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Por vezes, há nomes que, não sendo maiores que o futebol, são, pelo menos, sinónimo dele. Marta está nesse nível. Por isso, há despedidas que deixam falhas irremediáveis, buracos que não se podem tapar. Marta não é substituível e, no momento de dizer adeus, foi igual a si própria.

“Nem nos meus piores pesadelos foi o Mundial que imaginava”, começou por dizer após a eliminação do Brasil do Mundial perante a Jamaica no grupo F. “Vimos seleções que vinham ao Mundial e que perdiam por sete, oito ou dez. Agora, jogam de igual para igual com os grandes. Isso mostra que o futebol feminino está a crescer, que o futebol feminino é um produto que dá lucro. Então, continuem a apoiar. A Marta acaba aqui, não há mais Mundial para a Marta. Estou muito contente por ter jogado mais um. Para as minhas colegas é só o começo, para mim, é o fim da linha”.

A derrota contra a França, na segunda jornada, tinha deixado o Brasil no terceiro lugar do grupo. No jogo decisivo, contra Jamaica, equipa que já tinha empatado com as gaulesas, a seleção canarinha sabia que, se vencessem, seguia para os oitavos. Caso contrário, a participação brasileira no Mundial podia ficar por aqui. Nessa indecisão sobre o futuro, Pia Sundhage, a selecionadora, lançou Marta no onze inicial. 

A jogadora seis vezes melhor do mundo anunciou que o Mundial da Nova Zelândia e da Austrália seria o seu último. Jogando de início, a número dez do Brasil procurava ser a primeira pessoa a marcar em seis Campeonatos do Mundo. Na conferência de imprensa de antevisão ao encontro, Marta emocionou-se ao recordar os caminhos que abriu no futebol feminino.

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“Sabem o que é bom? Eu não tinha uma ídola no futebol feminino. Os jornalistas não falavam sobre o futebol feminino. Como é que ia entender que podia ser jogadora ou chegar à seleção, sem ter uma referência? Hoje a gente sai à rua e os pais dizem-nos ‘a minha filha quer ser igual a você’. Hoje temos as nossas próprias referências. Isso não teria acontecido sem superarmos obstáculos. É uma luta contínua. Pedimos muito que a nossa geração continue assim”, discursou Marta destacando o papel das mulheres.

Marta esteve perto de marcar na fase inicial do encontro. Um golo numa tão prematuro podia ser o incentivo necessário para que a Jamaica começasse a abrir brechas no muro que montou em frente à baliza. Na frente, a Jamaica voltou a contar com Khadija Shaw, jogadora do Manchester City que regressou após castigo.

A Jamaica mostrava a organização e continha todas as investidas da canarinha. Marta saiu a dez minutos do fim quando o Brasil tentava desesperadamente o golo que evitasse a eliminação, momento que acabou por nunca acontecer.

A pérola

  • Melhor do mundo em 2006, 2007, 2008, 2009, 2010 e 2018, melhor marcadora de sempre em Mundiais femininos, uma referência na luta pela igualdade de género: Marta.

O joker

  • A guarda-redes da Jamaica, Becky Spencer, conteve todas as tentativas levadas a cabo pelo Brasil para marcar. Contou com forte ajuda de todo o setor defensivo, mas, na hora da verdade, foi ela que pôs as mãos no fogo para segurar o empate.

A sentença

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A mentira

  • No início do Mundial, as jogadoras da seleção brasileira disseram que queriam fazer com Marta ou que a Argentina fez com Messi no Mundial do Qatar, ajudando uma das referências da modalidade a conquistar a mais importante prova de seleções. Não foi possível.