Um golo, uma assistência, uma exibição que confirmou todos os sinais de retoma que tinham sido deixados no arranque da passagem pelo Barcelona que superou até as melhores expetativas. A paragem para os jogos das seleções não afetou em nada o rendimento que João Félix estava a apresentar na Catalunha com três golos e duas assistências em 526 minutos realizados em oito jogos oficiais entre Liga e Champions e a última deslocação de Portugal à Bósnia servia quase de rampa de lançamento para a consolidação do papel que o avançado tem conseguido escrever desde que foi cedido pelo Atl. Madrid nas derradeiras horas de mercado, sendo que a questão inicial sobre aquilo que o jogador poderia acrescentar à equipa passou agora para a pergunta de como poderão os blaugrana assegurar a sua continuidade (e a de João Cancelo).

João vestiu a capa, assistiu Lamine para a história mas VAR impediu que fosse herói: Barça empata em Granada com golo anulado nos descontos

“Se os Joãos continuam assim, temos de fazer o esforço para contratá-los mas isso depende do Deco. Gosto muito do João Félix, há muito tempo, e tudo o que me perguntem por ele será sempre bom. O nosso objetivo passa por ganhar a Liga e estou encantado por ter o Xavi como treinador de um plantel com jogadores muito bons. Financeiramente, o clube está agora melhor do que quando chegámos. Ativámos algumas alavancas que nos permitem estar nesta situação. Neste momento, estamos a apresentar um orçamento que consolida a estabilidade da entidade”, assumiu Joan Laporta, presidente do Barça, numa entrevista à Catalunya Ràdio onde tentava sobretudo serenar os ânimos dos adeptos sobre o caso Negreira.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Como dá para ver, estou contente onde estou. Estou bem e confiante. Estou a atravessar um bom momento mas o mais difícil é manter o bom nível, coisa que não consegui fazer nas últimas épocas. Trabalho todos os dias para corrigir os aspetos menos positivos em mim”, tinha comentado João Félix na antecâmara da goleada da Seleção frente à Bósnia em Zenica.

“O importante é que estão a contribuir para a equipa. No caso do Cancelo é um jogador já com experiência, que tem jogado a um nível alto em várias equipas nos últimos anos. Tem bastante conhecimento do que é a sua posição. O João Félix é mais do mesmo. Mais jovem mas com experiência de Benfica, Atl. Madrid e Chelsea. São jogadores que trouxeram coisas importantes à equipa, mas é muito cedo para falar de tudo. De momento estão a ajudar-nos, que é o que importa”, apontou também o antigo internacional Deco, que chegou há alguns meses a diretor desportivo dos catalães, numa entrevista ao Mundo Deportivo.

“Há um madridismo sociológico que tem muita força”: Joan Laporta volta a falar em “campanha feroz e sem precedentes” contra o Barcelona

Num plantel com muitos jogadores de qualidade, reforçado esta temporada com nomes como Gündogan, Iñigo Martínez ou Oriol Romeu e que promoveu talentos como Lamine Yamal e Fermín López, João Félix ia ganhando o seu espaço mais descaído sobre a esquerda do ataque mas com possibilidade de jogar noutros lugares mais “invulgares”. “Temos várias variantes para lateral, se ele fecha mais ou não, dependendo da equipa adversária. Cancelo, Sergi Roberto, Balde, João Félix… Há diferentes possibilidades e temos trabalhado nelas”, comentou Xavi Hernández. Neste caso, o português jogou apenas na frente, mais uma vez descaído sobre a esquerda apesar da lesão de Lewandowski, mas fez um pouco de tudo para a vitória.

O Athl. Bilbau entrou disposto a mostrar que estava na Catalunha para lutar pela vitória, com um primeiro aviso de Iñaki Williams travado por Ter Stegen (5′). Depois, começou a aparecer João Félix, primeiro com um remate que bateu com estrondo na trave após fazer a diagonal da esquerda para o meio na área (10′), depois com uma jogada que terminou com Fermín López a obrigar Unai Simón a uma grande defesa (14′) e de seguida com mais uma tentativa que passou por cima da trave (20′). Apesar de não haver golos, as chances surgiam nas duas balizas tendo Félix e Iñaki Williams como principais protagonistas na hora da finalização.

O Barcelona teria de fazer mais para superar a boa réplica dos bascos e a segunda parte acabou por inclinar um pouco mais a partida ainda que sem golos. Mais do que isso, Xavi Hernández olhava para o banco e não via propriamente grandes soluções ofensivas para empurrar a equipa para o golo que já justificava. Lamine Yamal foi o primeiro a ser lançado a par de Ronald Araújo (60′), seguiu-se a estreia de Marc Guiu para o ataque dos catalães (79′). Foi aí que tudo mudou, a dois toques: João Félix recebeu de forma orientada e lançou o jovem avançado de 17 anos em profundidade, Guiu recebeu de forma orientada para o remate que bateu Unai Simón (80′). Em mais uma partida que parecia destinada ao nulo antes do clássico com o Real Madrid, a cantera do Barça voltou a ter um papel decisivo em mais um jogo de excelência de Félix, que tinha também feito a assistência para Lamine Yamal tornar-se o mais novo de sempre a marcar na Liga.