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Desde o início do Mundial que a equipa da casa esperava pelo tão aguardado momento em que Sam Kerr, a grande estrela da Austrália, se havia de estrear na competição. Até aos oitavos de final, diante da Dinamarca, em Sydney, a jogadora do Chelsea tinha estado afastada com uma lesão no gémeo. No primeiro jogo das Matildas na fase a eliminar, o expectável era que a atacante fosse a jogo, restava saber em que momento.

Tony Gustavsson, selecionador da Austrália, tinha alertado para uma gestão cautelosa da jogadora. “Calçar as chuteiras de novo, tocar na bola e estar com a equipa foram bons sentimentos para ela, para as outras jogadoras e para mim”, lançou o técnico de nacionalidade sueca. “Temos que falar sobre quantos minutos é que ela está apta a jogar. Estamos a considerar que o jogo pode ter 90 minutos e, potencialmente, prolongamento”.

A opção foi deixar Sam Kerr no banco de suplentes. Ainda assim, Caitlin Foord (28′) fez valer o bilhete que 75.784 pessoas compraram e adiantou a Austrália contra a Dinamarca. Não havia outra forma das Matildas jogarem que não fosse a dar espetáculo sob pena de desiludirem uma adepta que levou um cartaz para o estádio a dizer que desistiu de um bilhete para ver Taylor Swift para poder assistir ao vivo ao encontro da seleção australiana.

Se o golo de Caitlin Foord foi só encostar, tratando-se de um lance com pouco esforço de aproximação às artes performativas, o segundo golo da Austrália foi de se lhe tirar o chapéu. A bela visão de jogo de Mary Fowler voltou a evidenciar-se. A jogadora do Manchester City encontrou Van Egmond que, mesmo dentro da pequena área, teve espaço para trabalhar de costas para a baliza e entregar a Hayley Raso (71′).

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Sam Kerr estreou-se no Mundial com o resultado em 2-0 e o domínio a favorecer a Austrália. Nem Pernille Harder era capaz de criar oportunidades para uma Dinamarca que acabou por ficar de fora.

A pérola

  • Caitlin Foord encontrou no espaço entre Stine Pedersen e Janni Thomsen, jogadoras do lado esquerdo da defesa dinamarquesa, o lugar preferencial para plantar sementes de pânico. Numa equipa que abdicou de ter um clara referência ofensiva no corredor central, foi a jogadora do Arsenal que muitas vezes ocupou a zona nove.

O joker

  • Não se pode dizer que a Austrália seja propriamente uma seleção com uma média de idades elevada. Ainda assim, Mary Fowler vem-se afirmando como a cara da próxima geração do futebol australiano. Reveste-se de uma capacidade invulgar de jogar de cabeça levantada que complementa com a capacidade de definição no último terço. Ao contrário do que acontece com as criativas, não se inibe de ir ao choque nas lutas no meio-campo.

A sentença

  • Agora que eliminou a Dinamarca, a Austrália enfrenta um desafio histórico. Esta vai ser a quarta vez que as Matildas vão estar entre as oito melhores equipa do mundo. No entanto, em nenhuma das seis edições anteriores, a Austrália foi além dos quartos de final. Tem essa oportunidade diante do vencedor do França-Marrocos.

A mentira

  • Pode-se dar uma bola redonda aos australianos ou organizar-se um Mundial de futebol no seu país que o râguebi não lhes sai da essência. Por cada vez que Mackenzie Arnold, guarda-redes das Matildas, agarrava o esférico, a reposição era feita como se tivesse nas mãos um objeto oval, ou seja, em drop, um gesto técnico típico do râguebi em que se deixa cair a bola e se realiza o pontapé mal ela toca no chão. O objetivo é que a bola suba o mais possível. Normalmente, não é muito recomendável que este tipo de pontapé se realize no futebol, pois demora mais a chegar à frente, o que permite à defesa reposicionar-se para abordar os duelos aéreos.