Mais uma época, mais um duelo eterno que parece ser ainda mais eterno quando chega ao futsal. Sporting e Benfica voltavam a encontrar-se depois de uma final de Liga que caiu para os leões antes da final da Taça de Portugal que foi para os encarnados, quebrando uma série de decisões favoráveis aos verde e brancos. Até pelo que se viu na International Masters no Algarve, e mesmo entre um super Kairat que ganhou de forma clara aos dois rivais lisboetas e um Anderlecht que surpreendeu a equipa de Alvalade nos últimos segundos, sobravam sinais de confiança para os dois conjuntos no arranque de 2023/24 com a final da Supertaça.

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“Acho que chegamos bem a este jogo, no melhor momento possível dado as cinco semanas que tivemos, sabendo que vamos encontrar um adversário extra motivado até pela pré-temporada que fez. Analisamos e preparamos os jogos sabendo que podemos adaptar e ajustar alguma coisa no decorrer da partida e nesta Supertaça será igual. Todos os adversários necessitam de adaptações específicas, ainda para mais este que tem muita qualidade, apresenta várias nuances no jogo para as quais temos de estar preparados e tentar fazer algo diferente, principalmente em coisas que no passado não nos correram tão bem”, destacara Nuno Dias, técnico de um Sporting que perdeu nomes como Guitta e Erick Mendonça em relação à última época com as chegadas de Henrique Rafagnin para a baliza, Rafa Félix, Wesley e o regressado Taynan.

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“Temos confiança em conquistar este troféu fruto do trabalho que temos desenvolvido e sentimos toda a equipa preparada para o momento. Temos desconfiança fruto à qualidade do adversário e à necessidade que temos de antecipar todos os cenários possíveis para esta competição, mas muita ambição de querer ganhar. Tentamos sempre antecipar alguma coisa que se pode apresentar de novo, trabalhando dentro daquilo que é a nossa identidade mas com alguma adaptação para criar mais dificuldades ao Sporting. Aquilo que espero é uma identidade muito própria, característica do Sporting dos últimos anos e das equipa do Nuno [Dias]. Temos de ser muitos rigorosos, disciplinados e consistentes na defesa da bola parada porque eles são agressivos perante a baliza”, salientara Mário Silva, técnico de um Benfica que quase não mexeu esta época mas já poderá contar com Higor, que sofreu uma lesão grave na última temporada mas estava recuperado.

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Era neste contexto que chegava a Supertaça no Pavilhão Municipal de Sines, com o Sporting à procura da sexta vitória consecutiva após quatro sucessos contra o Benfica e um diante do Fabril e o Benfica em busca do nono triunfo na prova quebrando um jejum que perdurava desde 2016. No final, e apesar de uma entrada desastrada, foram os encarnados que conseguiram ainda ir buscar o jogo, levar a decisão para tempo extra e aproveitar o risco assumido pelos leões para conquistar a nona Supertaça da história, naquela que foi a terceira vitória consecutiva em taças nacionais após o triunfo na Taça da Liga e na Taça de Portugal.

Os leões tiveram um início verdadeiramente demolidor de jogo, chegando ao 3-0 em cinco minutos contra tudo aquilo que têm sido os dérbis recentes entre rivais. Depois de uma boa “mancha” de Henrique Rafagnin numa situação de 3×2 que deixou Bruno Coelho na carreira de tiro (1′), Taynan assinalou o regresso oficial às quadras nacionais com o 1-0 após assistência de Zicky Té no poste contrário (2′) antes de o próprio pivô internacional aumentar a vantagem num lance em ganhou em pressão alta a bola ao guarda-redes Léo Gugiel para fazer sozinho o 2-0 (3′). Mário Silva ainda resistiu em pedir um desconto de tempo que também não iria demorar muito mais mas o Sporting já tinha entretanto aumentado para 3-0 em mais um erro crasso em termos defensivos, com Henrique Rafagnin a fazer um golo de baliza a baliza por cima de Léo Gugiel (5′).

Essa paragem técnica acabou por estabilizar aquilo que era o jogo dos encarnados sobretudo com bola, tendo a partir daí uma série de lances de perigo que foram quase sempre evitados por Rafagnin ou pela trave, como aconteceu num disparo de Diego Nunes (10′). O golo parecia uma questão de tempo e foi mesmo, com o 3-1 a surgir por Jacaré num remate rasteiro onde o guarda-redes leonino não ficou bem na fotografia (12′). Estava tudo a começar a abrir e o cenário alterava-se nesse sentido com mais um golo do Benfica por Diego Nunes após lance de estratégia onde Rafagnin voltou a não parecer bem batido (16′). Até ao intervalo também os leões podiam ter voltado a marcar numa recarga de Tomás Paçó travada por Léo Gugiel no chão mas seriam os guarda-redes a terem o último duelo, com Rafagnin a travar a meia distância de Gugiel (20′).

A segunda parte recomeçou com algumas oportunidades junto das duas balizas mas com outra segurança defensiva por parte das duas equipas, que com o resultado por um golo não quiseram arriscar todas as fichas logo a abrir. Assim, seria o Sporting a aumentar a vantagem a meio do segundo tempo, já depois de Carlinhos ter acertado na trave num grande pontapé de moinho (28′), com Diogo Neves a receber um passe à mão de Henrique Rafagnin e a rematar cruzado para o 4-2 (30′). Os leões recuperavam a vantagem anímica e iam conseguindo controlar a partida de outra forma, quase à espera que Mário Silva arriscasse o 5×4 com guarda-redes avançado, com Gugiel ou Bruno Coelho. Foi assim que o Benfica reduziu com um desvio de Jacaré ao segundo poste (35′), foi assim que os minutos foram passando até ao empate a 1.10 do final por Carlinhos, numa recarga após defesa de Rafagnin que levou todas as decisões para o prolongamento.

Parte anímica à parte, os encarnados pareciam estar melhor em termos físicos no jogo e iniciaram o tempo extra com uma oportunidade flagrante na sequência de um livre com Carlinhos a atirar ao lado antes de uma ameaça por Pauleta que também passou perto do poste e mais uma “bomba” de Diego Nunes que bateu na trave da baliza leonina, algo que seria “devolvido” por Pauleta na segunda parte do prolongamento com um remate forte de meia distância que bateu no poste. As dificuldades físicas eram notórias em vários jogadores dos dois conjuntos mas foi o assumir do risco por parte do Sporting que acabou por fazer a diferença, numa perda de bola em 5×4 com Alex Merlim que permitiu a Jacaré fazer o hat-trick final (50′).