principal, com entrada livre.

Adicionalmente, duas outras obras da artista podem ser vistas na exposição “Histórias de uma Coleção. Arte Moderna e Contemporânea” do CAM, a decorrer até 18 de setembro na Galeria Principal da Fundação.

Uma delas é a pintura “Retrato de Grimau” (1964), uma das primeiras aquisições para a Coleção do CAM, em 1965, e o tríptico “Vanitas”, encomendado diretamente à artista em 2006 para as celebrações do cinquentenário da Gulbenkian.

Recentemente, a revista científica “Faces de Eva” Estudos sobre a Mulher” – do Centro Interdisciplinar de Ciências Sociais da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa (CICS-NOVA) – também anunciou que a sua edição número 48 seria dedicada a Paula Rego para assinalar a data do seu falecimento, a 8 de junho de 2022.

Nascida em Lisboa, a 26 de janeiro de 1935, numa família de tradição republicana e liberal, Paula Rego começou a desenhar ainda criança, um talento que lhe foi reconhecido pelos professores da St. Julian’s School, em Carcavelos. Partiu para a capital britânica com 17 anos, para estudar na Slade School of Fine Art.

Foi bolseira da Fundação Calouste Gulbenkian, para fazer pesquisa sobre contos infantis, em 1975, e, em Londres, conheceu o futuro marido, o artista inglês Victor Willing, cuja obra Paula Rego exibiu por várias vezes na Casa das Histórias.

Em 2010, foi ordenada Dama Oficial da Ordem do Império Britânico pela Rainha Isabel e recebeu, em Lisboa, o Prémio Personalidade Portuguesa do Ano atribuído pela Associação da Imprensa Estrangeira em Portugal.

Paula Rego recebeu, em 1995, as insígnias de Grande-Oficial da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada, em 2004, a Grã-Cruz da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada e, em 2011, o doutoramento ‘honoris causa’ pela Universidade de Lisboa, título que possui de várias universidades no Reino Unido, como as de Oxford e Roehampton.

Em 2019, foi distinguida com a Medalha de Mérito Cultural pelo Ministério da Cultura.