Ir ao estádio todos os domingos à tarde é um ritual e por muito que os adeptos não sejam tão afinados como um coro, também há cânticos à capela vindos das bancadas. O FC Porto bem tentou não passar por nenhum “ai, Jesus”, o que nem sempre é fácil quando Cristo assumiu o apelido González, veio à terra jogar a extremo pelo Arouca e vigiou os seus fiéis no relvado do Estádio do Dragão. Não condenou ninguém pelos seus pecados, mas realizou alguns milagres. Foi por um triz que Toni Martínez, mesmo com toda a fezada que colocou no cabeceamento, não marcou, acertando na barra. Estava visto que a receção do FC Porto ao Arouca, na quarta jornada do campeonato, era uma tentativa de dar a missa ao Papa.

O FC Porto demonstrava algumas dificuldades na procura do jogo interior. Era no corredor direito, com Pepê e João Mário, que os azuis e brancos removiam a película de proteção que o Arouca colocara sobre os caminhos para a baliza. Taremi esperou que daquela zona lhe chegasse o cruzamento que cabeceou para o fundo das redes de Arruabarrena. Aguardou tanto que o VAR detetou que o iraniano estava em zona proibida para finalizar e anulou o lance.

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O Arouca estava compacto e atacava bem sempre que tinha oportunidade para isso. O contra-ataque em superioridade numérica resolvido por Marcano foi um sinal para o que aconteceu depois. Fábio Cardoso estava com dificuldades em matar à nascença as transições do adversário e quando o tentou fazer viu amarelo. O condicionamento levou a que o central dos dragões não pudesse arriscar o desarme sobre Cristo González que rematou para uma boa intervenção de Diogo Costa.

Fábio Cardoso entrou para o onze do FC Porto uma vez que os dragões, além de não contarem com Sérgio Conceição no banco, também não tinham Pepe devido a uma lesão muscular. Os azuis e brancos alinharam em 4x4x2 com João Mário a lateral-direito e Wendell na esquerda ,no que ao setor mais recuado diz respeito. Na frente esteve Taremi que permaneceu no plantel apesar do assédio do AC Milan. Ao lado do iraniano esteve Toni Martínez. No meio-campo, Nico González foi o jogador mais posicional e Eustáquio o homem com mais liberdade para chegar ao ataque.

Ficha de Jogo

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FC Porto-Arouca, 1-1

4.ª jornada da Primeira Liga

Estádio do Dragão, no Porto

Árbitro: Miguel Nogueira (AF Lisboa)

FC Porto: Diogo Costa, João Mário (Gonçalo Borges, 69′), Fábio Cardoso, Marcano, Wendell (Navarro, 82′), Pepê, Eustáquio (Alan Varela, 45′), Nico González (Iván Jaime, 84′), Galeno, Toni Martínez (Evanilson, 45′) e Taremi

Suplentes não utilizados: Cláudio Ramos, David Carmo, André Franco e Namaso

Treinador: Vítor Bruno (em vez do castigado Sérgio Conceição)

Arouca: Arruabarrena, Milovanov, Montero, Rafael Fernandes, Galovic, Tiago Esgaio (Moses, 90+10′), Sylla, David Simão (Eboué Kouassi, 72′), Jason (Trezza, 80′), Rafa Mujica (Puche, 72′) e Cristo (Matías Rocha, 90+10′)

Suplentes não utilizados: Thiago, Oriol Busquets, Pedro Santos e Bukia

Treinador: Daniel Ramos

Golos: Cristo González (84′) e Evanilson (90+19′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Fábio Cardoso (26′), Taremi (57′), Alan Varela (58′), Arruabarrena (62′) e Montero (85′)

O Arouca ainda não trazia qualquer derrota no campeonato para a visita ao Dragão. Uma vitória contra o Estoril e empates diante de Vizela e Portimonense davam à equipa treinada por Daniel Ramos o estatuto de invencíveis. Através de dois remates à malha lateral da baliza de Diogo Costa, um por Galovic, o outro por Tiago Esgaio, a equipa que disputou o acesso à Liga Conferência ameaçou ser feliz no Dragão. O Arouca salvaguardou-se com uma linha de cinco defesas composta por Rafael Fernandes, Galovic e Javo Montero. Os centrocampistas foram o criterioso David Simão e o todo o terreno Sylla. O ataque ficou ao encargo de Jason Remeseiro, Cristo González e Rafa Mujica.

Vítor Bruno, o treinador-adjunto do FC Porto que comandou os dragões a partir do banco de suplentes, não estava agradado com a distribuição das peças e então estreou Alan Varela ao intervalo. Também Iván Jaime se usou pela primeira vez a camisola azul e branca numa situação que estava longe de ser a que imaginava. Momentos antes do ex-Famalicão entrar, Cristo González (84′) foi um martírio para uma defesa que ficou a ver anjinhos. O extremo arouquense deixou a equipa visitante em vantagem perto do que seria aparentemente o final do jogo.

Depois, o árbitro do encontro, Miguel Nogueira, antes de dar 17 minutos de compensação, assinalou penálti sobre Taremi. O VAR alertou para um possível erro de perceção. Depois de largos minutos ao telefone com a Cidade do Futebol, o juiz decidiu reverter a decisão. Ainda assim, minutos depois Taremi voltou a cair na área e, desta vez, Galeno teve mesmo hipótese de empatar, mas Arruabarrena defendeu. Os 17 minutos acabaram por se prolongar e o dragões conseguiram mesmo chegar à igualdade por intermédio de Evanilson (90+19′). O empate mantém ambas as equipas invictas na liga, mas os azuis e brancos perdem os primeiros pontos do campeonato.