O acordo alcançado no caso que envolve o filho do Presidente dos EUA caiu por terra. Esta quarta-feira, no tribunal distrital do Delaware, a juíza a cargo do processo rejeitou, para surpresa geral, o documento que, se tivesse sido aprovado, teria visto Hunter Biden evitar pena de prisão por crimes fiscais e posse ilegal de arma.

A decisão representa um volte-face na investigação de cinco anos ao segundo filho de Joe Biden que, desde o anúncio do acordo no final de junho, tinha sido dado por fechado. O plano passava pelo empresário norte-americano, de 53 anos, declarar-se culpado de duas contraordenações de crimes fiscais, alegadamente cometidos entre 2017 e 2018, bem como posse ilegal de arma. Além da declaração de culpa, Biden deveria aceitar submeter-se a um tratamento para o uso de substâncias, uma vez que, à data do incidente com a arma, estaria sob efeito de drogas.

Filho de Joe Biden chega a acordo e declara-se culpado de crimes fiscais e posse ilegal de arma

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Mas esta quarta-feira, numa audiência no tribunal que deveria ser apenas uma formalidade, a juíza distrital Maryellen Noreika levantou dúvidas quanto ao clausulado do acordo — em particular com uma provisão que podia ser entendida como concedendo imunidade a Hunter Biden para quaisquer crimes futuros.

Durante a sessão, a magistrada reconheceu que as questões levantadas representavam “uma pequena reviravolta” no processo, mas justificou a decisão de não “carimbar” o acordo com o facto de este conter “linugagem não-standard” e por considerar “pouco usual” o castigo aplicado ao incidente da arma. “Estou apenas a tentar levar a cabo todas as diligências cuidadosamente para me certificar de que não damos nenhum passo em falso”, explicou Noreika, citada pela CNN Internacional.

A decisão da juíza surpreendeu defesa e acusação, bem como o próprio Hunter Biden. De acordo com a comunicação social presente na audiência, as equipas de advogados chegaram mesmo a tentar redigir à pressa um novo acordo para acautelar as questões levantas.

No final da sessão, que durou cerca de três horas, a juíza acabou por conceder um prazo adicional de duas semanas para que um novo acordo possa ser apresentado, mas não se comprometeu a aceitar o futuro documento. Hunter Biden, que inicialmente deveria assumir a culpa, acabou por declarar-se inocente por agora.

As reações à decisão judicial surgiram pouco depois — sobretudo do lado do Partido Republicano que, nas últimas semanas, tem intensificado as críticas à atuação do Departamento de Justiça no caso Hunter Biden, bem como ao Presidente dos EUA e às suas eventuais ligações suspeitas aos negócios do filho.

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O líder republicano no Senado, Mitch McConnell, disse “compreender” a frustração dos membros do seu partido em torno do caso. “Há muitas pessoas na Câmara que são melhores advogados do que eu (…) mas, na medida em que parece que a administração está a tratar os democratas mais favoravelmente do que os republicanos, entendo que haja quem na Câmara esteja frustrado”, defendeu o senador, de 81 anos.

Já Troy Nehls, senador republicano do Texas, adjetivou o filho do Presidente dos EUA de “criminoso” e considerou que a decisão “mostra que ele provavelmente tem de ir para a prisão durante uns anos”.

Já o Partido Democrata reagiu com mais cautela à decisão, com a porta-voz da Casa Branca, Karine Jean-Pierre, a frisar que “Hunter Biden é um cidadão privado e este é um caso pessoal seu”. Os democratas têm também acusado os republicanos de hipocrisia e de quererem denegrir a imagem do sistema de justiça norte-americano, numa altura em que o ex-Presidente e favorito à nomeação republicana nas próximas eleições, Donald Trump, se prepara para enfrentar uma série de processos judiciais que o podem impedir de se candidatar.

O Departamento de Justiça, está também a investigar o processo de Hunter Biden ao nível federal, para tentar averiguar se o empresário violou leis federais que requeriam que se registasse como agente estrangeiro quando trabalhou na China e na Ucrânia, numa altura em que o seu pai era vice-Presidente de Barack Obama.

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