Comissão Parlamentar unânime em ouvir músicos e administração do condomínio do Stop

O centro comercial Stop, no Porto, vai continuar a funcionar por tempo indeterminado na sequência de uma providência cautelar interposta pelos proprietários à decisão da câmara de encerrar o edifício, confirmou esta sexta-feira a autarquia.

Em resposta à agência Lusa, a Câmara do Porto confirmou, na sequência da notícia divulgada pelo jornal Público, que o espaço vai continuar a funcionar e que foi interposta uma providência cautelar à decisão tomada pela autarquia de cessação do equipamento.

O jornal Público avança esta sexta-feira que as notificações enviadas pela autarquia aos arrendatários, proprietários e administração do condomínio de que têm de desocupar o espaço nos próximos 10 dias úteis “deixam de ter efeito” na sequência da providência cautelar interposta por parte dos proprietários das lojas, que prolonga “por agora a estadia de quem arrenda as mais de uma centena de frações do edifício”.

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Os músicos e artistas do Stop manifestam-se esta sexta-feira em frente à Câmara Municipal do Porto em defesa daquele “polo cultural” da cidade.

Em 8 de setembro, os proprietários e arrendatários do centro comercial Stop foram notificados pelos serviços da Câmara Municipal do Porto de que tinham até 10 dias úteis para desocupar o edifício, prazo que terminaria esta sexta-feira.

A dois dias do encerramento do Stop ainda há quem resista a retirar os seus bens

Na quinta-feira, o presidente da Câmara do Porto anunciou que a autarquia não conseguiu notificar a administração do condomínio do centro comercial Stop da intenção de fechar o espaço, pelo que o encerramento seria adiado por 10 dias úteis.

Músicos e administração vão ser ouvidos na terça-feira na Comissão Parlamentar de Cultura

De acordo com a convocatória, consultada pela Lusa, as duas associações que representam os músicos e a administração do condomínio do Stop vão ser ouvidas pelas 15h00 no dia 26 de setembro.

A audição surge na sequência de um requerimento apresentado pelo BE para ouvir os músicos, o condomínio, o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, o ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, e a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC).

Comissão Parlamentar unânime em ouvir músicos e administração do condomínio do Stop

À Lusa, fonte parlamentar adiantou na quarta-feira, que o requerimento “foi desdobrado” em seis pedidos de audições, tendo apenas sido aprovado por unanimidade pelo PS, PSD, Chega e BE ouvir os músicos e o condomónio.

A audição do presidente Rui Moreira, Pedro Adão e Silva e da ANEPC foram rejeitadas, com os votos contra do PS e os votos favoráveis do PSD, Chega e BE.

Consultado pela Lusa, o requerimento apresentado pelo BE salienta que “o encerramento abrupto, sem qualquer processo de diálogo e que não decorre de recomendação da ANEPC é uma decisão política totalmente injustificada no tempo e no modo”.

O Parlamento não deve assistir passivamente a esta situação de destruição de uma comunidade cultural e o Ministério da Cultura não pode alijar responsabilidades, dada a importância deste equipamento e a grave situação em que serão colocados cerca de 500 trabalhadores da cultura, devendo atuar de imediato na garantia da manutenção deste viveiro cultural nos moldes atuais, com as necessárias obras e atualizações de segurança, relegadas ao longo de décadas”, acrescentam os deputados do BE, José Soeiro e Joana Mortágua, no documento.

O Stop, que funciona há mais de 20 anos como espaço cultural, com salas de ensaio e estúdios, viu a maioria das suas frações serem seladas em 18 de julho, deixando quase 500 artistas e lojistas sem terem para onde ir, mas reabriu em 04 de agosto, com um carro de bombeiros à porta.