França, Inglaterra e outros países da Europa ocidental estão a enfrentar alguns dos ventos mais fortes registados em décadas à medida que a tempestade Ciarán atinge a costa do continente. A tempestade não afeta diretamente Portugal, mas o Continente vai sentir alguns efeitos até à manha de quinta-feira com vento que pode chegar aos 100 km/h e chuva forte.

Em França, a Météo-France alertou para ventos excecionais com rajadas de cerca de 15o km/h na Bretanha, Normandia e Pays de la Loire. No extremo noroeste do país, foi registada uma rajada de 170 km/h  (em Pointe-d-Raz. São esperadas ondas de quase 10 metros de altura. Há vários departamentos (equivalente a distritos) em alerta vermelho, o mais grave, e 22 em alerta laranja. Num deles, na Finistère no litoral da Bretanha, já foram registadas rajadas de vento 148 km/h, segundo o La Chaine Météo, citado pelo Le Figaro,

A autoridade ferroviária nacional, a SNCF, cancelou alguns comboios regionais em cinco regiões da zona Este a partir da noite de quarta-feira e, na rota dos comboios rápidos entre Paris e Rennes, foram suspensas as paragens intermédias. A circulação do TGV entre Paris-Le Mans e entre Paris e Nantes foi suspensa e os aeroportos regionais de Brest e Quimper estão sem operação. A circulação de veículos pesados na Bretanha também está suspensa. Os restaurantes estão fechados e o presidente Emmanuel Macrón apelou às pessoas para ficarem em casa.

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“É nos momentos mais calmos que devemos preparar-nos”, afirmou o porta-voz da Federação Nacional de Bombeiros, Eric Brocardi, em declarações à BFM-TV, aconselhando os moradores a ficarem em casa, fecharem bem as janelas e preparem ‘kits’ de emergência com medicamentos e lanternas em caso de falta de energia elétrica.

No Reino Unido, o serviço de meteorologia britânico emitiu alertas de mau tempo para ventos com rajadas de cerca de 130km/h ou mais nas áreas costeiras entre a noite de quarta-feira e quinta-feira. As Ilhas do Canal e o leste da Inglaterra sofrerão o maior impacto do vento e da chuva, mas grande parte do sul e sudeste será também atingida por ventos e chuvas mais fortes do que o normal.

De acordo com Rachel Ayers, do Met Office, poderão ocorrer falhas de energia na sequência de queda de árvores, constrangimentos na circulação rodoviária e o encerramento de serviços ferroviários. A última vez que se registaram ventos fortes deste nível no Reino Unido foi durante a tempestade Eunice em fevereiro de 2022, mas a meteorologista avisa que a tempestade Ciarán poderá causar ainda mais danos.

A Agência do Ambiente Inglesa, alerta que “o vento continua a ser a maior ameaça da tempestade”, aconselhou a população a preparar-se para possíveis cheias na quarta-feira, mas os piores impactos não são esperados até quinta-feira, estando a ser instaladas barreiras contra cheias no sudeste e no rio Severn, que desagua no estuário que separa a Inglaterra e o País de Gales, onde as chuvas fortes deverão ser a maior ameaça.

O serviço de meteorologia irlandês, Met Éireann, também prevê chuvas fortes, ventos fortes e chuvas nos condados do sul. De acordo com um especialista da Yale Climate Connections, Bob Henson, parece “uma tempestade que ocorre uma vez a cada poucos anos para o Reino Unido e a França”, mas poderá transformar-se numa “tempestade que ocorre uma vez numa geração”.

IPMA alerta para rajadas de 90 a 110 km/h na costa e terras altas

Segundo um comunicado do IPMA (Instituto Português do Mar e da Atmosfera), “a depressão Ciarán não afetará diretamente Portugal Continental, embora esteja prevista a passagem da superfície frontal fria que lhe está associada pelo território continental durante a madrugada e manhã de dia 2”. A previsão aponta para precipitação nas próximas horas, “por vezes forte”, em especial nas regiões norte e centro do país, acrescenta a nota.

Na quinta-feira, haverá também “um aumento da intensidade do vento, que soprará forte no litoral das regiões norte e centro, com rajadas até 90 km/h, e nas terras altas, com rajadas até 110 km/h”, podendo até superar aquele valor nos pontos mais altos da Serra da Estrela, destaca ainda o IPMA.

Prevê-se também um aumento significativo da agitação marítima a partir na costa ocidental, com ondas de noroeste “a atingir cinco a sete metros de altura significativa, e ultrapassando temporariamente sete metros”. Na região da Madeira, o efeito da depressão Ciarán irá fazer-se sentir através do aumento da agitação marítima, que será de noroeste com quatro a cinco metros de altura significativa a partir desse período.

Devido a esta situação meteorológica, o IPMA aconselha o acompanhamento das previsões meteorológicas e dos avisos.