Nos dérbis luta-se por mais do que pontos. Num Benfica-Sporting qualquer uma das equipa tenta, antes de tudo, transmitir a sensação de que está mais forte do que a outra para, no final da época, poder terminar com mais títulos conquistados. Só que este dérbi era especial. Tratava-se do 100.º duelo entre as duas equipas no campeonato nacional de futsal e ninguém queria abdicar de pôr as mão na vitória.

Num campeonato tradicionalmente dominado por dois clubes (com o Sp. Braga cada vez mais a assumir-se também como candidato) não deixa de ser digno de nota que ao fim de três jornadas não exista uma única equipa que tivesse conquistado todos os pontos disponíveis. O Benfica perdeu com o Caxinas e o Sporting empatou com o Sp. Braga. Com a importância relativa que os dérbis têm na fase regular do campeonato, os leões iam à Luz depois de já terem perdido a Supertaça para o rival da Segunda Circular.

Os (muitos) confrontos ao longo do tempo dão às duas equipas um conhecimento uma da outra fora do normal. “Não há muito tempo para preparar o jogo, mas conhecemos bem o Benfica, que também nos conhece bem a nós. É só ajustar alguns detalhes em que queremos surpreender o adversário, porque no modelo de jogo, no processo ou na construção pouco há para inovar”, dizia João Matos antes do encontro.

Por isso, não deixa de ser estranho que o Benfica tenha cedido tanto espaço a Taynan no meio da grande área para, numa bola parada, deixar o Sporting na frente. Era uma vantagem justificada, pois já antes Pany tinha atirado à barra em resposta à oportunidade que o ala encarando Chishkala dispôs logo a abrir. O Benfica subiu a intensidade para tentar o golo. Dessa forma, os encarnados chegaram à quinta falta, conseguindo conter o ímpeto para que esse aspeto não fosse prejudicial.

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A intensidade do jogo, como sempre, foi elevada, ainda que a preparação tenha sido condicionada pela janela internacional que levou muitos dos jogadores em quadra às seleções. “São duas equipas que vivem o mesmo constrangimento, que é receber atletas para preparar um jogo 48 horas depois. Para quem é treinador, é o maior handicap sentido, não poder preparar e adaptar estrategicamente o jogo da melhor forma”, alertava o treinador do Benfica, Mário Silva.

As balizas não estiveram em constante sobressalto, pois a partida ficava algo encalhada nos duelos. Num desses encaixes, Zicky manobrou sobre Afonso Jesus. A bola saiu daquela luta entre pivô e fixo suficientemente enrolada para que Lúcio Rocha não a conseguisse afastar da área encarnada. Pelo contrário, o campeão europeu sub-19 por Portugal colocou Pauleta na cara de Léo Gugiel e assim os leões fizeram mais um golo.

Pauleta voltou a estar frente e frente com o guarda-redes do Benfica, mas Léo Gugiel já sabia os truques do jogador verde e branco e travou-o. O Sporting limitava-se a não cometer erros defensivos e a aproveitar as cedências dos encarnados. Taynan foi de novo deixado solto e finalizou facilmente a passe de Tomás Paçó. O resultado negativo levou Mário Silva a optar por jogar com guarda-redes avançado, papel protagonizado por Bruno Coelho. Ainda assim, foi Pany Varela que atirou à barra.

O risco que o Benfica colocou no jogo deu frutos. A ligação que Bruno Coelho tentou fazer com um jogador à boca da baliza foi suficientemente tensa para que João Matos, quando tentava a interceção, acabasse por fazer autogolo. Reduziam as águias quando sobrava pouco tempo para o fim. Os leões não só não voltaram a sofrer como ainda marcaram através de Merlim (4-1). O Sporting soma agora dez pontos, enquanto que o Benfica se fica pelos seis. Os encarnados têm apenas duas vitórias nos primeiros quatro jogos no campeonato, sendo que, pelo contrário, os jogadores de Nuno Dias parecem ter entrada na linha após o deslize na jornada inaugural.