Num Grupo H em que o apuramento da Alemanha é uma questão de tempo e a Colômbia conquistou uma importante vitória na jornada inaugural, Coreia do Sul e Marrocos entravam em campo vindas de uma derrota e obviamente pressionadas nas contas da qualificação para os oitavos de final.

A principal história do jogo, porém, ficou definida assim que as duas equipas surgiram no relvado. Do lado de Marrocos, que está a realizar a estreia em fases finais de Campeonatos do Mundo, Nouhaila Benzina estava no onze inicial — o que significava que, pela primeira vez, a principal competição internacional de futebol feminino ia ver uma mulher jogar com hijab

A central de 25 anos, que joga nos marroquinos do ASFAR, tinha sido suplente não utilizada na primeira partida contra a Alemanha e foi agora titular perante a Coreia do Sul, tornando-se a primeira jogadora de sempre a atuar com hijab num Mundial. Algo que era expectável, já que Benzina joga sempre com o véu islâmico no clube que representa, e que a tem tornado uma das protagonistas mediáticas do Campeonato do Mundo que está decorrer na Austrália e na Nova Zelândia — algo que provavelmente a tem afastado dos jornalistas e da comunicação social.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

A utilização do hijab foi aprovada pela FIFA em 2014, depois de um processo moroso e complexo que chegou a envolver a desclassificação do Irão num jogo de qualificação para os Jogos Olímpicos, mas está longe de ser um assunto consensual: em França, há poucos meses, o Supremo Tribunal decidiu a favor da proibição do véu islâmico no futebol. Do outro lado do mundo, porém, Nouhaila Benzina fez história.

Ela e e a própria seleção de Marrocos. No jogo propriamente dito, Ibtissam Jraïdi abriu o marcador ainda dentro dos 10 minutos iniciais e fez o primeiro golo marroquino num Campeonato do Mundo, acabando mesmo por garantir a primeira vitória de sempre do país africano na competição. Com este resultado e tendo em conta que Alemanha e Colômbia ainda se cruzam este domingo, a Coreia do Sul está desde já eliminada e Marrocos colocou-se dentro das contas do apuramento.

A pérola

Como não podia deixar de ser, Ibtissam Jraïdi. A avançada de 30 anos entrou na história do futebol marroquino ao marcar o primeiro golo de sempre do país africano num Campeonato do Mundo e garantiu uma vitória que colocou a seleção completamente dentro das contas do apuramento para os oitavos de final.

O joker

Como quase sempre, Ghizlane Chebbak. A médio de 31 anos é um ícone em Marrocos, sendo a capitã do ASFAR e tendo sido eleita a melhor jogadora da CAN feminina do ano passado, funcionando como uma autêntica playmaker por onde passam todas as ideias da equipa que representa desde 2007.

A sentença

Num Grupo H cuja segunda jornada só fica concluída este domingo — no mesmo dia em que o Grupo A, por exemplo, fica completamente encerrado –, Marrocos reentrou na discussão do apuramento e vai ficar à espera de um desaire da Colômbia contra a Alemanha para discutir a passagem aos oitavos de final perante as sul-americanas na derradeira partida.

A mentira

Marrocos não foi ao Mundial só para carimbar a estreia. Depois da impressionante prestação da seleção masculina no Mundial do Qatar, que eliminou Espanha e Portugal e só caiu nas meias-finais, a seleção feminina também está a corresponder e vai chegar à última jornada da fase de grupos com possibilidades de apuramento para os oitavos de final.