Depois de beneficiar das escorregadelas dos Estados Unidos para terminar no primeiro lugar do grupo onde também estava Portugal, os Países Baixos escaparam à favorita Suécia e cruzaram com a África do Sul nos oitavos de final do Mundial feminino. Por um lado, as neerlandesas eram as claras candidatas ao apuramento; por outro, as sul-africanas traziam na bagagem a qualificação histórica após uma vitória in extremis contra Itália.
“Vai ser mais uma luta entre um país alegadamente mais acessível, porque há muita gente que considera a África do Sul um adversário acessível, e um país mais forte, não em termos de tamanho, mas em termos de história. Acho só que vai ser outra luta entre dois países que têm apenas um desejo: voar para a Nova Zelândia”, explicou o selecionador neerlandês Andries Jonker, recordando que o próximo jogo seria disputado em território neozelandês.
The @OranjeVrouwen have never lost a match in which @JillRoordNL has scored… ????????
Can South Africa change that? ????????#BeyondGreatness | #FIFAWWC
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Assim, ainda na Austrália e ainda em Sydney, os Países Baixos abriram o marcador ainda dentro dos 10 minutos iniciais, com Jill Roord a chegar ao quarto golo e a igualar Alexandra Popp e Hinata Miyazawa enquanto melhores marcadoras do Mundial — sendo que a primeira, alemã, já não está em competição. Beerensteyn aumentou a vantagem a pouco mais de 20 minutos do fim e os Países Baixos venceram a África do Sul com alguma tranquilidade para chegar aos quartos de final, ainda que a guarda-redes Van Domselaar tenha sido crucial para travar as investidas sul-africanas.
Aos 26 anos, Jill Roord é cada vez mais uma das principais figuras da seleção neerlandesa que pretende repetir o feito de 2019 — ou seja, chegar à final do Campeonato do Mundo. Acabada de se transferir para o Manchester City por 300 mil euros, um valor recorde para os citizens no que toca ao futebol feminino, tem Michael Jordan como principal inspiração e adora cinema, elegendo “Notting Hill” e “Pearl Harbour” como alguns dos filmes favoritos.
Partilha com o pai o facto de ter realizado a formação no Twente, onde também se estreou ao mais alto nível: René Roord fez toda a carreira no clube, nos anos 80, e partilhou o balneário das camadas jovens com um ainda desconhecido Marco van Basten.
You shall not pass! ????
How good was @DomselaarDaphne today! ????????@OranjeVrouwen | #FIFAWWC pic.twitter.com/KW4GgmHUjj
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A pérola
Como não podia deixar de ser, Jill Roord. Para além de ser o verdadeiro motor da equipa, funcionando como uma peça fulcral para os equilíbrios, a jogadora do Manchester City tem conquistado protagonismo devido ao Mundial menos conseguido de Van de Donk, uma das estrelas neerlandesas. Depois, tem golo: Roord já marcou quatro vezes no Campeonato do Mundo e é expectável que continue a ser uma das principais ameaças dos Países Baixos às balizas adversárias.
O joker
Foi eleita a melhor em campo e muito elogiada pelo próprio selecionador: mesmo com a vitória dos Países Baixos, a guarda-redes Daphne van Domselaar foi crucial para defender a baliza neerlandesa das investidas da África do Sul e não abrir a porta a uma eventual remontada. “Se a compararmos com outras guarda-redes, ela desenvolveu-se muito. Há quatro anos, havia guarda-redes que não conseguiam defender uma bola que fosse muito junta à trave. Agora existe esta nova geração de guarda-redes muito atléticas, que defendem essas bolas. A Daphne faz parte dessa nova geração”, explicou Andries Jonker, já depois do final do jogo, sobre a jogadora do Aston Villa.
A sentença
Com a vitória perante a África do Sul e o consequente apuramento para os quartos de final, os Países Baixos regressam à Nova Zelândia e já sabem que vão defrontar Espanha na próxima fase, sendo que as espanholas golearam a Suíça nos oitavos de final. As neerlandesas estão naquele que é teoricamente o lado mais complicado da tabela: em caso de passagem, encontram Japão, Suécia ou Estados Unidos nas meias-finais, três das grandes favoritas à vitória final.
A mentira
Apesar de não ter marcado qualquer golo e de o resultado ser auto-explicativo, a África do Sul não vendeu barata a eliminação e lutou até ao fim — daí que a guarda-redes Van Domselaar tenha sido eleita a melhor jogadora em campo. “Dissemos que vínhamos cá para lutar. Criámos oportunidades, tentámos, e a África do Sul pode estar orgulhosa desta equipa”, disse a selecionadora Desiree Ellis depois do jogo.