De forma natural, o Grupo A do Campeonato do Mundo era o primeiro a ficar resolvido — e era também o mais complicado de resolver. Suíça, Noruega, Nova Zelândia e Filipinas entravam todos em campo com possibilidades de apuramento, sendo que ninguém tinha a qualificação garantida nem a eliminação assegurada.

Para chegar aos oitavos de final, porém, a seleção norueguesa sabia que tinha de fazer algo que ainda não tinha feito neste Mundial: marcar golos. Com uma derrota contra a Nova Zelândia e um empate com a Suíça, a Noruega tem sido uma das desilusões da competição e ainda não tinha conseguido demonstrar a sua melhor versão. Contra as Filipinas, porém, a melhor versão tinha de aparecer. Até porque a continuidade no Campeonato do Mundo dependia disso.

Ada Hegerberg voltava a ficar de fora das opções, na sequência da lesão que sofreu no aquecimento antes do jogo contra as suíças, e Caroline Graham Hansen regressava ao onze depois de ter sido suplente nessa última jornada. A Noruega abriu o marcador logo nos instantes iniciais, por intermédio de Sophie Román Haug, e a avançada da Roma bisou ainda dentro dos primeiros 20 minutos.

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Graham Hansen aumentou a vantagem à passagem da meia-hora, Alicia Barker fez autogolo já na segunda parte, Guro Reiten fez o quinto golo na conversão de uma grande penalidade e Román Haug fechou as contas ao carimbar o hat-trick já no período de descontos. Depois de dois jogos que deixaram muito a desejar, a Noruega soltou-se na última jornada da fase de grupos e reencontrou-se a tempo, impondo um domínio avassalador que lhe permitiu carimbar o apuramento para os oitavos de final através do 2.º lugar — beneficiando do empate sem golos entre a Suíça e a Nova Zelândia.

Titular devido à lesão de Hegerberg, a jovem Sophie Román Haug tem sido uma das figuras da Noruega (sempre a par de Graham Hansen) e foi crucial para a goleada perante as Filipinas. A avançada de 24 anos chegou à Roma em 2022, batendo recordes de transferências no país de origem, e conquistou a Supertaça italiana na última temporada. A adaptação tem sido praticamente perfeita — até na língua, já que se tornou quase fluente em italiano em pouco mais de um ano.

A pérola

Mais uma vez, Caroline Graham Hansen. A jogadora do Barcelona recuperou a titularidade depois de ter sido suplente utilizada contra a Suíça — e de ter mexido com o jogo no instante em que entrou em campo — e foi novamente o melhor elemento da Noruega, marcando um golo e demonstrando sempre uma qualidade muito acima da média.

O joker

Sofreu um penálti, converteu o penálti e foi um elemento constante na movimentação ofensiva da Noruega. Guro Reiten é titular habitual na seleção nórdica e assinou uma exibição muito positiva contra as Filipinas, prolongando no Mundial o que tem vindo a cumprir no Chelsea — onde está desde 2019, conquistando quatro Campeonatos e disputando uma final da Liga dos Campeões.

A sentença

As Filipinas estão eliminadas do Campeonato do Mundo. Depois da histórica vitória contra a Nova Zelândia, com um golo inédito de Sarina Bolden, a seleção asiática não conseguiu tornar-se a primeira estreante a chegar aos oitavos de final e deixa o Mundial com uma goleada e um jogo onde sofreu mais do que jogou. O Grupo A está assim concluído: a Suíça ficou no 1.º lugar com cinco pontos, a Noruega apurou-se no 2.º lugar e com quatro pontos, os mesmos que a Nova Zelândia, beneficiando da diferença de golos, e as Filipinas ficaram no 4.º lugar com um ponto.

A mentira

A Noruega não é uma carta fora do baralho. Depois de uma exibição muito pobre contra a Nova Zelândia e de uma falta de eficácia atroz contra a Suíça, a seleção nórdica recuperou a sua melhor versão contra as Filipinas e deixou bem claro que é uma candidata a chegar longe no Campeonato do Mundo.